Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sábado, 1 de agosto de 2020

Adolescência e fumo, como a iniciação precoce pode dificultar a parada na vida adulta

Fonte da imagem: Teens - Drug Abuse

A iniciação do uso de drogas na adolescência é um tema exaustivamente discutido entre especialistas há muito tempo. A experimentação nessa fase pode desencadear a dependência e causar transtornos para o resto da vida. Isso acontece porque, segundo a Professora Rosana Camarini, do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/USP): “Durante a adolescência ocorrem mudanças biológicas muito importantes. Alguns sistemas, como o inibitório, não estão amadurecidos. É um sistema importante para controlar determinadas atitudes do indivíduo” (Leia mais em: USP). Inclui-se aí a área cerebral responsável pela tomada de decisões, que por não estar bem desenvolvida, deixa o adolescente mais propenso a situações de risco. Nesse sentido, se a dependência química desenvolvida e instalada na adolescência alcança a idade adulta, pode alçar um status mais severo, pois passa a fazer parte da estrutura do indivíduo (sistemas, comportamentos, lembranças etc.).

Seguindo esse tema, um estudo publicado Journal of the American Heart Association, nos EUA, no mês de abril, reafirmou que as dificuldades de interromper o hábito de fumar na vida adulta, se torna ainda mais severo quanto mais cedo o indivíduo começou a fumar. Para a pesquisa, foram colhidas informações de 6.600 indivíduos nos EUA, Austrália e Finlândia - sendo 57% do sexo feminino.

Trata-se do estudo com o mais longo acompanhamento de fumantes realizado até aqui, onde foram observados os padrões de fumo de acordo com as faixas etárias: entre 6 e 19 anos, entre 20 e 30 anos e depois dos 40. A principal conclusão foi de que "há prevalência do vício em fumar cigarros para quem já fumava na adolescência" - o que foi semelhante entre os participantes dos três países - e que " o vício em nicotina é mais forte quando se começa a fumar na infância".

De acordo com o estudo, quanto mais cedo as pessoas começaram a fumar, maior a probabilidade de se transformarem em dependentes e menor a de conseguirem deixar de fumar na faixa de 40 anos.

Principais resultados da pesquisa:

* Primeira experimentação entre 18 e 19 anos: apenas 8% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos;

* Primeira experimentação entre 15 e 17 anos: 33% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos;

* Primeira experimentação entre 13 e 14 anos: 48% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos;

* Primeira experimentação entre 6 e 12 anos: 50% se tornaram fumantes diários entre 20 e 30 anos.

Além disso, dados sugerem que "crianças que apenas experimentaram cigarros, poucas vezes, se mostraram mais propensas a adquirem o hábito regular.

Pensando que, no mundo, cerca de 270 milhões fumam diariamente, que nos EUA 87% dos fumantes iniciaram o tabagismo antes dos 18 anos e que no Brasil a idade média de experimentação é de 16 anos, liga-se o alerta sobre a necessidade da prevenção. De acordo com Rose Marie Robertson, responsável pela American Heart Association, os resultados do estudo reiteram "a importância de manter o tabaco longe dos jovens até 21 anos."

Fonte do texto original: Viva Bem

Leia o estudo na íntegra: Journal of the American Heart Association

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