Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

PODE-SE PREVENIR A TUBERCULOSE?



Texto de: Carla Santos¹

A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa muito antiga, também conhecida como “tísica pulmonar”, causada por uma bactéria (bacilo) chamada Mycobacterium tuberculosis. O Brasil é um dos quinze países do mundo que mais tem casos de tuberculose, e na cidade o Rio de Janeiro ocorrem em torno de sete mil casos da doença a cada ano. Anualmente, são notificados cerca de 10 milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito.

A transmissão ocorre pelo ar, quando uma pessoa saudável respira o ar contaminado por bactérias (bacilos) que foram liberados no ambiente por uma pessoa doente com Tuberculose Pulmonar, ao tossir, espirrar ou falar. Esta infecção pode ou não levar ao desenvolvimento da doença, vai depender de alguns fatores, como a imunidade, tempo de exposição, quantidade de bacilos eliminados, ventilação do ambiente.

É muito importante que todas as pessoas que residem com uma pessoa com tuberculose procurem uma Clínica de Família ou um Centro Municipal de Saúde, apesar da maioria das pessoas, mesmo quando infectadas, não evoluírem para o adoecimento. Não é necessário separar copos, talheres, roupas ou lençóis, já que a contaminação se dá apenas por via aérea, e não por objetos.

A apresentação da tuberculose pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde pública, especialmente quando há eliminação dos bacilos pela via aérea, que é a principal forma de transmissão da doença. Na TB pulmonar, o principal sintoma é a tosse (seca ou produtiva). Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório (pessoa com tosse por três semanas ou mais) seja investigado para a tuberculose. Em alguns casos, os sintomas são tão discretos que a pessoa nem percebe que está doente, demorando, assim, a procurar o serviço de saúde.

Para prevenir a doença, é muito importante identificar rapidamente os pacientes com tuberculose para tratá-los logo, reduzindo a chance de contaminação do ar e evitando-se a transmissão do bacilo para outras pessoas.

A prevenção é feita através da vacina BCG, recomendada para aplicação no primeiro mês de vida da criança. A vacina diminui as chances de desenvolver formas graves da doença, como a meningite tuberculosa, mas não é eficaz contra a tuberculose pulmonar.

Outra forma é através da prevenção secundária com isoniazida, que se chama quimioprofilaxia. A proteção é recomendada para as pessoas que convivem com a pessoa doente, seja na casa ou no trabalho e embora não estejam doentes apresentam um grande risco de adoecer. Essa proteção só é recomendada pelo profissional de saúde após a avaliação do teste PPD e do raio-X de tórax.

Objetivamente, a forma mais eficaz é a descoberta das pessoas doentes e o início rápido do tratamento. Sabemos que a tuberculose está muito ligada à pobreza, mas é importante saber que isto acontece não pela pobreza em si, mas pelas condições de vida das pessoas empobrecidas. Elas são, por exemplo, e salvo algumas exceções, as que têm maior dificuldade em conseguir o atendimento adequado quando se sentem doentes e as que vivem em casas precárias.

Para prevenir a Tuberculose é importante melhorar as condições de habitação para diminuir a chance do contágio. Se há muitas pessoas dormindo no mesmo quarto, em casas mal ventiladas e onde não bate sol, o risco de contágio é muito maior.

Dúvidas sobre a doença? Temos uma postagem que traz mais detalhes. Visualize em: http://pulmaoonline.blogspot.com.br/2017/03/

Mais dúvidas? Escreva nos comentários. Teremos o maior prazer em responder.

Outras fontes de informação segura:

http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/tuberculose

https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/tuberculose-especialista-explica-os-sintomas-o-diagnostico-e-como-se-prevenir

http://prefeitura.rio/web/sms/exibeconteudo?id=4277320



¹ Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Mês de Conscientização da DPOC



Estamos no mês de conscientização da DPOC e precisamos cada vez mais difundir informações sobre a doença e orientar a população em geral sobre os suas possíveis causas e sintomas.

A DPOC é a quarta maior causa de morte em todo o mundo, segundo pesquisas recentes. Além disso, há uma perspectiva de que passe para a terceira posição até 2030.

