Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Dia Mundial da Pneumonia: o que é importante saber sobre a doença?

 


A pneumonia é uma infecção respiratória frequente que pode ser potencialmente grave, em especial em crianças e idosos. Pneumonias são responsáveis por um número significativo de mortes a cada ano. O Dia Mundial da pneumonia foi estabelecido pela primeira vez em 2009 para aumentar a conscientização sobre essa condição e é comemorado em 12 de novembro de cada ano.

De acordo com a OMS, a pneumonia é a principal causa de morte por infecção em crianças menores de 5 anos de idade no mundo.  Ela é responsável por 15% do total de mortes de crianças menores de 5 anos.

A pneumonia é uma infecção respiratória que afeta os pulmões e, nesta condição, os alvéolos de um ou ambos os pulmões são inundados por conteúdo inflamatório. O quadro respiratório pode variar de leve a grave. A depender do grau de comprometimento pulmonar e das condições de imunidade do indivíduo acometido, o curso da doença pode ser grave e fatal.

Crianças menores de 2 anos e adultos maiores de 65 anos correm maior risco de desenvolverem formas graves de pneumonia.

As bactérias são a causa mais comum de pneumonia que pode ocorrer como um evento isolado ou pode se desenvolver após infecções virais. Vários tipos diferentes de bactérias podem causar pneumonia, como Streptococcus pneumonia, Legionella pneumophila, Mycoplasma pneumonia, entre outras.

Outros organismos, como vírus e fungos também podem causar pneumonia. Embora pneumonias virais geralmente sejam mais leves, em alguns casos, a gravidade da condição pode exigir intervenção médica imediata. Pneumonias fúngicas são mais comuns em indivíduos com problemas crônicos de saúde ou sistema imunológico enfraquecido.

Os sintomas de pneumonia podem ser facilmente confundidos com gripe ou resfriado. Além disso, podem variar também de acordo com o microrganismo que desencadeou o processo infeccioso e as condições prévias do hospedeiro.

São sintomas predominantes de pneumonia: febre alta com calafrios ou suor; tosse com presença de secreção respiratória; dor no peito que pode piorar ao tossir e dificuldade para respirar. Podem ocorrer ainda perda de apetite, dor de cabeça e fadiga, aceleração dos batimentos cardíacos e náuseas, vômito e diarreia.

Cuidados básicos de higiene como lavar as mãos regularmente ou usar um desinfetante a base de álcool são importantes para prevenir infecções respiratórias. O uso de vacinas contra a gripe ou pneumonia, na população suscetível a quadros graves, como crianças e idosos é recomendada. Ficar atento aos sintomas sugestivos da pneumonia e procurar auxílio médico precocemente pode influir positivamente no desfecho da doença.


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Dia Mundial do Pulmão – 2020



O Dia Mundial do Pulmão, ou World Lung Day em inglês, é comemorado no dia 25 de setembro e representa um dia de promoção e defesa da saúde pulmonar – oportunidade para unir forças e promover o tema em todo o mundo.

Em comemoração à data, trazemos abaixo um texto originalmente publicado pelo Forum of International Societies (FIRS) em 24 de setembro.




Grupos pedem pesquisas para prevenir, detectar e tratar infecções respiratórias

O FIRS, membros e organizações parceiras do World Lung Day estão unidos para defender a saúde respiratória em todo o mundo e pedir mais pesquisas para prevenir, detectar e tratar infecções respiratórias. Em 2020, a pandemia do coronavírus (COVID-19) tornou o mundo ciente de como os vírus respiratórios podem ser mortais. Na realidade, as infecções respiratórias estão conosco há muito tempo e continuarão a ser uma das principais fontes de sofrimento e morte humana. 

Além dos vírus, existem muitos outros agentes de infecção respiratória que causam diversas doenças. Esses agentes incluem bactérias, fungos e outros microrganismos que podem infectar as vias aéreas superiores (nariz, seios da face e garganta) e/ou  as vias respiratórias inferiores e os pulmões e podem causar pneumonias e sintomas pulmonares como tosse, expectoração, falta de ar e dor no peito, bem como sintomas gerais como febre, mal-estar e perda de peso.

As infecções respiratórias são um grande problema de saúde mundial:

·       Pneumonia mata milhões de pessoas anualmente. 80% das mortes por pneumonia ocorrem em crianças com menos de 2 anos e adultos acima de 65 anos. A cada ano, quase 700.00 crianças morrem de pneumonia no mundo. A maioria das mortes por pneumonia ocorrem em países de baixa e média renda;

·        A cada ano, ocorrem 10 milhões de novos casos de tuberculose e 1,5 milhão de mortes. Mais de 95% as mortes por tuberculose ocorrem em países de baixa e média renda;

·       As infecções respiratórias virais podem acarretar epidemias e se espalhar rapidamente nas comunidades, tornando-se epidemias globais. COVID-19 é um exemplo de infecção respiratória viral que afetou mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo – quase 860.000 pessoas morreram até o início de setembro de 2020. A carga da doença continuará a aumentar exponencialmente no futuro próximo.


O Dia Mundial do Pulmão é uma data anual de conscientização sobre a saúde pulmonar. Até o momento, quase 200 organizações e muitos indivíduos apoiam a data por meio de ações e defesa da saúde pulmonar. Este ano, com a saúde respiratória em destaque em virtude da COVID-19, abre-se uma grande oportunidade para aumentar a conscientização sobre o peso das infecções respiratórias e pedir ações mais efetivas e educativas em saúde. 

Para saber mais, acesse FIRS

 




 

sábado, 19 de setembro de 2020

Saiba o que é broncoaspiração

 


Broncoaspiração é uma condição onde substâncias como alimentos, líquidos, saliva ou vômitos são aspirados para os pulmões.  Além da ingestão de alimentos, broncoaspiração pode resultar do retorno de conteúdo gástrico em direção à árvore brônquica.

Qualquer que seja a origem ou natureza do conteúdo aspirado, a aspiração pode causar inflamação pulmonar (pneumonite química), infecção (pneumonia bacteriana ou abscesso pulmonar) ou obstrução das vias aéreas.  A maioria dos episódios de aspiração provoca sintomas leves ou pneumonite, em vez de infecção ou obstrução, e alguns pacientes aspiram sem apresentar sequelas, mas alguns casos onde ocorre obstrução de vias aéreas podem resultar em morte por asfixia.  

Indivíduos saudáveis comumente aspiram pequenas quantidades de secreções orais, mas os mecanismos de defesa do aparelho respiratório geralmente eliminam o inóculo sem maior repercussão. A aspiração de grandes volumes ou a aspiração em paciente com comprometimento das defesas pulmonares com frequência provoca pneumonia e/ou abscesso pulmonar. Pacientes idosos tendem a aspirar por causa de condições associadas ao envelhecimento que alteram a consciência, como o uso de sedativos e distúrbios neurológicos, como a Doença de Parkinson, por exemplo.

 

Fonte: https://thumbs.gfycat.com/AgreeablePhonyArmyant-size_restricted.gif

Condições em que há deglutição prejudicada, vômitos e doença do refluxo gastroesofágico são causas habituais de broncoaspiração. Outros fatores de risco para aspiração brônquica são: cognição ou nível de consciência prejudicado, procedimentos odontológicos, colocação de onda nasogástrica ou tubo endotraqueal.

Os sinais e sintomas incluem tosse, febre, dispneia e desconforto no peito. Em alguns casos de aspiração crônica decorrente de doenças do aparelho digestivo, podem ocorrer engasgos e dor à deglutição. A pneumonia provocada por aspiração maciça de conteúdo gástrico causa dispneia, taquipneia, taquicardia, hipoxemia, estertores difusos e sibilos e pode evoluir para choque séptico.

O tratamento dos quadros de broncoaspiração frequentemente requer antibióticos, suplementação de oxigênio e ventilação mecânica.

Estratégias para prevenir a espiração brônquica são importantes para os cuidados e desfechos clínicos. Pacientes com diminuição do nível de consciência devem evitar a ingestão oral de alimentos e manter a cabeceira do leito elevada acima de 30 graus. Pacientes com disfagia leve podem usar dietas especiais para reduzir o risco de aspiração; naqueles com disfagia grave, pode ser necessária a realização de gastrostomia, embora permaneça o risco de aspiração de saliva.

