Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Cigarro apagado também afeta sua saúde - Tabagismo de “3ª mão”



Autoras: Renata Michelim Collareda dos Santos¹ E Daniela Mayumi Yamamoto² (Alunas do 7º período de medicina /UFRJ).
Supervisão e Edição: Profª Sonia Catarina de Abreu Figueiredo³

Quando se fala de tabagismo, pensamos logo em tabagismo ativo ou passivo (inalação da fumaça do cigarro por indivíduos não fumantes que entram em contato com fumantes e que respiram as mesmas substâncias tóxicas que o fumante inala). O que muitas pessoas não sabem, é que o cigarro continua trazendo malefícios à saúde mesmo depois de apagado.
O conceito de Tabagismo Terciário (ou Tabagismo de 3ª mão) surgiu na literatura médica apenas em 2006, e se refere à contaminação pelas substâncias presentes na fumaça da tabaco e que permanecem em ambientes e superfícies mesmo após o indivíduo ter apagado o cigarro.
Os poluentes da fumaça do tabaco que são depositados em superfícies podem retornar a fase gasosa e serem inalados. Esses poluentes podem ficar impregnados em qualquer superfície como cortinas, tapetes, chão, paredes e bancos de carros, por exemplo. Além disso, já foi constatado que a nicotina, substância tóxica presente no cigarro, quando liberada no ambiente, pode se associar à poeira e formar outras substâncias tóxicas.
Dessa forma, é possível inalar substâncias tóxicas em qualquer ambiente que tenha sido impregnado pela fumaça do cigarro, como carros, restaurantes, hotéis e escolas, o que significa que qualquer pessoa pode ser exposta aos gases e partículas do cigarro depositados nas superfícies.
Entrar em um ambiente com cheiro de cigarro, por exemplo, é um forte indicativo de que o lugar está contaminado e mesmo que não haja ninguém fumando no momento, todas as pessoas presentes no ambiente estão inalando substâncias tóxicas prejudiciais à saúde.
Sendo assim, o tabagismo terciário se caracteriza como uma forma de tabagismo passivo, junto à exposição secundária ou involuntária da fumaça de cigarro e torna-se de grande importância que a população seja alertada sobre os riscos do tabagismo terciário.

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³ Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982), Residência Médica em Pneumologia no Instituto de Tisiologia e Pneumologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1985, Mestrado em Pneumologia e Tisiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e Doutorado em Ciências Biológicas (Genética) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Possui experiência em Genética Molecular e de Microorganismos. É professor do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1995. Na área de Pneumologia, tem interesse principalmente nos temas Tuberculose, Asma, Pneumopatias Intersticiais e Ensino Médico. Coordenadora de Residência Médica do Instituto de Doenças do Tórax de 1994 a 2001. Coordenadora de Ensino e Extensão do Instituto de Doenças do Tórax de 2006 a 2009. Diretora Executiva do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro de 2009 a 2013. Coordenadora de Telemedicina do Instituto de Doenças do Tórax desde 2008.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Casos de DPOC aumentam 44% no mundo; asma subiu 12%



O Texto abaixo foi publicado na página Estilo Uol em 01/09/2017.

Uma pesquisa realizada em 188 países e que demorou 25 anos mostrou que os números de casos de asma e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) aumentaram e são cada vez mais comuns na população. Por outro lado, a taxa de mortalidade das doenças está em queda.

Para conseguir analisar como a asma e a DPOC se comportaram no mundo com o passar dos anos, um grupo de pesquisadores analisou dados entre os anos de 1990 e 2015 e publicaram seus resultados no Global Burden of Disease 2015, na revista científica The Lancet.

A pesquisa foi árdua e analisou dados de registros médicos e autópsias realizados na categoria que agrega todas as doenças respiratórias crônicas. Além disso, os pesquisadores também contaram com artigos, relatórios, pesquisas e dados dos serviços de saúde.

Com tanto material, eles concluíram que, nestes 25 anos, a porcentagem da população que sofre com asma aumentou 12,6%. Porém, o número de mortes pela doença caiu 26,7%, se comparado 2015 com 1990.

Quando foram analisar a DPOC, os cientistas descobriram um aumento de 44,2% dos casos, entre o período analisado. Em 2015, cerca de 3,2 milhões de pessoas morreram devido à doença pelo mundo. O número de óbito é alto e mostra um aumento de 11,6% de 1990 a 2015.

Mas é preciso ter calma e paciência para analisar este quadro. Na conclusão, os pesquisadores deixam claro que os óbitos realmente subiram, no entanto, o que aconteceu foi que o crescimento e envelhecimento populacional fizeram os números totais aumentarem. Como a população cresceu e ficou mais velha, a mortalidade aumentou.

Quando verificamos os números comparando indivíduos na mesma faixa etária, podemos notar que o número de mortes entre pacientes com DPOC despencou 41,9%.

Entre os culpados pelo aumento das doenças, estão o tabagismo, a poluição e o fumo passivo.

Fonte: https://estilo.uol.com.br/vida-saudavel/noticias/redacao/2017/09/01/casos-de-asma-e-doenca-pulmonar-cronica-crescem-e-sao-comuns-no-mundo-todo.htm

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Ronco & Apneia do Sono



O Ronco é uma condição comum que pode afetar qualquer pessoa, embora ocorra com mais frequência em homens e indivíduos acima do peso. O ronco ocasional não costuma ser um problema, entretanto se for habitual, causa prejuízos à qualidade do sono.

