Pulmão

Pulmão
"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 30 de março de 2018

OMS recomenda aumentar oferta de testes e tratamento para prevenir tuberculose



A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou na quinta-feira (22) a ampliação do acesso aos testes e ao tratamento da infecção por tuberculose (TB), especialmente entre grupos que estão particularmente em risco, como crianças pequenas e pessoas vivendo com HIV. A mudança expandirá o acesso aos testes e cuidados para pessoas com infecção latente. Caso não recebam o tratamento adequado, pessoas com essa condição podem desenvolver tuberculose ativa no futuro.

“As novas orientações da OMS ajudarão os países a catalisar a prevenção da TB e contribuirão para acabar com a epidemia de tuberculose”, disse Tereza Kasaeva, diretora do Programa Global de TB da OMS. “Certificar-se de que todos possam obter o tratamento de que necessitam, para evitar que a tuberculose latente se torne uma TB ativa, salvará vidas e reduzirá o sofrimento”.

As novas diretrizes da OMS para o gerenciamento programático da infecção latente da tuberculose recomendam ações em três frentes. A primeira delas é a expansão do número de grupos priorizados para o teste e para o tratamento da infecção latente de tuberculose. Os profissionais de saúde têm priorizado testes e tratamento de pessoas vivendo com HIV e de crianças menores de 5 anos que estiveram em contato com pessoas com TB. A OMS já identificou como grupos adicionais de alto risco crianças soronegativas com mais de 5 anos, adolescentes e adultos que tiveram contato com pacientes com TB e TB multidroga resistente.

A segunda frente de atuação é a expansão das opções de teste. A OMS recomenda a ampliação dos testes para a infecção latente de tuberculose em países com alta e baixa carga da doença. O teste de tuberculina ou o interferon-gamma release assay (IGRA) podem ser utilizados para testar a infecção latente. A doença ativa deve sempre ser descartada antes da prescrição do tratamento preventivo, de acordo com as diretrizes da OMS.

A terceira é a expansão das opções de tratamento. A OMS está recomendando dois novos regimes de tratamento, mais curtos, para tratar a infecção latente por tuberculose. As drogas rifapentina e isoniazida utilizadas semanalmente por três meses podem ser oferecidas como alternativa aos seis meses de monoterapia com isoniazida como tratamento preventivo para adultos e crianças. A administração dessas duas drogas diariamente por três meses deve ser oferecida como alternativa aos seis meses de monoterapia com isoniazida como tratamento preventivo para crianças e adolescentes menores de 15 anos. Esses regimes mais curtos ajudarão os pacientes a aderirem e completarem o tratamento.

“A ampliação do tratamento preventivo para tuberculose tem sido lenta. Apenas 12 dos 30 países com uma alta carga da doença associada ao HIV notificaram a provisão de tratamento preventivo entre pessoas vivendo com HIV e apenas 13% das 1,3 milhões de crianças elegíveis receberam o tratamento preventivo em 2016”, afirmou Haileyesus Getahun, coordenador para TB/HIV e envolvimento comunitário do Programa Global de TB da OMS. “Esperamos que as novas diretrizes rompam o status quo em muitos países e contribuam para a implementação global dos esforços para a prevenção da tuberculose”.

Leia mais: https://nacoesunidas.org/oms-recomenda-aumentar-oferta-de-testes-e-tratamento-para-prevenir-tuberculose/

SIGA NOSSO BLOG!

segunda-feira, 26 de março de 2018

Tuberculose - um flagelo antigo



"Só se domina completamente uma ciência, conhecendo sua história."
Augusto Comte

Texto de: Carla Santos¹

Tuberculose é caracterizada como uma doença com forte impacto social e está intrinsecamente ligada à história da humanidade. Registros arqueológicos demonstram que o homem e o Mycobacterium tuberculosis, seu agente etiológico, convivem juntos há muito tempo. Há relatos de evidência de tuberculose em ossos humanos encontrados na Alemanha em 8000 AC e em esqueletos egípcios em 2500 AC. Em diversas civilizações antigas, a tuberculose era considerada um “castigo divino” e coube a Hipócrates o entendimento que se tratava de uma doença.