A otimização da higiene bucal e o acompanhamento com fonoaudiólogo podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de pneumonia em pacientes com broncoaspiração repetida. 

Assista o vídeo  https://youtu.be/yZhMM7Gou9Q e entenda por que, em condições normais, a comida não vai para os pulmões.


sábado, 12 de setembro de 2020

Pesquisa do Reino Unido busca um melhor tratamento para asma infantil

Fonte: Nursing Times Careers
 

Um artigo recente, publicado originalmente na página National Health Executive, aborda a realização de uma pesquisa que visa encontrar um melhor tratamento para a asma infantil no Reino Unido. A pesquisa investigará se o uso preventivo do inalador, somente quando a criança apresenta sintomas, pode ser tão eficaz quanto o uso tradicional (uso diário, independente da existência de sintomas).

No Reino Unido, mais de um milhão de crianças sofrem com a doença, cujos principais sintomas são a tosse e a dificuldade para respirar. A asma provoca a morte de, pelo menos, 20 crianças por ano e, a cada 20 minutos, uma criança é hospitalizada pelo mesmo motivo no país.

Como medida para evitar as crises e reduzir os sintomas, profissionais de saúde recomendavam tradicionalmente o uso diário do inalador preventivo, a base de esteróides, como principal tratamento. No entanto, recentemente novas diretrizes passaram a reconhecer que nem todas as crianças necessitam do uso de inalador todos os dias. Assim, em casos de asma leve, os inaladores só seriam necessários quando ocorressem sintomas. As mudanças são pautadas em resultados de pesquisas recentes em adultos e adolescentes, mas esses resultados não mostraram o risco de uma crise de asma nos casos em que os inaladores só foram usados quando existiam sintomas.

O novo estudo pretende trazer as respostas sobre o uso do inalador em crianças. Denominado “Avaliação dos sintomas versus terapia preventiva de manutenção para o tratamento ambulatorial de Asma em crianças (ASSINTOMÁTICO)”, o estudo envolverá cerca de 250 clínicas, com a participação de crianças de 6 a 16 anos, de acordo com a concordância dos pais. Serão utilizados os dados dos registros eletrônicos de saúde e os cuidados serão como os da prática rotineira.

O Professor Clínico Associado Ian Sinha, do Alder Hey Children's NHS FT,  co-Investigador chefe, disse que: “O estudo vai responder a uma das questões mais prementes e importantes sobre os fundamentos do tratamento da asma infantil.” Disse também que “Dadas as diferenças entre asma pediátrica e adulta, é justo que façamos estudos em crianças”. E aí está a grande importância ou valor da pesquisa.


Leia mais em: National Health Executive


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Asma: quando a genética fala mais alto

Fonte da imagem: Health Line
Fonte da imagem: Health Line

 

A asma é a doença crônica pulmonar que mais acomete pessoas no Brasil e no mundo. A doença atinge de crianças pequenas até idosos. Mesmo, uma pessoa em tratamento regular pode ter uma crise a qualquer momento. Isso coloca a asma no foco de investigações e pesquisas médicas.

A patologia, como pode ser visto em outros artigos aqui do nosso blog, atinge diretamente a capacidade respiratória, causando tosse, aperto no peito e falta de ar, entre outros sintomas. Trata-se de um processo inflamatório crônico que afeta os brônquios, tornando-os mais estreitos e dificultando a passagem de ar nos pulmões. Dentre as suas causas, destacam-se os fatores de predisposição genética, mas que peso esses fatores têm sobre ter ou não ter a doença?

Em geral, quando uma pessoa procura assistência médica em virtude da doença, é feita uma avaliação inicial onde é perguntado sobre o histórico de saúde dos familiares. Nesse momento, na maioria das vezes, é possível identificar a existência de outras pessoas na família que apresentam relato compatível com a doença. Mas nem por isso a asma pode ser considerada uma doença hereditária, na verdade, ela  é considerada uma doença multifatorial com forte influência genética. De acordo com especialistas, o que se observa é que filhos de pais com histórico de manifestações alérgicas, possuem maior chance de desenvolver asma, rinite ou outra patologia relacionada.

Nesse sentido, diversos estudos científicos vêm sendo desenvolvidos visando compreender o papel dos fatores genéticos na patogenia da asma. No entanto, o processo é difícil, tendo em vista sua natureza multigênica ou poligênica - há um grupo bastante variado de genes envolvidos. O que se tem de fato, é que essa diversidade de genes, além de influenciar o ter ou não asma, também pode influenciar a gravidade da doença e como o paciente responde ao tratamento. Um estudo de Barnes (2015) conclui que “Apesar dos recentes avanços na identificação da variação genética relacionada à asma, neste momento não há nenhuma utilidade clínica estabelecida para esses achados.” O que significa dizer que ainda há um longo trajeto pela frente.

 

Para ler o estudo citado, clique em Barnes, 2015 





sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Poluição do ar é o segundo maior perigo global à saúde humana

Fonte: Getty Images 

A poluição do ar por material particulado reduz em 1,9 ano a expectativa média de vida em todo o mundo. Atualmente, é o segundo maior risco à saúde humana, perdendo apenas para a Covid-19, mas deve voltar a ser o primeiro quando a pandemia for controlada. 

A conclusão é da nova edição do relatório Air Quality Life Index (AQLI), elaborado pelo Energy Policy Institute, da Universidade de Chicago, dos Estados Unidos. O documento mostra que, na média global, as pessoas estão expostas à poluição por material particulado em concentrações de 29 µg/m³, quase três vezes o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 10 µg/m³. 

A má qualidade do ar é mais perigosa para a saúde do que o uso de cigarro (encurta a vida em 1,8 ano), álcool e drogas (11 meses), falta de água limpa e saneamento básico (6 meses), acidente (5 meses), HIV/Aids (4 meses), malária (3 meses) e até guerras e terrorismo (23 dias). 

Segundo o relatório do Energy Policy Institute, 79% da população global vive em áreas onde a concentração de material particulado excede o limite, o que faz com esse problema afete muito mais indivíduos (5,9 bilhões) do que qualquer outra condição. 

Situação no Brasil

No Brasil, de acordo com o AQLI, a concentração de material particulado no ar é de 9 µg/m. 

"Em São Paulo, a média está em torno de 28 µg/m³, quase o triplo dos 10 µg/m³ recomendados pela OMS", afirma a especialista Nathalia Villa dos Santos, professora da Faculdade de Saúde Pública e pesquisadora do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental, ambos da Universidade de Paulo (USP). "Com exceção da região Sudeste, sobretudo São Paulo, que conta com uma rede ampla da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), e algumas capitais da Sul, o país não tem um monitoramento adequado de emissão de poluentes, o que dificulta saber a real situação", acrescenta. 

Ainda de acordo com a pesquisadora, a má qualidade do ar em São Paulo reduz a expectativa de vida em cerca de um ano e meio. Na capital paulista, a estimativa é que ocorrem mais mortes em decorrência dessa condição do que por acidentes de trânsito, cânceres de mama e próstata e AIDS.

São vários os agentes poluentes que fazem mal para a saúde, e cada um deles atinge o organismo de uma forma e com diferentes efeitos deletérios, como dor e ardência nos olhos, nariz e garganta, tosse seca, cansaço, dor de cabeça, rouquidão, desenvolvimento ou agravamento de problemas respiratórios, alérgicos, cardiovasculares e câncer, diminuição da fertilidade e prejuízos no desenvolvimento fetal.

O mais perigoso é o material particulado. Formado por uma mistura de compostos químicos, ele fica suspenso no ar na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça e fuligem, entre outros, e tem como principais fontes processos de combustão (industrial, veículos automotores) e aerossol secundário (formado na atmosfera) como sulfato e nitrato. Essas partículas, quando inaladas, atingem os alvéolos pulmonares durante as trocas gasosas e chegam até a corrente sanguínea. 

É importante entender que a poluição afeta as pessoas de maneira distinta. No geral, crianças, pela imaturidade de suas defesas, e idosos, por terem um sistema imune menos eficiente e comorbidades próprias da idade avançada, são mais sensíveis. 

