Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Dia Mundial do Pulmão 2019: organizações internacionais de saúde respiratória se unem para pedir pulmões saudáveis para todos

Obs.: reprodução do texto publicado em comemoração ao Dia Mundial do Pulmão

No Dia Mundial do Pulmão (WLD), a American Thoracic Society (ATS) esteve unida a membros do Fórum das Sociedades Respiratórias Internacionais (FIRS) e organizações parceiras do Dia Mundial do Pulmão para defender a saúde respiratória globalmente e apelar aos formuladores de políticas para garantir que todos tenham acesso aos serviços necessários para melhorar sua saúde pulmonar.

As doenças respiratórias impõem um imenso ônus à saúde em todo o mundo. Os fatos são chocantes:

• 65 milhões de pessoas sofrem de doença pulmonar obstrutiva crônica e 3 milhões morrem a cada ano, tornando-a a terceira principal causa de morte no mundo.
• 10 milhões de pessoas desenvolvem tuberculose e 1,6 milhão morrem a cada ano, tornando-a a doença infecciosa letal mais comum.
• 76 milhões de pessoas morrem de câncer de pulmão a cada ano, tornando-o o câncer mais mortal.
• 334 milhões de pessoas sofrem de asma, tornando-a a doença crônica mais comum da infância. Afeta 14% das crianças em todo o mundo - e está aumentando.
• A pneumonia mata milhões de pessoas a cada ano, tornando-a uma das principais causas de morte entre os mais jovens e os mais velhos.
• 91% da população mundial vive em lugares onde a má qualidade do ar excede as diretrizes da Organização Mundial da Saúde.

O Dia Mundial do Pulmão, em 25 de setembro, aconteceu dois dias após a Reunião de Alto Nível da ONU sobre Cobertura Universal de Saúde (UHC). O UHC pede que todas as pessoas recebam os serviços de saúde de que precisam, quando precisam, independentemente da situação financeira. Pelo menos metade da população mundial ainda não possui cobertura completa de serviços essenciais de saúde.

Os holofotes globais sobre a UHC representam uma oportunidade para um progresso substancial na luta contra doenças pulmonares em todo o mundo. No Dia Mundial do Pulmão deste ano, estão todos unidos na mensagem: “Não deixe ninguém para trás. No Dia Mundial do Pulmão, pedimos pulmões saudáveis para todos.”

“A UHC é particularmente importante para pessoas com doenças respiratórias. Por exemplo, uma interrupção no fornecimento de medicamentos para pacientes com tuberculose pode causar o desenvolvimento de resistência a medicamentos, o que traz sérias consequências. A indisponibilidade abrupta do medicamento para asma pode causar sofrimento e até morte. A falta de disponibilidade do profissional de saúde geralmente significa atraso no diagnóstico, o que pode ser fatal para pacientes com câncer de pulmão”, disse Dean Schraufnagel, MD, diretor executivo da FIRS.

A FIRS pede ação do UHC para:
1. Fortalecer os profissionais de saúde.
2. Priorizar a prevenção, nomeadamente o tabaco, a poluição do ar e as vacinas.
3. Manter um suprimento contínuo de medicamentos essenciais.
4. Resistência aos antibióticos

Além disso, a FIRS apela a essas ações essenciais para reduzir a carga de doenças respiratórias e melhorar a saúde global:
1. Aumentar a conscientização entre o público e os formuladores de políticas de que a saúde respiratória é um componente importante da saúde global.
2. Reduzir o uso de todos os produtos do tabaco através da aplicação universal da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.
3. Adotar e exigir os padrões de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde para reduzir a poluição do ar ambiente, interior e ocupacional em todos os países.
4. Promover o acesso universal a cuidados de saúde de qualidade, medicamentos essenciais e imunizações.
5. Melhorar o diagnóstico precoce de doenças respiratórias através do aumento da conscientização pública sobre a saúde e a doença dos pulmões.
6. Aumentar o treinamento dos profissionais de saúde em todo o mundo em doenças respiratórias.
7. Padronizar o monitoramento e o gerenciamento de doenças respiratórias com estratégias nacionais e internacionais baseadas em evidências.
8. Aumentar a pesquisa para prevenir e tratar doenças respiratórias.