Trata-se de uma doença crônica e silenciosa, cujo diagnóstico, em geral, acontece tardiamente. E, por ser crônica, não tem cura, mas tem tratamento. Assim, quanto mais cedo o tratamento é iniciado, mais qualidade de vida um paciente com DPOC pode ter.

Além de evitar fatores que desencadeiam a doença, como fumaça de cigarro, entre outros, é importante evitar infecções respiratórias que agravam o quadro de saúde do paciente - o que pode ser feito com o uso adequado de vacinas, por exemplo.

Há diversos recursos para o tratamento da DPOC, medicamentos variados, fisioterapia respiratória e oxigênio de suporte para os casos mais graves. É importante que o paciente faça acompanhamento médico regular a fim de encontrar o melhor plano para o seu caso.

Dúvidas sobre a doença? Temos uma postagem que traz mais detalhes sobre o que é a DPOC e sobre o tratamento. Visualize em: http://pulmaoonline.blogspot.com.br/2017/02/dpoc.html

Mais dúvidas? Escreva nos comentários. Teremos o maior prazer em responder.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Abordagem Cognitivo-Comportamental do tabagista



Texto de: Marta da Hora Santos¹

O tabagismo é uma doença crônica não transmissível (DCNT) classificada no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrente do uso de substâncias psicoativas e sua dependência (CID 10 - F17). Sabemos que, por mais deletério que o uso do cigarro seja e que a grande maioria dos tabagistas queira parar de fumar, somente uma pequena minoria consegue a cessação sem apoio especializado.

Nesse sentido, a abordagem cognitivo comportamental, que combina intervenções cognitivas com habilidades comportamentais é fundamental para o tratamento da dependência do tabaco, pois além de estimular, preparar e acompanhar o indivíduo nesse trajeto o torna agente de mudança de seu próprio comportamento.

Existem três tipos de dependência presentes no tabagismo, que se manifestam em grau diferenciado no indivíduo: a física, a psicológica e a comportamental. O fumante ainda pode experimentar vários estágios de mudança rumo à cessação do tabagismo e que implicará no tipo de abordagem que precisa ser realizada: Pré-contemplação – O fumante não pensa em parar de fumar; Contemplação – Pensa em parar algum dia na vida; Pronto para a ação – o fumante considera seriamente que precisa parar de fumar e deseja parar nas próximas quatro semanas; Ação – o fumante para de fumar; Manutenção – o fumante parou de fumar e utiliza estratégias para permanecer abstinente; Recaída - o fumante retornou ao uso regular do cigarro.

Importante sinalizar que ao parar de fumar o tabagista fica exposto à Síndrome da abstinência que é o conjunto de sintomas desagradáveis e específicos da ausência do cigarro, ao lapso que consiste no consumo de um ou alguns cigarros de forma isolada durante o período de abstinência e à Recaída que é retorno do uso regular do cigarro. O uso combinado de medicamentos tem a finalidade de reduzir os sintomas da abstinência contribuindo assim para os resultados positivos da abordagem cognitivo comportamental no tratamento do tabagismo.

Tipos de Abordagem Cognitivo-Comportamentais:
Abordagem breve/mínima (PAAP consiste em perguntar e avaliar, aconselhar e preparar o fumante;
Abordagem básica (PAAPA) consiste em perguntar, avaliar, aconselhar, preparar e acompanhar o fumante para a cessação;
Abordagem específica/intensiva está voltada para atender fumantes que querem deixar de fumar, podendo ser realizada individualmente ou em grupo;
Abordagem dos fumantes que tiveram lapso e recaída é destinada a analisar os motivos da recaída, retornar ao processo da abordagem cognitivo-comportamental (PAAPA) e estimular nova tentativa;
Abordagem do fumante que não deseja parar de fumar está baseada nas intervenções motivacionais sistemáticas a fim de se obter a mudança no nível de motivação;
Abordagem do não-fumante é a abordagem da pessoa que convive com fumantes em casa e/ou no ambiente de trabalho.

¹
Assistente social, especialista na área organizacional, atuando em grupos de cessação do tabagismo no NETT – IDT-HUCFF/UFRJ desde 2011.