A formação de aldeias e conglomerados contribuiu para a disseminação da tuberculose, pelo maior convívio de pessoas em áreas fechadas. As guerras também permitiram que a tuberculose se espalhasse mundo afora, uma conseqüência da miséria produzida pela constante luta dos povos para aumentar seus domínios. Durante os séculos XIV e XV, os médicos da região que hoje corresponde à Itália, começam a identificar a possibilidade de a tuberculose tratar-se de uma doença contagiosa.

No Brasil, no período de colonização, foram trazidos para cá jesuítas e colonos portadores da doença que colonizaram os índios. Em cartas de Inácio de Loyola (1555) e José de Anchieta (1583) dirigidas ao Reino português, está escrito “os índios, ao serem catequizados, adoecem na maior parte com escarro, tosse e febre, muitos cuspindo sangue, a maioria morrendo com deserção das aldeias”.

No final de século XVIII e início do século XIX, com a Revolução industrial na Inglaterra, multidões de operários se concentraram nos centros urbanos, subalimentados e vivendo abaixo da condição humana e foram vitimados pela tuberculose, cuja mortalidade atingiu a 800/100.000 habitantes em Londres. Na segunda metade do século XIX, a mortalidade por tuberculose nas capitais européias chegava a 400 a 600/100.000 habitantes, cerca de 30% da mortalidade geral.

Por possuir diversas formas de manifestação e, por ter vitimado, ao longo da história, inúmeros cientistas, poetas, músicos, artistas em geral e monarcas, durante um período trazia em si certo glamour. Esses tuberculosos célebres, muitas vezes, utilizaram a doença como estímulo às suas manifestações criativas e contribuíram para conferir-lhe romantismo e dramaticidade.
Em 1882, Robert Koch descobre o agente causador da tuberculose e em 1885, Roentgten descobre a radiografia que facilita o diagnóstico e acompanhamento da doença. Naquela época, o tratamento consistia em isolar o paciente em sanatórios ou repousar em locais de clima ameno, até meados do século XX, quando começam a surgir os quimioterápicos eficazes no tratamento da tuberculose.
Não obstante a quimioterapia, na atualidade morrem anualmente de tuberculose no mundo, 1 a 1,5 milhões de pessoas, sendo que a grande maioria nos países em desenvolvimento.

Referência:
TUBERCULOSE - ASPECTOS HISTÓRICOS, REALIDADES, SEU ROMANTISMO E TRANSCULTURAÇÃO. José Rosemberg. Boletim de Pneumologia Sanitária Vol. 7, Nº 2 – jul/dez – 1999

¹ Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

sábado, 17 de março de 2018

Como dialogar com adolescentes sobre os malefícios do cigarro eletrônico



Texto por: Lisa Damour (@LDamour) – Psicóloga em Shaker Heights, Ohio, e autora de “Untangled: Guiding Teenage Girls Through the Seven Transitions Into Adulthood”.

Psicóloga orienta pais e educadores sobre as melhores formas de conduzir um debate mais produtivo com os jovens sobre vaporizadores, cigarros e outras drogas. Confira as cinco dicas.

Um relatório recente divulgado pelas Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina mostrou evidências de que os vaporizadores podem induzir os jovens a consumir cigarros convencionais.
Mas, ainda que o uso de cigarro eletrônico não leve ao interesse por outros produtos fumígenos, os pais devem se preocupar com o impacto da nicotina no cérebro em desenvolvimento do jovem e com os potenciais riscos para a saúde associados à inalação de produtos químicos aromatizados nos vaporizadores.

Portanto, seguem dicas para abordar o assunto e aconselhar o adolescente de maneira mais efetiva:

1 – Exponha os fatos
O conhecimento sobre o assunto não leva, necessariamente, a escolhas inteligentes, porque é natural do ser humano tomar decisões sabidamente insalubres, como se esquecer do protetor solar ou comer Fast food.
Porém, é importante garantir que o adolescente entenda os fatos e pense sobre os perigos potenciais de vaporizar, ter relações sexuais desprotegidas, usar drogas e assim por diante. Ainda assim, deve-se ter em mente que apenas a informação não é suficiente.