Leia mais em: BBC Brasil 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Radiografia: perguntas e respostas

Fonte da imagem: Axis Imaging News

A radiografia, ou raio-x, é um dos exames mais usados para diagnóstico em nosso país. Trata-se de um método não invasivo, com resultado rápido e que tem baixo custo, sendo bastante útil, principalmente em emergências e unidades básicas de saúde e, mesmo, em UTI’s - visto que há versões portáteis do aparelho que realiza o exame. Grande parte da população já foi submetida a radiografia, em algum momento da vida, e deve se recordar das chamadas chapas. Atualmente, há versões digitais do exame (como o que é visto na imagem acima) e que, por isso, descartam as velhas chapas de acetato. Mas então, vamos entender um pouco melhor sobre o exame?

Obs.: Usa-se raio-x com hífen para fazer referência à radiografia - o exame propriamente dito. Já o termo raios X, se refere a radiação ionizante necessária na realização do exame.

Como funciona?
Um gerador emite um feixe de raios X direcionado a parte do corpo a ser examinada. O raio atravessa o corpo e projeta a imagem em um filme fotográfico ou um equipamento digital, localizados no detector. O resultado é uma espécie de fotografia em preto e branco. As partes do corpo que são mais densas absorvem mais radiação e projetam imagens mais claras. Por esse motivo, os ossos aparecem mais brancos e outras partes do corpo aparecem mais escuras. Desse modo, a intensidade dos raios e o tempo de exposição são regulados de acordo com a parte do corpo a ser examinada – algum erro nesta parte do exame, pode acarretar radiografias muito brancas ou muito opacas, o que dificulta a sua interpretação.

A origem
O raio-x, foi o primeiro exame de imagem desenvolvido. Seu mecanismo foi descoberto por acaso em um laboratório, na Alemanha em 1895, pelo físico Wilhelm Conrad Roentgen. O nome, raio X, foi dado em virtude de Roentgen considerá-lo ainda um enigma. A primeira radiografia, segundo estudiosos, foi realizada em 22 de dezembro de 1985 – Roentgen radiografou a mão de sua esposa Anna Bertha. Já no Brasil, há uma indefinição sobre quem realizou e em que data. Três pesquisadores disputam o feito, Silva Ramos em São Paulo, Francisco Pereira Neves no Rio de Janeiro, Alfredo Brito na Bahia e outros físicos no Pará. Sabe-se, no entanto, que ocorreu em 1896.

Usos médicos
Na radiografia podem ser vistas imagens da estrutura interna do organismo (ossos, órgãos, músculos, entre outros). Nesse sentido, o exame permite a identificação de anormalidades e permite a indicação de um tratamento mais adequado a cada caso. Outro uso bastante importante do raio X está na radioterapia. Este é um tratamento que se concentra na utilização de radiações ionizantes com foco no combate a células de um tumor.

Radiografia do Tórax
Quando um paciente apresenta tosse, dificuldade para respirar e ou dor no peito, após avaliação geral da história dos sintomas e exame físico, o médico pode solicitar a realização deste exame. Mas também pode ser solicitado em casos que envolva um trauma e para realização de avaliação pré-operatória. Assim, havendo suspeita de doença cardíaca, doença pulmonar, como pneumonia, tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fratura na região, entre outras, o médico pode solicitar a radiografia de tórax.
Abreugrafia – Em 1936, o médico brasileiro Manuel Dias de Abreu desenvolveu um método ainda mais simples, eficiente e econômico de aplicar o raio X. O método permitia tirar pequenas chapas radiológicas para avaliar os pulmões e permitir o diagnóstico da tuberculose. O exame passou a ser usado no mundo todo e, por esse feito, Abreu foi indicado ao prêmio Nobel em 1950. No Brasil, no dia 04 de janeiro se comemora o “Dia Nacional da Abreugrafia”.

Usos não médicos do raio X
O raio X tem múltiplos usos e, dentre os mais comuns, podemos destacar o uso em aeroportos para identificar transporte ilegal de drogas, contrabando etc. e monitoração ambiental. Dentre os menos comuns ou mais recentes, temos o uso em alimentos para prolongar a validade, para análise de estruturas de engenharia, no desenvolvimento de produtos eletrônicos.

A radiação
O raio X se constitui em um feixe de radiação ionizante de alta energia, com capacidade de penetrar objetos, organismos vivos e atravessar tecidos. A radiação é absorvida em maior ou menor grau, dependendo da densidade do alvo. A absorção prolongada pode trazer riscos à saúde, por isso a exposição de pacientes precisa ser controlada e os profissionais que atuam diretamente na realização do exame, possuem uma regulamentação própria da atividade, tendo que usar equipamentos de proteção, como aventais de chumbo. Cabe ressaltar que a modernização dos equipamentos tem garantido maior eficiência e segurança. Além disso, um exame de raio X convencional expõe o paciente a uma radiação até 2,5 vezes menor do que uma tomografia, por exemplo.

Contraindicações do raio-x
A principal contraindicação para a realização de raio-x é a gravidez - mulheres grávidas não devem ser submetidas ao exame, principalmente nos três primeiros meses da gestação. No caso da realização do exame com uso de contraste, principalmente quando se trata de radiografia de abdômen, há contraindicações para portadores de doença renal e doença da tireoide.

Saiba mais lendo o artigo: Raios-x: fascinação, medo e ciência

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Pontas de cigarros poluem o meio ambiente



As pessoas fumam ou mascam tabaco há milênios, mas foi a invenção da máquina de enrolar cigarros no final do século XIX que aumentou drasticamente a produção e deu início ao caminho da popularidade do cigarro. O século XX viu uma explosão de tabagismo e durante a maior parte desse período, os filtros de cigarro foram inexistentes.

À medida que os impactos à saúde tornaram-se claros, houve um aumento da preocupação pública com os potenciais malefícios do tabagismo. As empresas de tabaco buscaram soluções numa tentativa de “reduzir o alcatrão e a nicotina” e, no final da década de 1950, as vendas de cigarros com filtro ultrapassaram as de cigarro sem filtro.

Fumantes em todo o mundo consomem cerce de 6,5 trilhões de cigarros a cada ano. São 18 bilhões por dia. Embora a maior parte do invólucro do cigarro se desintegre quando fumado, nem tudo se queima. Trilhões de filtros de cigarro – também conhecidos como pontas ou bitucas – sobram e apenas um terço deles é descartado no lixo. O resto é jogado casualmente na rua ou pela janela dos prédios e automóveis.

Os filtros de cigarro são feitos de um plástico chamado acetato de celulose. Os filtros podem levar anos para se degradar e, mesmo quando isso acontece, eles se quebram em pequenos pedaços de plástico, chamados microplásticos, que são um perigo crescente. Quando jogados no meio ambiente, eles despejam não apenas esse plástico, mas também a nicotina, metais pesados e muitos outros produtos químicos que absorveram no meio ambiente.

As pontas de cigarro estão no topo da lista de detritos encontrados durante a limpeza de praias. Bilhões costumam entrar em cursos d’água e oceanos, onde permanecem e tornam-se perigosos para os animais marinhos, que podem comê-las.

Pontas de cigarro são poluição tóxica de plástico. Os filtros armazenam alguns dos produtos químicos que os fumantes inalam - não o suficiente para ajudar a saúde dos fumantes, mas o suficiente para matar peixes que vivem perto de pontas de cigarro descartadas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

BCG e Covid: a vacina e o que diz a mídia


A vacina BCG possui uma longa trajetória. Foi desenvolvida entre 1906 e 1919 por profissionais franceses no Instituto Pasteur: o médico e bacteriologista León Charles Albert Calmette e o veterinário e microbiólogo Jean-Marie Camille Guérin. A vacina foi aplicada pela primeira vez, ainda em formato oral, no Hospital de Caridade em Paris em 1921, em um recém-nascido cuja avó estava com tuberculose. Mas foi somente em 1942 que foi reconhecida como eficaz para imunização da tuberculose pela Academia Nacional de Medicina de Paris. E apenas em 1948, a Organização Mundial da Saúde passou a incentivar seu uso.

No Brasil
No Brasil, a primeira aplicação ocorreu em 1927 após o Professor Arlindo Raymundo de Assis, médico e cientista, ter testado a vacina em coelhos e bovinos com resposta eficiente. A partir daí a vacinação no país começou a ser ampliada, mas somente em 1968 foi iniciada a aplicação por via intradérmica. Desde 1976 o Ministério da Saúde tornou obrigatória sua aplicação em crianças. Por ano, o Brasil chega a produzir 15 milhões de doses, visando atender a demanda nacional.