“Esperamos que o Dia Mundial do Pulmão forneça uma oportunidade para ação, conversação e conscientização. Uma voz unificada de todos os que se dedicam à saúde respiratória será uma força poderosa”, conclui o Dr. Schraufnagel.

Para saber mais acesse: Newswise

sábado, 21 de setembro de 2019

SAÚDE RESPIRATÓRIA NA PRIMAVERA


No dia 23 de setembro, às 04h50, inicia-se a primavera. A estação, conhecida pelo desabrochar das flores e por uma explosão de cores, é intermediária entre o inverno e o verão e, por consequência, alterna características das duas estações: dias quentes e chuvosos e dias frios. Apesar disso, a maior tendência é a do aumento da temperatura que culminará com o início do verão.

O clima, com mudanças bruscas na temperatura, somado a poluição do ar e, sua característica mais conhecida, a do desabrochar das flores que está conectada a polinização do ar, traz uma consequência importante, principalmente para crianças e idosos, uma vez que promove o agravamento dos sintomas como tosse, espirros, obstrução nasal, e coriza.

Para quem tem propensão ao desenvolvimento de crises respiratórias, aconselha-se a prevenção. E quando falamos em prevenção, nos referimos principalmente a manter uma boa hidratação do corpo e cuidar dos ambientes fechados (seja residência ou local de trabalho). Cuidados com a limpeza e manutenção dos espaços bem arejados são fundamentais – assim, é necessário higienizar aparelhos de ar-condicionado, realizar limpeza adequada de tapetes, colchões, travesseiros, cortinas e outros objetos que acumulem poeira e possam se tornar viveiros para os ácaros. Além disso, a higiene das mãos torna-se fator fundamental para prevenir a proliferação de infecções.

A primavera é uma linda estação e com os cuidados adequados é possível aproveitá-la ao máximo. Mas se os sintomas surgirem e forem persistentes, o mais indicado é buscar auxílio de um especialista.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O que pode causar tosse seca?


Tosse é um reflexo natural do aparelho respiratório para eliminar microorganismos e irritantes que atingem as vias aéreas superiores ou os pulmões. É o principal mecanismo de defesa dos pulmões. Enquanto uma tosse seca ocasional raramente é motivo de preocupação, tosse persistente pode significar uma condição clínica mais séria que requer atenção.

Pode ser classificada como aguda, subaguda ou crônica. Tosse crônica é aquela que se prolonga por mais de 8 semanas, enquanto a tosse aguda dura menos de 3 semanas.

Tose seca, ou tosse não-produtiva, é definida como uma tosse que não produz eliminação de muco ou secreção e pode manifestar-se como uma sensação de coceira ou irritação na garganta. Por outro lado, a tosse produtiva, é aquela associada à eliminação de secreção ou escarro e visa auxiliar a limpeza das vias áreas.

As condições que podem causar tosse seca são variadas e identificar a causa da tosse é o primeiro passo para que sejam tomadas as medidas de prevenção e tratamento.

Asma é uma doença que leva à inflamação e estreitamento de vias aéreas e tem a tosse como um dos seus principais sintomas, associada a chiados no peito e dispneia. A tosse na asma pode ser produtiva, mas em alguns casos, pode ser seca e cursar como queixa isolada.

Refluxo gastroesofágico é uma condição onde há retorno involuntário e repetitivo do conteúdo estomacal para o esôfago, que causa tosse seca, crônica, em cerca de 40% dos indivíduos que têm a doença. Sintomas associados podem ser náuseas, vômitos e queimação retroesternal.

Gotejamento pós-nasal ocorre quando o muco do nariz e seios da face drena para a parte posterior da garganta e desencadeia tosse como mecanismo reflexo. Pode ser um sinal de infecção de seios da face ou manifestação de um processo alérgico.


