Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sábado, 15 de setembro de 2018

Tive contato com pessoa com tuberculose! O que devo fazer?


Texto de: Carla Santos¹

A tuberculose é uma doença transmitida a partir da inalação de partículas muito pequenas (aerossóis) eliminadas por pessoas com tuberculose ativa. A pessoa com tuberculose no pulmão pode transmitir o bacilo para outras pela tosse, fala ou pelo espirro. Somente pessoas com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea transmitem a doença. Vale ressaltar que a tuberculose não se transmite pelo compartilhamento de roupas, lençóis, copos e outros objetos.

Denomina-se “caso índice” o indivíduo que está com tuberculose ativa e “contato” são todas as pessoas que convivem com ele, seja no mesmo domicílio ou no trabalho, de forma esporádica ou contínua. Contatos próximos de pacientes que eliminam grande quantidade de bacilos de tuberculose têm maior risco de infecção e adoecimento. O contato direto com o paciente em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, representa maior chance de outra pessoa ser infectada com a bactéria causadora da doença.

Todos os contatos deverão ser avaliados e, caso seja confirmada a doença ativa, inicia-se o tratamento da tuberculose. Em casos específicos, onde há infecção tuberculosa (tuberculose latente), está indicada a profilaxia para diminuir o risco de adoecimento.

A atividade de controle de contatos é uma ferramenta importante para diagnosticar precocemente os casos de doença e identificar os indivíduos com maior risco de adoecer para então indicar as medidas de prevenção. O controle de contatos é realizada fundamentalmente pela atenção básica de saúde e deve ser considerada uma prioridade.



Como é o processo de avaliação dos contatos?

O caso índice deve ser entrevistado o quanto antes para identificação das pessoas que serão definidas como contatos. Sempre que possível, deverá ser feita uma visita domiciliar para melhor entendimento das circunstâncias que caracterizam os contatos identificados na entrevista do caso índice. Todos os contatos serão convidados a comparecer à unidade de saúde para serem avaliados.

Como será a avaliação?

Consiste na realização de anamnese e exame físico onde deverão ser pesquisados principalmente sintomas respiratórios. O contato sintomático, aquele que apresenta queixas que incluem tosse (às vezes, com sangue), perda de peso, sudorese noturna e febre, deverá ter sua investigação ampliada com a inclusão de radiografia de tórax e exame de escarro. Outros exames poderão ser solicitados, a depender das características de cada caso. Se o resultado do exame de escarro for positivo (baciloscopia positiva), a pessoa examinada está doente e será iniciado o tratamento.

A maioria das pessoas resiste ao adoecimento após a infecção tuberculosa e desenvolve imunidade parcial à doença. No entanto, alguns bacilos permanecem latentes, embora bloqueados pela reação inflamatória do organismo. A Prova tuberculínica (ou PPD) é um teste diagnóstico cutâneo que permite detectar se uma pessoa está infectada pelo bacilo da tuberculose.

Para quem não tem sintomas, mas tem prova tuberculínica positiva, depois de afastada doença ativa por meio de exame radiológico a decisão de iniciar tratamento para infecção latente vai depender de alguns critérios. Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomende que, em contatos, seja priorizado o tratamento de crianças e lactentes, parece haver consenso que o tratamento da tuberculose latente seja oferecido a todos aqueles indivíduos infectados que sejam considerados de alto risco para desenvolver a doença. O tratamento da infecção latente reduz significativamente o risco de desenvolvimento de tuberculose ativa e a transmissão da doença.

Em caso de dúvidas procure a unidade de saúde mais próxima da sua residência.

¹ Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

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