O que previne
A vacina BCG é comprovadamente eficaz no combate formas graves da doença em crianças, como a meningite tuberculosa e apresentações disseminadas - ela ativa o sistema imunológico contra o agente transmissor (bacilo de koch).

Para quem
O Programa Nacional de Imunização prevê a aplicação em dose única em crianças de 0 a 4 anos - preferencialmente no bebê recém-nascido. Contra-indicações: peso inferior a 2kg, imunodeficiência, desnutrição, erupções cutâneas generalizadas e realização de tratamento com corticóides.

A marca

A famosa marca no braço que identifica as pessoas que tomaram a vacina, na verdade, é muito mais consequência do tipo de agulha usado do que da própria vacina - o uso de uma microagulha pode suavizar a lesão, fazendo com não existam marcas de identificação. No Japão, por exemplo, onde 100% da vacinação é feita por microagulhas, as pessoas desconhecem a marca da vacina¹. (Dhanawade, 2015).


BCG e Covid-19
Recentemente a vacina se tornou alvo de muitas notícias na mídia, em virtude de pesquisas realizadas no mundo, em especial uma da Universidade de Michigan², Estados Unidos. Resultados da pesquisa apontam que países em que a vacinação da BCG é obrigatória, em geral apresentaram menores taxas de infecção e morte por Covid-19. A partir de cálculos matemáticos, a pesquisa encontrou uma correlação entre vacinação da BCG e casos de Covid. Agora é necessário encontrar caminhos para comprovação ou não dessa relação.

Uma outra pesquisa que está sendo realizada, visa fazer com que a bactéria usada para fazer a BCG produza antígenos do vírus SARS-CoV-2 para imunizar as pessoas. O resultado seria uma vacina que proteja duplamente contra tuberculose e a Covid-19. A pesquisa é resultado de uma parceria entre as universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de Santa Catarina (UFSC), o Instituto Butantan, de São Paulo e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Doenças Tropicais (INCT-DT), tendo ainda a colaboração da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e do Instituto Karolinska, na Suécia.

Assim, não há ainda qualquer comprovação sobre a efetividade da BCG na prevenção de infecção por Covid-19 e, por isso, não é recomendável que qualquer pessoa, fora do grupo já previsto pelo Programa Nacional de Imunização, tome a vacina. O que existe são pesquisas em desenvolvimento e que precisam de tempo para apresentar resultados definitivos. Sendo assim, continuamos na recomendação dos cuidados de prevenção e higiene frequente.

¹ Dhanawade SS, Kumbhar SG, Gore AD, Patil VN. Formação de cicatrizes e conversão de tuberculina após a vacinação com BCG em bebês: um estudo de coorte prospectivo. J Family Med Prim Care . 2015; 4 (3): 384-387. doi: 10.4103 / 2249-4863.1613 - Leia o artigo clicando AQUI

² A vacinação obrigatória com Bacillus Calmette-uérin (BCG) prevê curvas achatadas para a disseminação do COVID-19, Revista Science Advance - leia clicando AQUI

sábado, 1 de agosto de 2020

Adolescência e fumo, como a iniciação precoce pode dificultar a parada na vida adulta

Fonte da imagem: Teens - Drug Abuse

A iniciação do uso de drogas na adolescência é um tema exaustivamente discutido entre especialistas há muito tempo. A experimentação nessa fase pode desencadear a dependência e causar transtornos para o resto da vida. Isso acontece porque, segundo a Professora Rosana Camarini, do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/USP): “Durante a adolescência ocorrem mudanças biológicas muito importantes. Alguns sistemas, como o inibitório, não estão amadurecidos. É um sistema importante para controlar determinadas atitudes do indivíduo” (Leia mais em: USP). Inclui-se aí a área cerebral responsável pela tomada de decisões, que por não estar bem desenvolvida, deixa o adolescente mais propenso a situações de risco. Nesse sentido, se a dependência química desenvolvida e instalada na adolescência alcança a idade adulta, pode alçar um status mais severo, pois passa a fazer parte da estrutura do indivíduo (sistemas, comportamentos, lembranças etc.).

Seguindo esse tema, um estudo publicado Journal of the American Heart Association, nos EUA, no mês de abril, reafirmou que as dificuldades de interromper o hábito de fumar na vida adulta, se torna ainda mais severo quanto mais cedo o indivíduo começou a fumar. Para a pesquisa, foram colhidas informações de 6.600 indivíduos nos EUA, Austrália e Finlândia - sendo 57% do sexo feminino.

Trata-se do estudo com o mais longo acompanhamento de fumantes realizado até aqui, onde foram observados os padrões de fumo de acordo com as faixas etárias: entre 6 e 19 anos, entre 20 e 30 anos e depois dos 40. A principal conclusão foi de que "há prevalência do vício em fumar cigarros para quem já fumava na adolescência" - o que foi semelhante entre os participantes dos três países - e que " o vício em nicotina é mais forte quando se começa a fumar na infância".

De acordo com o estudo, quanto mais cedo as pessoas começaram a fumar, maior a probabilidade de se transformarem em dependentes e menor a de conseguirem deixar de fumar na faixa de 40 anos.

Principais resultados da pesquisa:

* Primeira experimentação entre 18 e 19 anos: apenas 8% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos;

* Primeira experimentação entre 15 e 17 anos: 33% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos;

* Primeira experimentação entre 13 e 14 anos: 48% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos;

* Primeira experimentação entre 6 e 12 anos: 50% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos.

Além disso, dados sugerem que "crianças que apenas experimentaram cigarros, poucas vezes, se mostraram mais propensas a adquirem o hábito regular.

Pensando que, no mundo, cerca de 270 milhões fumam diariamente, que nos EUA 87% dos fumantes iniciaram o tabagismo antes dos 18 anos e que no Brasil a idade média de experimentação é de 16 anos, liga-se o alerta sobre a necessidade da prevenção. De acordo com Rose Marie Robertson, responsável pela American Heart Association, os resultados do estudo reiteram "a importância de manter o tabaco longe dos jovens até 21 anos."

Fonte do texto original: Viva Bem

Leia o estudo na íntegra: Journal of the American Heart Association

sábado, 25 de julho de 2020

O tratamento da tuberculose não deve ser descuidado


“As autoridades de saúde devem manter o apoio aos serviços essenciais para a tuberculose, incluindo cuidados durante emergências como o covid-19”, destaca a OMS.

A organização lembra que “pessoas doentes com tuberculose e covid-19 poderão ter resultados piores no tratamento, sobretudo se o tratamento da tuberculose for interrompido”.

"A pandemia de Covid-19 está mostrando como as pessoas com doenças pulmonares e imunidade enfraquecida são vulneráveis", afirmou o diretor geral da OMS, Tedros Ghebreyesus.

Os doentes com tuberculose, que têm sintomas comuns com o covid-19, como tosse, febre e dificuldades respiratórias, devem “tomar precauções para se proteger do covid-19 e continuar o tratamento”.

A OMS defende que é preciso “limitar a transmissão de tuberculose e de Covid-19 em ambientes comuns e em instalações de saúde”.

Embora os métodos de transmissão das duas doenças sejam ligeiramente diferentes, aplicam-se a ambas medidas preventivas como “controle e prevenção de infecções, cuidados com a tosse e segregação de casos suspeitos”.

Para as duas doenças são essenciais “teste de diagnóstico confiáveis” e a garantia de tratamento antituberculose para todos os afetados, incluindo os que estejam de quarentena por suspeita de infecção pelo novo coronavírus.

Estima-se que cerca de um quarto da população mundial esteja infectada com a bactéria que causa a tuberculose. Embora possam não estar doentes nem contagiar ninguém, estão em risco acrescido de desenvolver a doença.

A tuberculose, segundo a OMS, ainda é a doença infecciosa que mais mata em todo o mundo: em 2018, morreram 1,5 milhão de pessoas, 251 mil com HIV, o que as torna especialmente vulneráveis.

Leia mais em: Agência Brasil

domingo, 12 de julho de 2020

Câncer de pulmão: é importante estar atento aos sinais e sintomas


O câncer de pulmão é a segunda neoplasia maligna mais comum em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma). É também o primeiro tipo de câncer em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão.

As estimativas de novos casos no Brasil em 2020 são 30.200, sendo 17.760 homens e 12.440 mulheres (Fonte: INCA – 2020).

