Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Gatilhos de asma – é possível evitá-los?



Estima-se que o Brasil tenha aproximadamente 20 milhões de pessoas com asma, segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). A asma é uma doença inflamatória que se caracteriza por um espasmo da musculatura dos brônquios. Os brônquios se contraem e há um estreitamento das vias respiratórias causando falta de ar e desconforto para respirar.

A asma é um processo inflamatório crônico dos brônquios. Para que o processo inflamatório tenha início é necessário que haja um fator desencadeante. Esses fatores desencadeantes são denominados “gatilhos da asma”. Os gatilhos são variados, as respostas são individuais e podem variar de característica em uma mesma pessoa.

Identificar qual condição pode determinar uma crise num indivíduo em um momento específico não é uma tarefa simples. O desenvolvimento da inflamação nos brônquios requer uma interação entre o agente desencadeante e o hospedeiro. Além disso, o indivíduo tem de estar suscetível àquele gatilho naquele momento.

Substâncias transportadas pelo ar, como ácaros, poluição, pólen, mofo, pelos de animais, fumaça de cigarro e partículas de insetos são responsáveis pela maior parte das crises em pacientes asmáticos. Inalação de produtos químicos, como produtos de limpeza e infecções virais, como resfriados e gripes podem também desencadear uma crise de asma. Mudanças de temperatura podem estimular os receptores nervosos da mucosa brônquica em indivíduos suscetíveis e causar tosse, sibilos e falta de ar.

O fator emocional é muito importante e pode desencadear e piorar a asma. Não é raro encontrar pacientes com sintomas relacionados a situações de estresse como vestibular, doença ou morte de familiares ou aborrecimentos. Os fatores emocionais não devem ser minimizados. Asma desencadeada por “nervosismo” deve ser encarada com a mesma seriedade de asma desencadeada por poeiras, fungos ou infecção.

Alérgenos alimentares, como ovos, peixe ou amendoim, conservantes e aditivos e alguns medicamentos, como ácido acetilsalicílico e ibuprofeno, também são possíveis agentes causais de crises de asma em uma parcela menor de indivíduos asmáticos.

Muitos gatilhos de asma são fatores independentes de nossa vontade. É impossível impedir as mudanças climáticas e variações bruscas de temperatura, controlar a poluição atmosférica ou convencer as pessoas a não fumar na presença de asmáticos. Por outro lado, podemos reduzir a exposição à alérgenos domiciliares, garantir um ambiente doméstico limpo e arejado, não fumar e evitar exposição a pelo de cachorros e gatos.

As crises provocadas pela exposição a esses “gatilhos” podem produzir sérios impactos na vida do paciente e levar ao descontrole da asma. Todo indivíduo que apresentar alguma das condições citadas abaixo nas últimas quatro semanas deve procurar um especialista:

• Sintomas diurnos mais de duas vezes por semana;

• Despertares noturnos devido à asma;

• Uso de medicamentos de resgate mais de duas vezes por semana;

• Qualquer limitação de suas atividades habituais devido à asma.

Deve ser estabelecida uma relação de causa e efeito entre os gatilhos de asma e as condições a que o indivíduo encontra-se exposto, mas as mudanças de ambiente ou hábitos de vida devem ser associadas ao tratamento medicamentoso da asma.

Asma não tem cura, mas tem tratamento. Os medicamentos usados no tratamento de asma são seguros e eficazes.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Tosse prolongada: devo me preocupar?



Autoras: Caroline Baía¹ E Natália Lisbôa² (Alunas do 7º período de medicina /UFRJ).
Supervisão e Edição: Profª Sonia Catarina de Abreu Figueiredo³

Você já teve aquela gripe forte associada a tosse que o acompanhou até ficar curado? Já entrou em um lugar muito empoeirado e começou a tossir? É portador de asma e frequentemente apresenta crises de tosse por semanas ou até mesmo meses?

Essas situações comuns do cotidiano refletem uma das queixas mais predominantes nas entrevistas médicas: a tão incômoda tosse.
Esse sintoma é o principal mecanismo de defesa dos pulmões, impedindo que substâncias estranhas atinjam o órgão, ajudando a eliminar secreções e protegendo contra aspiração de alimentos e corpos estranhos.

Sua duração é classificada em: aguda (quando dura menos que três semanas e, em geral, é consequência de resfriados, sinusite e bronquite aguda); subaguda (dura de três a oito semanas) e crônica (quando dura mais do que oito semanas). Tosse prolongada necessita sempre de avaliação médica.

As causas de tosse crônica são variáveis: podem ser respiratórias, como a asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), muito comum em pacientes fumantes; cardiovasculares, como a insuficiência cardíaca; gástricas, pela doença do refluxo gastroesofágico e pelo uso de alguns medicamentos como os anti-hipertensivos, entre outras.

Para investigação dos casos de tosse crônica é importante avaliar a apresentação do sintoma pelo paciente. Se a tosse é produtiva ou seca, a coloração da secreção quando presente, momento do dia em que é mais predominante, pesquisar exposição prolongada a substâncias como a poeira ou gases, presença de doença pré existente que possa ser a causa da tosse, tabagismo ativo e passivo, uso regular de medicamentos. A presença associada de febre sugere causa infecciosa devendo ser investigada a possibilidade de pneumonia e tuberculose.

Na investigação diagnóstica, podem ser realizados exames de imagem (Raio-X de tórax, tomografia computadorizada) e testes de função pulmonar (como a espirometria).

O tratamento da tosse requer o diagnóstico etiológico e se baseia em controlar a doença de base, nos casos de DPOC ou asma, ou reverter a causa, quando o sintoma for atribuído a um efeito colateral de um medicamento, substituindo-o por outra substância. Deve-se evitar o tratamento sintomático. A tosse é um importante sinal de alerta e pode ser o primeiro sinal de doenças respiratórias graves.

Não deixe de procurar o seu médico !!!

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³ É professora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1995. Coordenadora de Telemedicina do Instituto de Doenças do Tórax desde 2008.