Pulmão

Pulmão
"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Não sei se tenho asma ou bronquite

(Foto extraída de: https://www.ufrgs.br/telessauders/wp-content/uploads/2016/06/asma.fw_.png)

Asma e bronquite são frequentemente confundidas por apresentarem sintomas semelhantes, mas apesar de provocarem sintomas parecidos, a asma e a bronquite têm causas distintas.

Asma

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que consiste no estreitamento dos brônquios, causando a típica falta de ar, tosse e chiados no peito. O desenvolvimento da asma costuma estar associado a uma causa genética, ou seja, algumas pessoas apresentam uma predisposição para desenvolver a doença e, ao entrar em contato com fatores que sensibilizam as vias aéreas, como ácaro, poeira, fumaça de cigarro, pelo de animais, entre outros, a inflamação pode se manifestar. É uma doença comum da infância e pode acompanhar a pessoa por toda a vida ou se manifestar em diversas faixas etárias. A obstrução brônquica na asma é reversível espontaneamente ou após uso de medicação broncodilatadora.



O diagnóstico de asma pode ser demorado porque é preciso observar o tipo de sintomas e sua periodicidade, mas o caráter reversível da doença pode constituir uma dificuldade diagnóstica. A espirometria, exame que registra os volumes e fluxos pulmonares, é capaz de identificar presença de obstrução brônquica e resposta positiva a broncodilatador sugestiva de asma, mas fora das crises da doença, pode mostrar valores dentro da normalidade.

Bronquite

Bronquite é um termo comumente usado como sinônimo de asma, mas não é a mesma doença. É também um processo inflamatório dos brônquios, que pode ser agudo ou crônico. A bronquite aguda, geralmente causada por infecção por vírus ou bactéria, costuma ter curso limitado (uma a duas semanas). Em crianças, quadros agudos de bronquite são comuns, em geral em meses frios do ano, cursam com tosse produtiva e secreção abundante e respondem bem ao tratamento adequado.


Bronquite crônica é a inflamação prolongada dos brônquios, onde os sintomas de tosse produtiva são persistentes e se manifestam por três meses ou mais, durante pelo menos, dois anos consecutivos. A principal causa da doença é a inalação de fumaça do cigarro, podendo estar relacionada ainda a outros poluentes ambientais e químicos. A bronquite crônica faz parte de uma síndrome clinica que inclui o enfisema pulmonar denominada Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

É importante ressaltar que a asma e os diferentes tipos de bronquite têm causas e tratamentos diferentes.

Leia mais em: Pneumoblog

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Associação álcool e tuberculose

(Foto extraída de: https://iogt.org/wp-content/uploads/2014/07/2015-07-30-09.23.14-700x700.jpg)

Texto de: Carla Conceição dos Santos¹

A tuberculose (TB) se mantém como um importante problema de saúde pública mundial, embora os esforços para controlar a epidemia tenham conseguido reduzir sua mortalidade e incidência. Entretanto, vários fatores predisponentes precisam ainda ser enfrentados a fim de reduzir a carga global da doença. Em 2018, o Brasil registrou 72 mil novos casos de tuberculose, segundo o Ministério da Saúde (MS). No ano anterior, foram 73 mil. Segundo o MS, a doença tem relação direta com a pobreza e a exclusão social.

Algumas condições contribuem para o desenvolvimento da doença, entre elas está o consumo de álcool, ou sua dependência, durante o tratamento da TB. O alcoolismo crônico é considerado importante fator de risco para o desenvolvimento da tuberculose, visto que há alta incidência de casos e de formas mais avançadas de tuberculose pulmonar entre esses pacientes. Pesquisadores assinalam que o alcoolismo é um fator que altera negativamente a resistência individual porque o etilista encontra no álcool suficientes calorias e não se alimenta bem. Está propenso a uma gastrite, que por sua vez produz inapetência, agravando o estado nutricional, baixando a resistência e finalmente aumentando o risco do indivíduo de adquirir a tuberculose.

Embora o consumo de álcool seja considerado socialmente aceitável em todo o mundo, ele pode levar à dependência. Os problemas de consumo de álcool variam amplamente. O uso nocivo do álcool está classificado entre os cinco principais fatores de risco para doenças, incapacidades e morte, além de ser um fator causal em mais de 200 doenças e danos à saúde, incluindo a tuberculose, em todo o mundo. Estima-se que aproximadamente 10% de todos os casos de tuberculose são atribuíveis ao uso de álcool.