Outras condições, menos freqüentes, também podem causar tosse seca. Infecções virais de vias aéreas, como o resfriado; câncer de pulmão, embora a tosse seja produtiva na maioria dos casos; fibrose pulmonar idiopática, uma condição crônica onde o tecido pulmonar é substituído progressivamente por tecido fibroso e cicatriz; tabagismo; exposição a poluentes ambientais; uso de medicamentos, em geral usados para tratamento de hipertensão arterial sistêmica, como beta-bloqueadores e inibidores da ECA.

O diagnóstico deve incluir, além de história clínica cuidadosa, exames de imagem do tórax, espirometria e endoscopia respiratória ou digestiva. O tratamento proposto para reduzir a intensidade e severidade da tosse deve incluir, sempre, a identificação do agente causal.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

O perigo dos cigarros eletrônicos


Considerada uma forma moderna de consumir nicotina, o cigarro eletrônico atrai cada vez mais pessoas e pode ressuscitar a indústria do tabaco. Apesar de apresentado como menos nocivo que o cigarro de papel, a extensão completa de seus malefícios ainda é desconhecida.

Os líquidos e essências utilizados nos cigarros eletrônicos, ou e-cigarettes, podem ser extremamente danosos à saúde, mesmo quando não há nicotina presente. Isso se dá devido aos açúcares e especiarias que compõem as fórmulas e, quando aquecidos, liberam toxinas que não deveriam ser inaladas.

No Brasil, onde eles são oficialmente proibidos, mas podem ser facilmente comprados pela internet em sites de importados, dados apontam que a prevalência de fumantes entre jovens de 18 a 24 anos residentes nas capitais brasileiras aumentou de 7,4% para 8,5%, entre 2016 e 2017. Um dos fatores que, possivelmente, pode ter contribuído para o aumento do número de fumantes jovens, talvez seja a comercialização disseminada desses produtos pela Internet.

Nos Estados Unidos, o cigarro eletrônico já foi declarado como epidemia. No Brasil, um estudo do Programa Nacional de Tabagismo do SUS apurou que 30% dos usuários menores de 30 anos já experimentaram. O presidente da comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Luiz Fernando Pereira, afirma: “não há dúvidas que há menos substâncias que fazem mal à saúde do que nos cigarros normais”. Segundo ele, o problema está nos efeitos ainda desconhecidos a médio e longo prazo do uso desses dispositivos. Ele cita casos de convulsões, de baterias que podem explodir e até de mortes. Recentemente, o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA reportou o primeiro óbito decorrente de doenças respiratórias adquiridas pelo uso de cigarros eletrônicos, e há outros 193 casos sob as mesmas suspeitas.

Cigarros eletrônicos: uma ameaça à saúde pública?


Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda não existem pesquisas conclusivas que comprovem a segurança na utilização dos cigarros eletrônicos. Por outro lado, diversos estudos realizados mundo a fora mostram que ele causa danos à saúde, em especial ao coração e ao pulmão, mas também à bexiga e ao estômago - mesmo se usado por pouco tempo (dois ou três meses).

Baseado nestes elementos, o governo brasileiro, em 2009, publicou a resolução RDC 46/2009, proibindo a comercialização, a importação e a propaganda de qualquer dispositivo eletrônico para fumar (DEF) no território nacional - ainda assim, não é difícil encontrá-lo em lojas virtuais e de produtos importados.

Acredita-se que a comercialização on-line desses produtos possa reverter em pouco tempo as políticas de controle do tabaco, caso medidas regulatórias mais restritivas não sejam tomadas.

Mesmo considerando que a proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar efetivamente protegeu o Brasil da epidemia de consumo de cigarros eletrônicos entre os jovens, deve ser considerada a tomada de ações mais restritivas contra a venda desses produtos, assim como se buscar meios de impedir que os grandes conglomerados de comércio varejista continuem a desafiar as autoridades de saúde para que esses produtos não revertam a bem-sucedida política de controle do tabaco no Brasil.

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