O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco.

A taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Essa diferença deve-se aos padrões de adesão e cessação do tabagismo constatados nos diferentes sexos.

Os sinais da doença em sua fase inicial podem ser sutis e sintomas mais relevantes só aparecem quando a doença está avançada. Tosse, expectoração e dor torácica são queixas comuns em indivíduos tabagistas e, muitas vezes, são negligenciados quanto ao seu significado e importância.

A mudança do tipo de tosse, o surgimento de dor torácica localizada ou que se intensifica com a respiração e a mudança da expectoração com a presença de sangue no escarro, por exemplo, são sinais que podem sugerir a presença de câncer de pulmão. Em alguns casos, pode ocorrer alteração do timbre da voz, tipo rouquidão, sugerindo um comprometimento do nervo laríngeo pela neoplasia. Sintomas gerais como anemia e emagrecimento também podem ocorrer.

Algumas práticas contribuem para a prevenção do câncer de pulmão: não fumar, evitar o tabagismo passivo e evitar a exposição ocupacional a agentes químicos como asbesto, berílio, níquel, radônio e urânio.

A detecção precoce do câncer é importante para diagnosticar o tumor em fase inicial e possibilitar maior chance de tratamento. O tratamento do câncer de pulmão depende do tipo histológico e do estágio da doença, podendo ser tratado com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, isoladas ou combinadas.

O prognóstico do câncer de pulmão está intimamente relacionado ao estágio da doença em que o diagnóstico é firmado. A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%.

Leia mais em: INCA

domingo, 5 de julho de 2020

Asma na idade adulta e suas crises

Fonte da imagem: Express

Quando falamos de asma, a maioria das pessoas associam a doença a crianças – período da vida em que ela é mais frequentemente diagnosticada. Mas esta patologia pode aparecer em qualquer fase da vida. Na verdade, algumas pessoas só vão apresentar sintomas na idade adulta, ou mesmo após os 65 anos de idade, sendo por isso classificada como asma de início tardio. Nesses casos a doença costuma apresentar sintomas mais frequentes e exigir maior empenho no tratamento para controle. Além disso, os sintomas da asma em adultos podem ser mais graves e a doença pode ser mais letal, causando até quatro vezes mais mortes que em crianças.

Nesse sentido, o controle da doença se torna fundamental: o paciente e seu médico de referência precisam reconhecer os principais gatilhos (fatores ambientais, esforços etc.) para as crises e identificar as reações obtidas com os medicamentos a fim de traçar o melhor tratamento. Identificar as melhores condutas, medicamentos e suas dosagens, vai ajudar no controle, redução do número de crises e de sua gravidade, evitando, inclusive, hospitalizações desnecessárias.

Mas o que fazer quando uma pessoa tem uma crise de asma? Como identificar uma crise?

Uma pessoa com asma pode apresentar sintomas como dificuldade para respirar, chiado/sibilo, aperto no peito e tosse, entre outros. No entanto, esses sintomas podem se tornar mais intensos caso o paciente se exponha a algo que induza uma crise alérgica (mofo, poeira, fumaça, pólen...),a ainda se ele contrair uma gripe ou realizar esforços físicos, condições que podem desencadear uma crise. Quanto mais intensos são os sintomas, mais grave é a crise. Algumas pessoas não apresentam o chiado/sibilo, podendo dificultar a diferenciação de uma crise de asma para uma crise alérgica ou crise de ansiedade, por exemplo – daí a importância de um acompanhamento médico regular. A crise de asma se caracteriza pela inflamação e bloqueio das passagens de ar nos brônquicos, dificultando a respiração.

Durante uma crise, a primeira coisa a fazer, além de tentar manter a calma e manter a respiração lenta, é o uso adequado de um inalador que servirá para relaxar a musculatura brônquica, dilatando as vias e facilitando a respiração. Chamado de medicação de resgate, o uso dessa substância permite ao paciente ter tempo de chegar a uma emergência, se necessário. Por isso, deve estar sempre disponível para uso, sendo importante levá-lo consigo onde quer que vá.

Alguns passos importantes durante uma crise:
1. Se afastar dos possíveis gatilhos (poeira, fumaça ou outros).
2. Sentar-se na vertical e evitar deitar-se para manter as vias aéreas livres.
3. Tentar respirar mais devagar, uma respiração rápida pode piorar os sintomas.
4. Procurar atendimento médico, caso não melhore com a medicação de resgate.
5. Nunca subestimar a gravidade de uma crise.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Vírus podem ser perigosos para bebês

Foto: Dimitris66 / IStock / Ilustrações: Erika Vanoni/SAÚDE é Vital

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) preocupa os pais de bebês prematuros, cardiopatas ou com problemas crônicos no pulmão. Em crianças de até 2 anos, esse agente infeccioso é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante seu período de maior incidência.

O Vírus Sincicial Respiratório é transmitido através de aerossóis emitidos a partir de pessoas infectadas ou por superfícies e objetos contaminados. A infecção ocorre quando atinge olhos, boca, nariz ou pela inalação de gotículas derivadas da tosse ou espirro.

O tempo de vida do vírus nas mãos é de menos de uma hora. No entanto, em superfícies duras e não porosas, pode durar aproximadamente 24 horas. O período de incubação da doença é de quatro a cinco dias, mas pacientes pertencentes aos grupos de riscos podem transmitir o vírus por 3 a 4 semanas após o contágio inicial.

Geralmente, a sua sazonalidade acontece predominantemente no outono e no inverno. Mas, no Brasil, a sazonalidade varia dependendo da região geográfica. Ela se inicia mais precocemente na região Norte (janeiro) e Nordeste (fevereiro) do país, coincidindo com o período chuvoso. As regiões Centro-Oeste e Sudeste possuem seus picos de incidência de março a julho, enquanto, no Sul, a sazonalidade acontece entre abril e agosto, período em que também circula o vírus da gripe.

De 10 a 15% dos casos entre os menores de 2 anos exigem internação hospitalar às vezes até na UTI, com uso dos respiradores. Abaixo dos 5 anos, há maior risco de formas graves e morte.

Segundo artigos publicados nas revistas científicas The Lancet e The New England Journal of Medicine, o VSR é responsável por cerca de 33,8 milhões de episódios de infecção respiratória por ano em crianças com menos de 5 anos de idade, levando a cerca de 3,4 milhões internações de casos mais graves. Anualmente, são de 70 mil e 200 mil mortes — 99% delas em países em desenvolvimento como o Brasil.

Praticamente todas as crianças serão expostas ao VSR até os 2 anos de vida, sendo que a maioria é infectada no primeiro ano de vida, com possibilidade de reinfecções ao longo da vida. Nos adultos, ele não traz maiores danos e seus sintomas são semelhantes a um simples resfriado. Porém, esse grupo pode ser um disseminador do vírus nas crianças menores de 5 anos.

Para a prevenção da doença, deve-se evitar que os bebês permaneçam em ambientes fechados com aglomerações de pessoas, além da imprescindível higienização frequente das mãos e dos objetos. O contato com crianças ou adultos resfriados ou gripados também deve ser evitado.

Mesmo durante a pandemia do coronavírus, outras doenças infecciosas não desapareceram e merecem receber os cuidados devidos.

leia mais em: Veja Saúde

domingo, 21 de junho de 2020

Cigarros apagados poluem


Qual o potencial de poluição de um cigarro? Os danos causados vêm apenas de sua fumaça? Definitivamente não. De acordo com uma reportagem do site Super Interessante, os componentes tóxicos de um cigarro continuam ativos por mais de cinco dias depois de ser apagado. Em 24 horas um cigarro apagado libera 14% da nicotina que um cigarro acesso emite.

A conclusão é de uma pesquisa do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos, solicitada e financiada pelo Food and Drug Administration (FDA que regula produtos relacionados à saúde (medicamentos, comida, cosméticos, tabaco, entre outros).

Durante a pesquisa foram utilizados mais de dois mil cigarros. Foi analisada a concentração de químicos presentes em cigarros recém apagados e observou-se que a emissão dos poluentes continuou durante dias. Um cigarro fumado na segunda-feira continuou emitindo poluentes até o sábado seguinte.