2- Se interesse pela perspectiva do jovem
Considere começar a conversa como uma curiosidade genuína. Deixando o julgamento de lado, pergunte: “Qual é a sua opinião sobre cigarro eletrônico?” ou “Seus colegas e conhecidos costumam vaporizar?”.
Descobrir o que ele já sabe sobre qualquer comportamento de risco é uma boa maneira de iniciar o debate e aumenta as chances de ele querer ouvir o que o você tem a dizer.

3 – Pergunte por que, antes de sugerir porque não
Os jovens têm suas razões para vaporizar, seja para contrariar a autoridade, ultrapassar os limites estabelecidos pelos adultos, entre outros motivos. Se a conversa abordar apenas as desvantagens do consumo, o adolescente vai facilmente descartar as opiniões contrárias.
É mais eficaz sugerir que ele reavalie suas opções e se auto protejam. Para remodelar esta abordagem, pode-se dizer: “Não é que eu não goste das suas maneiras de diversão, mas é que eu te amo”.

4 – Compartilhe suas preocupações
Para manter a confiança dos jovens, é recomendado ser honesto sobre o que se sabe e o que ainda não está claro com relação ao assunto.
Em vez de dizer “a nicotina é altamente viciante”, pode-se falar “mesmo que você não se vicie, isso pode afetar a forma como seu cérebro está se desenvolvendo. Ainda não se sabe quais são os impactos a longo prazo da inalação de produtos químicos e partículas de metal, então por que arriscar?”.

5 – Reconheça os limites de seu poder
Para não gerar incômodos e debates infrutíferos, os pais podem revelar suas expectativas ao mesmo tempo em que reconhecem seus limites de autoridade. Por exemplo, “vaping não é inofensivo, por isso eu espero que você se afaste disso. Dito isto, não tenho o poder de fazer essa escolha por você. É algo que você decidirá por si mesmo”.

Não é fácil sensibilizar os adolescentes sobre os perigos que enfrentam, mas eles se importam com o que seus pais pensam e assumem menos riscos quando as linhas de comunicação se mantêm abertas.

Fonte: https://www.nytimes.com/2018/02/14/well/family/how-to-talk-with-teenagers-about-vaping.html

sexta-feira, 9 de março de 2018

Malefícios do tabagismo materno para o bebê



87% das fumantes que engravidam não abrem mão do cigarro durante a gestação
Fonte: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2016/gravidas-fumantes-os-maleficios-do-cigarro-na-gestacao

Desde meados do século XX é conhecida a associação do uso de cigarro durante a gravidez e a prematuridade. A partir de então, inúmeros trabalhos comprovaram que a exposição à nicotina a ao monóxido de carbono tem um efeito nocivo sobre o desenvolvimento do feto. Retardo do crescimento intrauterino, prematuridade e baixo peso ao nascer são mais frequentes em filhos de mães fumantes.

Estudos recentes realizados no Reino Unido com ultrassom 4D para avaliar os movimentos sutis realizados em 20 fetos, em 4 intervalos entre a 24ª e 36ª semanas de gravidez, revelaram que fetos cujas mães eram fumantes têm um atraso no desenvolvimento dos sistema nervoso central. Os autores descobriram que os efeitos do tabagismo nos fetos de mães fumantes são semelhantes aos observados em fetos de mães altamente estressadas ou deprimidas. No entanto, os efeitos da exposição à nicotina parecem ser consideravelmente mais nocivos para o feto.

O pulmão é o órgão que mais sofre os efeitos do fumo porque absorve as substâncias químicas existentes no cigarro. Durante a gravidez, a criança fica exposta à nicotina porque mãe e filho compartilham a circulação sanguínea. Algumas dessas substâncias reduzem o calibre das artérias responsáveis por levar oxigênio ao feto, retardando o crescimento e aumentando o risco de malformações congênitas, como lábio leporino, e complicações respiratórias.