O que causa o ronco?
O ronco aparece quando o fluxo de ar pela boca e nariz está obstruído. Essa obstrução pode estar ligada a vários fatores, como obstrução de vias aéreas superiores, por alergias, sinusite, desvio de septo ou pólipos nasais; diminuição do tônus muscular da língua e garganta e aumento de tecidos moles da garganta.

Roncadores habituais possuem má qualidade de sono, o que interfere em sua qualidade de vida, aumenta o risco de sofrer acidentes e desenvolver apneia do sono.
Apneia do sono, ou Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma doença caracterizada por obstrução total ou parcial (hipopneia) das vias aéreas durante o sono, causando interrupções repetidas da respiração enquanto a pessoa dorme.

A apneia é o resultado da não chegada de ar até os pulmões e pode estar relacionada ao relaxamento dos músculos da garganta e língua além do normal, excesso de peso, aumento excessivo de amígdalas e adenóides ou configuração anatômica de cabeça e pescoço com redução do espaço para a passagem de ar na garganta.

Estima-se que a SAOS atinja 30% da população adulta mundial e que a maioria das pessoas convive com a doença sem ter diagnóstico. Os principais sintomas da apneia são o ronco e a sonolência diurna, mas outras manifestações incluem: acordar com sensação de sufocamento, dificuldade de concentração, impotência sexual, irritabilidade.

A SAOS é um grave problema de saúde e está associada a doenças com potencial de letalidade como hipertensão, arritmias cardíacas, derrame cerebral e diabetes. O diagnóstico é feito a partir da observação clínica e de um exame chamado polissonografia, que faz o registro da atividade cerebral, da respiração e de sinais indicativos de relaxamento muscular e oxigenação sanguínea.

O tratamento visa restabelecer uma respiração regular e o sono tranquilo.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A batalha contra os aditivos de sabores no cigarro



Autoras: Renata Michelim Collareda dos Santos¹ E Daniela Mayumi Yamamoto² (Alunas do 7º período de medicina /UFRJ).
Supervisão e Edição: Profª Sonia Catarina de Abreu Figueiredo³

Em meio a uma disputa no STF entre a ANVISA e a Confederação Nacional da Indústria em relação a não adição de aditivos no tabaco, evidencia-se uma jogada de interesses entre as indústrias de tabaco brasileiras que não estão satisfeitas com as medidas já realizadas no Brasil referentes ao combate ao fumo.
Ao longo de vários anos, o Brasil vem avançando no combate contra o tabagismo e uma das medidas mais importantes foi a decretação, em 15 de julho de 1996, da lei que proíbe toda e qualquer propaganda de cigarros. Com essa medida, um verdadeiro marco na luta contra o tabagismo, o Brasil vive um contínuo decréscimo do número de tabagistas.
Em 2012, a ANVISA proibiu adição de substâncias que mascaram o sabor e o aroma do cigarro com o argumento de que essas medidas incentivam que jovens e mais pessoas possam aderir a pratica do fumo, além dos possíveis problemas que as substâncias adicionadas podem acarretar à saúde. Entretanto, essa medida nunca entrou em vigor e nesse mês de agosto o tema voltou a ser discutido no Supremo Tribunal Federal.
Embora a Confederação Nacional da Indústria alegue que os argumentos para proibir a adição destas substâncias são fracos e sem embasamento científico, a ANVISA afirma que são fortes as evidências que comprovam seus efeitos nocivos, dentre elas:
• O uso de substâncias que mascaram o sabor e odor ruim do produto, bem como a irritação causada pela fumaça do cigarro, torna o cigarro mais palatável;
• O uso de substâncias broncodilatadoras, com o objetivo de aumentar a absorção de nicotina pelos brônquios e, consequentemente, o seu potencial de causar dependência;
• O emprego de substâncias que inibem o metabolismo da nicotina, deixando-a mais tempo presente na circulação sanguínea e fazendo com que o seu efeito seja intensificado;
• A utilização de substâncias anestésicas para a diminuição da irritação das vias aéreas.

Em documento publicado recentemente, a Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS) reiterou a importância dessa medida proposta pela ANVISA no Brasil, e afirma que a não aprovação da medida que proíbe o uso de aditivos seria um retrocesso para as ações de combate ao tabagismo no país.

Fonte: http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,em-comunicado-oms-defende-proibicao-de-cigarros-com-sabor-no-brasil,70001940127
http://portal.anvisa.gov.br/rss/-/asset_publisher/Zk4q6UQCj9Pn/content/id/3104744

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³ Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982), Residência Médica em Pneumologia no Instituto de Tisiologia e Pneumologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1985, Mestrado em Pneumologia e Tisiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e Doutorado em Ciências Biológicas (Genética) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Possui experiência em Genética Molecular e de Microorganismos. É professor do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1995. Na área de Pneumologia, tem interesse principalmente nos temas Tuberculose, Asma, Pneumopatias Intersticiais e Ensino Médico. Coordenadora de Residência Médica do Instituto de Doenças do Tórax de 1994 a 2001. Coordenadora de Ensino e Extensão do Instituto de Doenças do Tórax de 2006 a 2009. Diretora Executiva do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro de 2009 a 2013. Coordenadora de Telemedicina do Instituto de Doenças do Tórax desde 2008.