A estimativa de cinco trilhões de bitucas, produzidas por fumantes anualmente, traz um resultado significativo para a saúde humana e para o meio ambiente. Quanto mais quente é o ambiente onde o cigarro é descartado, mais rapidamente os poluentes são liberados. Em lugares fechados, como casas e carros, o problema ainda é mais grave – imagine crianças respirando o ar dentro de um carro onde há restos de cigarros. No Brasil, o clima tropical ainda pode piorar mais a situação.

Diante de tudo isso, torna-se fundamental descartar corretamente os cigarros apagados – seja em coletores apropriados ou lixeiras comuns – e nunca os deixar dispersos no ambiente. Cigarros descartados de forma errada prejudicam a saúde das pessoas e contaminam o solo, uma vez que o cigarro pode demorar até 10 anos para se biodegradar.

Leia mais em: Super Interessante

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Por que algumas pessoas que não fumam têm DPOC?

*Fonte da imagem: Robina Weermeijer / unsplash.com

Esta semana, uma pesquisa divulgada pelo National Institutes of Health (NIH) ganhou as manchetes. O estudo aponta que pessoas com vias aéreas desproporcionalmente pequenas possuem maior risco de desenvolver DPOC, mesmo que não fumem. Reproduzimos abaixo parte da matéria do NIH.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença pulmonar debilitante e que, geralmente, se desenvolve como consequência do tabagismo. No entanto, os pesquisadores há muito tempo se perguntam por que quase um terço dos casos ocorre em pessoas que nunca fumaram. Agora eles podem finalmente ter uma resposta - e isso pode estar relacionado a forma como os pulmões se desenvolvem em cada pessoa.

A DPOC, quarta principal causa de morte nos Estados Unidos, causa bloqueio do fluxo de ar e problemas respiratórios que podem limitar severamente as atividades diárias de uma pessoa. O ato de fumar, ter asma ou estar submetido a um ambiente com níveis altos de poluição do ar, são as principais condições responsáveis por muitos casos de DPOC. Apesar disso, até 30% dos casos ocorrem em pessoas fora dessas condições, o que sugere que existem outros fatores de risco.

Pesquisas anteriores ofereceram uma pista sobre uma possível causa, revelando que cerca de metade dos adultos com DPOC parecia já apresentar função pulmonar baixa no início da vida. O Dr. Benjamin Smith, médico pneumologista do Departamento de Medicina do Centro Médico Irving, da Universidade de Columbia, Nova York, membro da equipe do novo estudo, explicou o fenômeno. Segundo ele, quando as pessoas respiram, elas movem o ar pelas vias aéreas, começando pela traqueia, que se ramifica para as vias aéreas menores, chamadas brônquios e bronquíolos. À medida que as pessoas crescem, acredita-se que suas vias aéreas se desenvolvam proporcionalmente aos pulmões. No entanto, em algumas pessoas, as vias aéreas se tornam menores ou maiores que o esperado - uma condição chamada disanapsis - as razões não são claras.

Para descobrir se as vias aéreas pequenas podem ser as culpadas pela DPOC em pessoas que não fumam ou têm outros fatores de risco, uma equipe liderada pelo Dr. Smith analisou os registros, com exames de imagem, de mais de 6.500 idosos que participaram de três estudos que incluíam fumantes e não fumantes, com e sem DPOC. A chamada disanapsis foi avaliada a partir da tomografia computadorizada (TC).

Essas tomografias das vias aéreas (vermelho) e pulmões (preto) mostram o espectro de disanapsis, com vias aéreas menores em proporção ao tamanho do pulmão (esquerda) em comparação com as vias aéreas de tamanho normal (meio) e maiores que as vias aéreas normais (direita).

"Esses resultados mostram que pequenas vias aéreas em relação ao tamanho do pulmão são um fator de risco muito forte para a DPOC", disse o Dr. Smith, principal autor do estudo. "Isso nos ajuda a entender por que 30% da DPOC pode ocorrer em pessoas que nunca fumaram". Com o envelhecimento normal, a função pulmonar diminui, então as pessoas, que já têm baixa função pulmonar, podem desenvolver DPOC mais tarde na vida, mesmo que não fumem, explicou o Dr. Smith.

Leia mais em NIH

sexta-feira, 5 de junho de 2020

As Emoções e a Saúde


“A doença do médico não é a ‘doença do doente’” (cirurgião da dor, René Leriche)

A discussão sobre a relação entre saúde física e estado emocional é antiga. Hipócrates já discutia o assunto no século IV a.C. e o tema permanece até os dias de hoje. Diversos artigos científicos buscam desvendar as relações existentes entre doenças respiratórias e a saúde mental. A grande maioria enfoca como a asma pode ser afetada por ansiedade e depressão, mas há estudos que abordam a inter-relação de fatores psicológicos com outras doenças crônicas como a DPOC, por exemplo. Os achados revelam como o estado emocional pode servir como gatilho desencadeador de crise nos portadores de doenças respiratórias. Também como esse mesmo estado emocional pode afetar o sistema imunológico, podendo abrir portas para infecções e outros problemas de saúde. Há ainda o caráter psicossomático de algumas patologias, quando uma pessoa tem dificuldade de expressar com ações e palavras seus sentimentos e acaba gerando somatizações – doenças de fundo emocional.

Diariamente somos expostos a variados estímulos que desencadeiam sentimentos variados: medo, euforia, raiva, alegria, satisfação, irritação, entre outros. Situações extremas promovem a liberação de níveis mais altos de adrenalina, noradrenalina e do hormônio da tireoide – isso significa um alerta para o sistema imunológico que deve se preparar para a defesa. A partir daí segue-se uma batalha. Ser submetido continuamente a situações extremas gera um estresse que afeta negativamente o sistema imunológico tornando-o vulnerável em relação a infecções.

Diante de tudo isso, ao observarmos o panorama atual em que o isolamento social, a suspensão das atividades laborativas para grande parte da população, o medo natural provocado pela pandemia e aquele exacerbado por publicações alarmistas e “fake news”, e o fato de que, pelo menos 18,6 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade e 15,5% é acometido por depressão em algum momento da vida (Fonte Conexa Saúde), devemos refletir sobre como as pessoas estão reagindo a tudo e o que pode ser feito para se proteger, além do uso de máscaras e álcool gel. Não é sem motivo que, frente ao isolamento, relatos viralizam nas redes sociais, que ao menor sintoma de gripe pessoas corram para os serviços de saúde, que alguns se tornem obsessivos com cuidados de proteção enquanto outros acabem por desrespeitar orientações básicas – as emoções estão intensas como numa viagem de montanha-russa. Então o que fazer para se proteger / se cuidar?

Além dos cuidados básicos já tão repetidos (sociais e de proteção individual), é importante cuidar do corpo e da mente. Fortalecer o sistema imunológico é fundamental: alimentação balanceada, ingestão de líquidos, tomar sol em horários recomendados, dormir bem, manter a mente saudável. Sobre este último, podemos dizer que é fundamental se afastar de situações nocivas – repetição de notícias ruins ou conversas e passatempos que tragam sofrimento psíquico desnecessário – e concentrar-se em atividades que proporcionem bem-estar. Lembre-se de que, em caso de sofrimento psíquico contínuo, sem condições de reversão por meios próprios, há a necessidade de suporte especializado.

sábado, 30 de maio de 2020

Uma geração livre do tabaco

Foto:OPAS

No Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) chama os jovens das Américas a reconhecer, expor e resistir às táticas enganosas usadas pela indústria do tabaco e seus aliados para recrutar clientes mais jovens – o que resulta em milhões de vidas perdidas.

Os fabricantes de tabaco e seus aliados nas indústrias de cigarros eletrônicos e afins gastam cerca de US$ 9 bilhões por ano em táticas agressivas de marketing, muitas delas voltadas especificamente para crianças e jovens.

De acordo com o diretor adjunto da OPAS, Jarbas Barbosa, a indústria do tabaco precisa que os jovens comprem seus produtos, levando à dependência de nicotina, para que se tornem consumidores de longo prazo. “Isso cria a oportunidade de substituir os 8 milhões de pessoas em todo o mundo que morrem por causas relacionadas ao tabaco todos os anos. É uma questão de lucros sobre as pessoas – uma escolha indefensável”.