As gestantes que não fumam, devem evitar a fumaça de fumantes porque a exposição regular à fumaça, mesmo que intermitente, é prejudicial ao bebê.

Após o nascimento, além de o bebê ficar exposto à nicotina por meio do leite materno, o contato da criança com a fumaça do cigarro favorece a ocorrência de infecções de vias aéreas, reduz a capacidade pulmonar e eleva o risco de morte súbita.

Bebês e crianças expostas ao fumo têm maior probabilidade de sofrer com resfriados, sinusites, otites e doenças respiratórias como asma e pneumonia ao se tornarem fumantes passivos. O simples fato de compartilharem ambientes impregnados pela fumaça, mesmo após o cigarro ter sido apagado, já os expõe aos gases e partículas de cigarro depositadas nas superfícies (http://pulmaoonline.blogspot.com.br/2017/09/).

Lembre-se que Fumar durante a gravidez é a principal causa de morbimortalidade fetal!

SIGA NOSSO BLOG!

domingo, 4 de março de 2018

Quanto o câncer custa à economia do Brasil?



A maior parte das perdas no Brasil ocorre por causa do câncer de pulmão.

O impacto humano do câncer é bem conhecido: são mais de 225 mil mortes no Brasil a cada ano. Mas agora, um estudo inédito também mediu as perdas que esse mal impõe à economia, levando em conta o recuo na produtividade causado pelos 87 mil óbitos registrados na população economicamente ativa - ou seja, pessoas com idade entre 15 a 65 anos.

A estimativa é de que o país sofra um prejuízo de US$ 4,6 bilhões anuais, o equivalente a R$ 15 bilhões e a 0,21% de toda a riqueza gerada.

O cálculo considera a renda média dos profissionais, quantos anos deixaram de ser trabalhados e com quanto eles poderiam ter contribuído economicamente por meio de salário e emprego até o final da carreira. Não foram incluídas crianças, pessoas que estavam em idade de aposentadoria e os gastos de saúde com os doentes.

O estudo analisa as perdas causadas pelo câncer à economia dos Brics (grupo de emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e foi divulgado em fevereiro de 2018 pela publicação científica Cancer Research Epidemiology. Foram usados dados equalizados de 2012, que permitiram analisar o impacto econômico da doença para além dos indicadores triviais de incidência, mortalidade e sobrevivência.

"Se fossemos abraçar tudo (prejuízo econômico mais gastos com internação e medicamentos), estimo que as perdas totais seriam pelo menos o dobro do que avaliamos", afirma Isabelle Soerjomataram, coautora da pesquisa e membro da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês), órgão ligado às Nações Unidas.

A maior parte das perdas no Brasil ocorre por causa do câncer de pulmão, que tem o cigarro entre as principais causas. Só o custo das mortes por tabagismo foi estimado em US$ 402 milhões (R$ 1,3 bilhão) ao ano.

A obesidade também eleva o número de casos. "Taxas de obesidade que crescem rapidamente correspondem no Brasil a 2% dos casos de câncer em homens e quase 4% em mulheres. Isso aplicado aos resultados indica até US$ 126 milhões (mais de R$ 400 milhões) em perdas de produtividade por ano", diz o estudo.
Outra característica brasileira é o alto número de casos de origem infecciosa. "Em comparação com países desenvolvidos, temos uma alta incidência de tumores de origem infecciosa. É o caso do câncer de colo de útero por HPV, por exemplo,", afirma a Marianna de Camargo Cancela, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que também participou do estudo.

"Também temos incidência de cânceres típicos de países desenvolvidos. Essa transição é puxada pelo enriquecimento e envelhecimento da população", explica a pesquisadora. Com isso, no Brasil há "a coexistência de doenças típicas de países em desenvolvimento e de países desenvolvidos."

Leia Mais: http://www.bbc.com/portuguese/geral-43047430 publicado em 14 de fevereiro de 2018.

SIGA NOSSO BLOG!