O problema deve ser tratado na comunidade e, também, mais considerado pela equipe de saúde que trabalha diretamente com doentes de TB, buscando encontrar meios precisos de identificar esses pacientes e oferecer tratamento concomitante ao uso ou abuso de álcool.

Os alcoolistas apresentaram probabilidade quase quatro vezes maior de abandonar o tratamento. A sensação de recuperação de saúde, o uso da bebida alcoólica ou drogas e o desconforto do tratamento – incluindo efeitos adversos – são motivos para o abandono do tratamento.

Caso o tratamento não seja realizado da forma recomendada, o indivíduo pode desenvolver o tipo resistente da doença, denominada tuberculose drogarresistente (TB-DR), que requer tempo de tratamento prolongado, podendo chegar a dois anos, e uso de um número maior de medicamentos tuberculostáticos.

A prevenção e o tratamento de abuso de substâncias, incluindo o uso nocivo do álcool, devem fazer parte da abordagem de tratamento dessa população de indivíduos portadores de TB. Nestes casos, o monitoramento da aderência ao tratamento, para evitar o abandono, merece especial atenção.

¹
Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Efeitos nos pulmões da inalação aguda de fumaça em ambientes fechados


Cerca de 80% dos óbitos em incêndios são causados por inalação de vapores e produtos químicos, principalmente monóxido de carbono e cianeto.

Os mecanismos de lesão pulmonar secundária à fumaça originada da combustão são: dano térmico direto, asfixia por falta de oxigênio, intoxicação pelo monóxido de carbono e irritação direta da árvore pulmonar pelas substâncias químicas inaladas.

As lesões térmicas pela inalação de fumaça, em geral ficam restritas a orofaringe, uma vez que o contato das vias respiratórias com ar muito quente estimula o fechamento da glote, diminuindo a passagem de calor para dentro dos pulmões, entretanto, em casos de aspiração de calor úmido, como vapores, que conseguem manter-se quentes até os pulmões, podem ocorrer sérias lesões térmicas dos pulmões.

A exposição da mucosa respiratória ao calor intenso pode provocar grave edema das vias aéreas, levando a broncoconstrição, de modo semelhante ao que ocorre em casos de alergia grave e edema de glote. Além disso, grandes incêndios em locais fechados, com pouca ventilação, consomem rapidamente uma grande quantidade de oxigênio. No ar ambiental que respiramos, cerca de 21% do volume é composto por oxigênio. Em incêndios, a concentração de oxigênio cai pela metade, sendo insuficiente para a oxigenação do sangue e das células, levando os pacientes à hipoxemia (falta de oxigênio no sangue).

A aspiração de outras substâncias na fumaça, como monóxido de carbônico e/ou cianeto também podem provocar asfixia. O monóxido de carbono que se forma a partir da queima de materiais é inalado pelos pulmões e cai na corrente sanguínea, ocupando espaço nos glóbulos vermelhos onde deveria estar o oxigênio. Os glóbulos vermelhos tomados por monóxido de carbono não conseguem transportar oxigênio, o que provoca a morte.

Outros fatores que contribuem para o dano pulmonar são as toxinas produzidas pela fumaça, ainda mais se considerarmos a ampla variedade dos componentes envolvidos no incêndio, bem como a imprevisível taxa de formação de subprodutos, dependendo da temperatura, espaço e composição do ambiente. A presença de grande quantidade de substâncias irritativas à mucosa do sistema respiratório provoca intensa reação inflamatória, levando à extravasamento de líquidos, formação de edema, produção de muco, descamação do epitélio, morte celular e necrose do tecido pulmonar.

Pacientes que sabidamente foram expostos à fumaça, mas não apresentam sinais de gravidade devem ser observados por 24 horas, pois o edema das vias aéreas pode demorar algumas horas para surgir. Qualquer pessoa exposta à fumaça em ambientes fechados por mais de 10 minutos deve ficar em observação.