Na campanha deste ano, a OPAS e a Organização Mundial da Saúde (OMS) buscam derrubar os mitos e expor as enganações do marketing feito pela indústria do tabaco e seus aliados para recrutar novos clientes, especialmente crianças e jovens. A publicidade do tabaco – que inclui seus produtos em filmes, TV e ferramentas de streamings – tenta fazer com que o fumo e o “vaping” pareçam modernos, sofisticados, adultos e legais. Na realidade, seu consumo causa não apenas enfermidades graves como doenças cardíacas, câncer e doenças pulmonares, mas também mau hálito, dentes descoloridos e pele enrugada.

A campanha do Dia Mundial Sem Tabaco deste ano convida os jovens a se unirem para se tornarem uma “geração livre do tabaco”. Para ajudar a capacitá-los, a OMS lançou um novo kit para estudantes (13 a 17 anos) para alertá-los sobre as táticas da indústria do tabaco usadas para conectá-los a produtos viciantes.

Para apoiar os jovens, a OPAS/OMS está pedindo aos governos e líderes da sociedade civil que façam sua parte para combater a influência exercida pelo tabaco e indústrias relacionadas.

Escolas devem recusar qualquer forma de patrocínio e proibir os representantes das empresas de tabaco e nicotina de se envolverem com os alunos. Celebridades e influenciadores devem rejeitar todas as formas de patrocínio, enquanto os serviços de televisão e streaming devem parar de mostrar o uso de tabaco ou cigarro eletrônico na tela. As plataformas de mídia social devem proibir todas as formas de comercialização de tabaco e produtos relacionados. Os governos e o setor financeiro não devem investir no tabaco e indústrias relacionadas.

Todos os setores podem ajudar a desconstruir as táticas de marketing do tabaco e indústrias relacionadas que atacam crianças e jovens.

Leia mais em: nacoesunidas.org

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Por que pneumonias podem levar à morte?

Imagem extraída de: https://images-prod.healthline.com/

Pneumonia é uma infecção dos pulmões que pode ser causada por uma variedade de patógenos, incluindo vírus, bactérias e fungos e pode variar de um quadro leve de infecção a formas graves, que podem levar à morte. Embora possa afetar qualquer pessoa, indivíduos com maior deficiência imunológica ou determinadas condições clínicas têm maior risco de desenvolver formas graves de pneumonia.

Crianças menores de 2 anos, idosos acima de 65 anos, pacientes diabéticos e em uso de terapia imunossupressora, pessoas hospitalizadas, em especial se estiverem em uso de ventilação mecânica e tabagistas são aqueles considerados potencialmente sujeitos ao risco de óbito por pneumonia.

Os sintomas de pneumonia podem ser mais leves ou mais sutis em muitos pacientes de risco e, por esse motivo, essas pessoas podem não receber os cuidados necessários até que a infecção se agrave. É muito importante estar ciente do desenvolvimento de quaisquer sintomas e procurar atendimento médico imediato. Além disso, a pneumonia pode piorar condições crônicas preexistentes, particularmente as doenças do coração e pulmões o que pode levar a um rápido declínio das funções cardíacas e respiratórias.

A maioria das pessoas acaba se recuperando de uma pneumonia. No entanto, em pacientes hospitalizados, a taxa de mortalidade em 30 dias é de 5 a 10% e pode chegar a 30% daqueles admitidos em terapia intensiva.

A causa da pneumonia pode frequentemente determinar a gravidade da infecção. As pneumonias bacterianas são geralmente as mais graves. Os sintomas costumam se apresentar de forma aguda e podem afetar um ou muitos lobos do pulmão. Quando vários lobos dos pulmões são afetados, a pessoa normalmente requer hospitalização. Antibióticos são usados para tratar pneumonia bacteriana. Complicações podem ocorrer, como bacteremia e sepse.

Pneumonia viral habitualmente costuma ser uma doença de curso mais brando, mas em casos específicos, pode evoluir para formas exuberantes e síndrome respiratória aguda grave. Pneumonias virais podem, às vezes, ter sua evolução agravada quando uma infecção bacteriana se desenvolve simultaneamente ou após a pneumonia viral.

A pneumonia causada por fungos é tipicamente mais comum em pessoas com um sistema imunológico debilitado e essas infecções podem ser muito graves.

Pneumonia também pode ser classificada pelo local onde é adquirida - na comunidade ou em um hospital ou estabelecimento de saúde. A pneumonia adquirida em um hospital ou estabelecimento de saúde geralmente é mais perigosa porque o indivíduo já se encontra debilitado pela doença que causou sua hospitalização, além de haver maior risco de gravidade devido à alta prevalência de resistência a antibióticos.

Efeitos da pneumonia no organismo

Pneumonia causa inflamação nos alvéolos pulmonares (minúsculos sacos aéreos, presentes nos pulmões, envolvidos por capilares sanguíneos e uma fina membrana). A principal função dos alvéolos pulmonares é ser o local onde ocorrem as trocas gasosas entre o ar e o sangue. A inflamação dos alvéolos resulta em acúmulo de secreções, líquido e até pus, que dificulta a respiração.


Imagem extraída de: https://www.healthxchange.sg/syndication/PublishingImages/pneumonia-causes-symptoms.jpg

A chegada aos pulmões desses agentes infecciosos desencadeia uma intensa resposta inflamatória traduzida em sintomas como tosse, com ou sem a presença de secreção, a depender do agente causal. Em pneumonias bacterianas, o muco expectorado poder ser amarelo-esverdeado ou marrom; há casos em que a expectoração contem sangue e outros onde predomina tosse seca. O paciente pode referir do no peito, que piora quando respira fundo, febre alta e a respiração pode se tornar superficial ou mais difícil.

O acúmulo de líquido dentro e ao redor dos pulmões pode levar a mais complicações, como ocorrer acúmulo de líquido no espaço entre os pulmões e o revestimento interno da parede torácica, o chamado derrame pleural - na linguagem popular: "água na pleura". Um derrame pleural infectado, muitas vezes, precisará ser drenado.

Se o quadro infeccioso não for controlado, os pulmões se tornam incapazes de realizar de forma eficiente a troca gasosa, o que leva à insuficiência respiratória (respiração rápida, confusão mental e cianose periférica), hipoxemia, choque séptico e graves repercussões em outros órgãos, como coração, rins e cérebro.

As complicações de uma pneumonia podem ser letais. O risco de desenvolvê-las depende das condições do paciente, como idade, problemas prévios de saúde, o agente causal e a qualidade e rapidez de instituição do tratamento adequado.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Fim do isolamento no Brasil: Quando e como?

Fonte da imagem: Hoje em dia

Seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, os estados brasileiros adotaram medidas de distanciamento social como estratégia para conter a propagação do coronavírus em março de 2020. O índice considerado efetivo seria de, no mínimo, 50%, mas como podemos observar na figura acima, no dia 13 de maio apenas Ceará e Amapá mantinham esse índice.

Há, à primeira vista, um descrédito, por parte da população, em relação a esse tipo de medida. Segundo uma pesquisa do Instituto Ipsos realizada em diversos países e divulgada em abril, o Brasil está entre os países que menos acreditam nas medidas de isolamento. No entanto, há uma corrente de pesquisadores que afirma que é eficaz e cientificamente comprovada, auxiliando no combate a doenças infecciosas e avanço da Covid-19.

Nesse caminho, durante o debate Desafios para o Brasil diante da Pandemia Covid-19, realizado online, através do Portal da Inovação no mês de abril, o subdiretor da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), Jarbas Barbosa afirmou, sobre a possível suspensão do isolamento, que: “Não há dúvidas de que teríamos uma catástrofe semelhante à da Itália. Basta olharmos o número de mortes no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde há atraso de pelo menos uma semana entre a morte e a confirmação do caso” – leia mais em APS Redes. Mas então, qual seria o melhor momento para reduzir o isolamento e de que forma? A difícil pergunta tem estado no das buscas realizadas no Google, como mostram os números abaixo:

Perguntas sobre quarentena/ isolamento que mais cresceram no Brasil
Pergunta............................................... Crescimento (em %)
"Quando vai acabar a quarentena 2020?"..................7703.67%
"Quando voltam as aulas depois da quarentena?"..........1195.87%
"Até quando vai a quarentena no Rio de Janeiro?".......1083.55%
"Até quando a quarentena vai durar?".....................871.25%
"Até quando vai o isolamento social?"....................670.80%
Dados registrados em abril – Fonte: UOL.

O planejamento do fim do isolamento deve considerar uma série de fatores que variam conforme a realidade local e que, por isso, não pode ser aplicada de forma padronizada. Entre os fatores a serem considerados, encontramos: a curva de crescimento e pico de contágio; a capacidade de atendimento médico, considerando vagas de UTIs com leitos de suporte e respiradores; capacidade de testagem e os prazos para resultados; características da população, tamanho do grupo de risco; monitoramento e vigilância epidemiológica; além das medidas, reconhecidamente eficazes, de distanciamento social (distância mínima entre indivíduos), uso de máscaras e higiene, como a lavagem das mãos – estas últimas devem ser mantidas durante o período pós suspensão do isolamento social.

Seguindo este raciocínio, a suspensão do isolamento é um relaxamento de medidas de controle e não sua interrupção integral, a fim de que não ocorra um crescimento exacerbado no número de casos de Covid-19 durante o retorno das atividades. Assim, é necessário ajustar as interações sociais, mantendo alguns hábitos adquiridos durante o período mais rígido do processo.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

A epidemia silenciosa de DPOC

Imagem extraída de: https://www.domedica.com/wp-content/uploads/bpo.png

DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), a terceira causa de mortes no mundo, é um grave problema de saúde pública. A doença é o resultado final da exposição pulmonar a inúmeros estímulos ambientais, em especial o tabagismo e a poluição do ar ambiente, mas tem recebido pouca atenção quando comparada a outras doenças que causam grande morbidade e mortalidade global.

Estima-se que haja 328 milhões de pessoas portadoras de DPOC no mundo e, dentro de 15 anos, a doença possa se tornar a causa principal de morte mesmo em países desenvolvidos. Em países de baixa renda, onde ocorrem mais de 90% de óbitos relacionados à doença, DPOC já é considerada hoje um assassino silencioso.

O declínio lento na função pulmonar que caracteriza DPOC é associado a sintomas progressivos como tosse produtiva, dispneia progressiva e suscetibilidade a infecções respiratórias, as chamadas “exacerbações”, que são responsáveis por grande parte da mortalidade pela doença.

DPOC impacta de forma significativa a qualidade de vida de pessoas afetadas assim como produz efeitos diretos na economia. Pacientes com DPOC são, em geral, improdutivos e requerem tratamento especializado e continuado, sobrecarregando os serviços de saúde.

A maioria dos casos de DPOC é prevenível. Iniciativas que reduzam a exposição ao tabaco e outros poluentes domésticos resultantes da queima de biomassa e combustíveis fósseis poderiam contribuir para a diminuição dos efeitos adversos relacionados a essa exposição. Campanhas de advertência e programas de saúde direcionados a conscientizar a população sobre os agentes que levam à doença têm o potencial de revolucionar o diagnóstico e manejo clínico da DPOC e suas exacerbações, melhorar a qualidade de vida das pessoas e reduzir os custos dos serviços de saúde.

Um dado importante deve também ser considerado. DPOC é subdiagnosticada em muitas regiões do mundo, logo os estudos que hoje se propõem a analisar os impactos econômicos globais da DPOC são todos baseados em casos diagnosticados da doença, um número que não revela a totalidade de indivíduos acometidos.

Ter um melhor conhecimento sobre como prevenir, diagnosticar e manejar a DPOC, tanto em áreas rurais como urbanas, com certeza pode fazer a diferença, mas em virtude do caráter lento e progressivo da doença, medidas tomadas hoje só terão impacto sobre o os números de DPOC no mundo a longo prazo.


sexta-feira, 1 de maio de 2020

É possível viver bem com asma?


Estima-se que 10% da população brasileira tenha asma, doença que é a terceira maior causa de internações hospitalares pelo SUS. Dados do Ministério da Saúde revelam um índice surpreendente de óbitos por ano provocados por conta da doença: duas mil pessoas morrem e mais de 300 mil são internadas com crises agudas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), apenas 12% dos casos de asma no Brasil estão controlados.

Esses números alarmantes mostram as dificuldades no manejo clínico dessa doença que atinge pessoas de todas as faixas etárias.

Asma é uma doença inflamatória crônica e persistente das vias aéreas inferiores. Viver bem com asma persistente pode ser um desafio. Os pacientes apresentam sintomas de falta de ar, aperto no peito, tosse e chiado no peito. Esses sintomas influenciam muitos aspectos da vida de um indivíduo, resultando em encargos emocionais, financeiros, funcionais e relacionados a medicamentos que afetam negativamente a qualidade de vida. A qualidade de vida do paciente asmático pode ser muito ruim, com visitas constantes a serviços de emergência e frequentes internações hospitalares se o tratamento não for realizado corretamente.

Pessoas com asma grave podem ser refratárias ao tratamento, podem ter um controle deficiente dos sintomas e correm um risco maior de morte. Sabe-se que a qualidade de vida é influenciada pelos níveis individuais de satisfação decorrentes das experiências de tratamento da vida real.

O tratamento consiste em reduzir o processo inflamatório e deve ser feito de forma preventiva e não somente para “tratar as crises”. Sem tratamento adequado, a asma tende a piorar e passar de leve para moderada ou grave, podendo levar à morte independente do grau que se apresenta.

Conhecer a doença é a melhor forma de controlar a asma. Interromper o uso da medicação, não respeitar a gravidade dos sintomas e se automedicar são condutas que devem ser evitadas. Estar atento aos sintomas e usar adequadamente a medicação prescrita é fundamental para viver bem com a asma. Medidas adicionais como reduzir a exposição aos gatilhos da doença, realizar vacinação anual contra a gripe, deixar de fumar e evitar o tabagismo passivo são capazes de minimizar ou diminuir a intensidade das crises.

Embora o manejo da asma tenha avançado nos últimos anos, o ônus da doença grave e seus impactos na qualidade de vida continuam sendo um grande problema. Estratégias convencionais e tratamentos baseados em diretrizes sozinhos são ineficazes para alguns pacientes. Intervenções não farmacológicas como programas de educação em asma, estímulo a prática de atividades físicas e intervenção psicológica em casos específicos são algumas estratégias que podem melhorar o bem estar de pacientes com formas graves de asma.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Fumantes têm maior chance de desenvolver quadros graves de Covid-19

Imagem: Serhii Sobolevskyi / iStock

A Covid-19 é uma doença de aparecimento recente e por esse motivo ainda não existem muitos estudos sobre a sua relação com o tabagismo, porém dados registrados na China, onde a epidemia teve início, mostram que o número de pacientes com a Covid-19 grave, ou seja, com insuficiência respiratória e necessidade de tratamento em terapia intensiva, foi maior entre os fumantes, especialmente naqueles mais idosos e com doenças crônicas não infecciosas, em sua maioria causadas ou agravadas pelo tabagismo. Entre os pacientes com formas graves da doença, os fumantes morreram em maior porcentagem do que os indivíduos que não fumavam.

O fumante possui mais chances de desenvolver sintomas graves da Covid-19 em decorrência do quadro inflamatório crônico produzido pelo tabaco nos pulmões. Outro risco associado ao tabagismo é que o hábito de fumar requer levar as mãos frequentemente aos lábios, o que aumenta a chance de infecção pelo coronavírus.

A fumaça do tabaco é nociva às células respiratórias e causa inflamação que se estende do nariz até as estruturas microscópicas responsáveis pela absorção do oxigênio, chamadas de alvéolos. Com a repetição da exposição, o dano vai ficando permanente, levando à inflamação crônica dos brônquios (bronquite crônica) e à destruição completa dos alvéolos (enfisema), o que caracteriza a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), principal doença pulmonar relacionada ao tabagismo.



O tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Os fumantes têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos e, por isso, são acometidos com maior frequência por infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. Fumantes e portadores de DPOC apresentam níveis mais altos de uma molécula chamada ACE-2 (enzima conversora de angiotensina II) nos pulmões. Estudos anteriores já demonstraram que a ACE-2, que se localiza na superfície dos alvéolos pulmonares, é a “porta de entrada” que permite ao coronavírus se instalar nos pulmões provocando a infecção que pode ter evolução para quadros graves e levar até a morte.

No Brasil, estima-se que haja atualmente cerca de 15 milhões de fumantes.Embora o tabagismo não figure na lista de comorbidades associadas ao risco maior de apresentar formas graves da Covid-19, acreditamos que deva ser considerado como fator de risco potencial mesmo na ausência de DPOC ou outra doença respiratória de base.

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