Todos os indivíduos expostos à fumaça devem receber suplementação de oxigênio a 100% (lembre-se que o ar que respiramos é oxigênio a 21%). Este grande volume de oxigênio serve para reverter a hipoxemia causada pelas baixas concentrações de oxigênio nos incêndios e para aumentar a competição pela hemoglobina contra o monóxido de carbônico e o cianeto.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Pesquisa realizada nos EUA revela: doença provocada por cigarro eletrônico é apenas a “ponta do iceberg”

Fonte da imagem: https://www.dollarshaveclub.com

Um estudo recente, publicado na revista Radiology: Cardiothoracic Imaging, intitulado "Cigarro Eletrônico ou Lesão Pulmonar Associada ao Vaping (EVALI): A Ponta do Iceberg", mostra como os dados epidemiológicos de agravos provocados pelo uso do cigarro eletrônico nos Estados Unidos podem revelar apenas uma pequena parte dos riscos iminentes.

Nos EUA foram registrados até a última semana 1.604 casos de lesão pulmonar associada ao uso do cigarro eletrônico, sendo que 34 resultaram em mortes. Esses números podem ser apenas a ponta do iceberg do problema, de acordo com uma pesquisa recente, subestimando a verdadeira incidência e prevalência dos agravos relacionados aos e-cigs.

O primeiro caso de doença relacionada aos cigarros eletrônicos foi registrado no final de março, mas as autoridades ainda não identificaram os produtos químicos que estão causando a doença. Também não está claro se todos os casos são do mesmo tipo de lesão. O surto não parece estar vinculado ao uso a longo prazo de modelos usados nos EUA há mais de dez anos. Na verdade, as autoridades acreditam que os produtos ilícitos que contêm THC - o componente psicoativo da cannabis - são os culpados.

Estudos demonstraram que os cigarros eletrônicos pode causar danos semelhantes aos observados em fumantes de cigarros tradicionais - e em pessoas com doença pulmonar crônica. Um exemplo dado foi de um paciente de 24 anos. Ele usava os dispositivos diariamente. Uma equipe dos EUA lançou raios-X (TC) que destacam anormalidades alarmantes, causadas por gorduras dos óleos, dos cigarros eletrônicos, encontrados em seus pulmões. O homem estava com falta de ar, tosse, dor no peito e febre há uma semana. Ele tinha histórico de asma, o que aumenta a preocupação com o uso dos e-cigs, que podem ser particularmente perigosos para quem sofre de distúrbio respiratório.

A radiografia de tórax póstero-anterior em um homem de 24 anos com história de uso de cigarro eletrônico mostra opacidades reticulares bilaterais e predominantemente em vidro fosco e espaço aéreo distribuídas em ambos os pulmões inferiores e ausência de derrame pleural

Estudos demonstraram que o uso do cigarro eletrônico pode causar danos semelhantes aos observados em fumantes de cigarros tradicionais - e em pessoas com doença pulmonar crônica. Um exemplo dado foi de um paciente de 24 anos. Ele usava os dispositivos diariamente. Uma equipe dos EUA lançou raios-X (TC) que destacam anormalidades alarmantes, causadas por gorduras dos óleos, dos cigarros eletrônicos, encontrados em seus pulmões. O homem estava com falta de ar, tosse, dor no peito e febre há uma semana. Ele tinha histórico de asma, o que aumenta a preocupação com o uso dos e-cigs, que podem ser particularmente perigosos para quem sofre de distúrbio respiratório.

O uso do diagnóstico por imagem é essencial no processo. E de acordo com o co-autor Dr. Suhny Abbara, da Universidade do Texas (UT) "Os radiologistas continuarão a desempenhar um papel importante no reconhecimento dessa entidade emergente. Encorajamos a comunidade de imagens médicas a produzir evidências científicas e conhecimento médico para ajudar a aprimorar nossa compreensão coletiva dos efeitos do uso de cigarros eletrônicos nos pulmões e em outros sistemas orgânicos".

O Dr. Abbara e o co-autor Dr. Fernando Kay, do departamento de radiologia da UT Southwestern Medical Center, têm como objetivo aumentar a conscientização sobre como identificar doenças pulmonares causadas por uso de cigarro eletrônico.

Os e-cigs causam mais danos aos pulmões do que se temia, de acordo com essa e outras pesquisas recentes.

Leia mais em: My London