Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Dia Mundial do Pulmão – 2020



O Dia Mundial do Pulmão, ou World Lung Day em inglês, é comemorado no dia 25 de setembro e representa um dia de promoção e defesa da saúde pulmonar – oportunidade para unir forças e promover o tema em todo o mundo.

Em comemoração à data, trazemos abaixo um texto originalmente publicado pelo Forum of International Societies (FIRS) em 24 de setembro.




Grupos pedem pesquisas para prevenir, detectar e tratar infecções respiratórias

O FIRS, membros e organizações parceiras do World Lung Day estão unidos para defender a saúde respiratória em todo o mundo e pedir mais pesquisas para prevenir, detectar e tratar infecções respiratórias. Em 2020, a pandemia do coronavírus (COVID-19) tornou o mundo ciente de como os vírus respiratórios podem ser mortais. Na realidade, as infecções respiratórias estão conosco há muito tempo e continuarão a ser uma das principais fontes de sofrimento e morte humana. 

Além dos vírus, existem muitos outros agentes de infecção respiratória que causam diversas doenças. Esses agentes incluem bactérias, fungos e outros microrganismos que podem infectar as vias aéreas superiores (nariz, seios da face e garganta) e/ou  as vias respiratórias inferiores e os pulmões e podem causar pneumonias e sintomas pulmonares como tosse, expectoração, falta de ar e dor no peito, bem como sintomas gerais como febre, mal-estar e perda de peso.

As infecções respiratórias são um grande problema de saúde mundial:

·       Pneumonia mata milhões de pessoas anualmente. 80% das mortes por pneumonia ocorrem em crianças com menos de 2 anos e adultos acima de 65 anos. A cada ano, quase 700.00 crianças morrem de pneumonia no mundo. A maioria das mortes por pneumonia ocorrem em países de baixa e média renda;

·        A cada ano, ocorrem 10 milhões de novos casos de tuberculose e 1,5 milhão de mortes. Mais de 95% as mortes por tuberculose ocorrem em países de baixa e média renda;

·       As infecções respiratórias virais podem acarretar epidemias e se espalhar rapidamente nas comunidades, tornando-se epidemias globais. COVID-19 é um exemplo de infecção respiratória viral que afetou mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo – quase 860.000 pessoas morreram até o início de setembro de 2020. A carga da doença continuará a aumentar exponencialmente no futuro próximo.


O Dia Mundial do Pulmão é uma data anual de conscientização sobre a saúde pulmonar. Até o momento, quase 200 organizações e muitos indivíduos apoiam a data por meio de ações e defesa da saúde pulmonar. Este ano, com a saúde respiratória em destaque em virtude da COVID-19, abre-se uma grande oportunidade para aumentar a conscientização sobre o peso das infecções respiratórias e pedir ações mais efetivas e educativas em saúde. 

Para saber mais, acesse FIRS

 




 

sábado, 19 de setembro de 2020

Saiba o que é broncoaspiração

 


Broncoaspiração é uma condição onde substâncias como alimentos, líquidos, saliva ou vômitos são aspirados para os pulmões.  Além da ingestão de alimentos, broncoaspiração pode resultar do retorno de conteúdo gástrico em direção à árvore brônquica.

Qualquer que seja a origem ou natureza do conteúdo aspirado, a aspiração pode causar inflamação pulmonar (pneumonite química), infecção (pneumonia bacteriana ou abscesso pulmonar) ou obstrução das vias aéreas.  A maioria dos episódios de aspiração provoca sintomas leves ou pneumonite, em vez de infecção ou obstrução, e alguns pacientes aspiram sem apresentar sequelas, mas alguns casos onde ocorre obstrução de vias aéreas podem resultar em morte por asfixia.  

Indivíduos saudáveis comumente aspiram pequenas quantidades de secreções orais, mas os mecanismos de defesa do aparelho respiratório geralmente eliminam o inóculo sem maior repercussão. A aspiração de grandes volumes ou a aspiração em paciente com comprometimento das defesas pulmonares com frequência provoca pneumonia e/ou abscesso pulmonar. Pacientes idosos tendem a aspirar por causa de condições associadas ao envelhecimento que alteram a consciência, como o uso de sedativos e distúrbios neurológicos, como a Doença de Parkinson, por exemplo.

 

Fonte: https://thumbs.gfycat.com/AgreeablePhonyArmyant-size_restricted.gif

Condições em que há deglutição prejudicada, vômitos e doença do refluxo gastroesofágico são causas habituais de broncoaspiração. Outros fatores de risco para aspiração brônquica são: cognição ou nível de consciência prejudicado, procedimentos odontológicos, colocação de onda nasogástrica ou tubo endotraqueal.

Os sinais e sintomas incluem tosse, febre, dispneia e desconforto no peito. Em alguns casos de aspiração crônica decorrente de doenças do aparelho digestivo, podem ocorrer engasgos e dor à deglutição. A pneumonia provocada por aspiração maciça de conteúdo gástrico causa dispneia, taquipneia, taquicardia, hipoxemia, estertores difusos e sibilos e pode evoluir para choque séptico.

O tratamento dos quadros de broncoaspiração frequentemente requer antibióticos, suplementação de oxigênio e ventilação mecânica.

Estratégias para prevenir a espiração brônquica são importantes para os cuidados e desfechos clínicos. Pacientes com diminuição do nível de consciência devem evitar a ingestão oral de alimentos e manter a cabeceira do leito elevada acima de 30 graus. Pacientes com disfagia leve podem usar dietas especiais para reduzir o risco de aspiração; naqueles com disfagia grave, pode ser necessária a realização de gastrostomia, embora permaneça o risco de aspiração de saliva.

A otimização da higiene bucal e o acompanhamento com fonoaudiólogo podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de pneumonia em pacientes com broncoaspiração repetida. 

Assista o vídeo  https://youtu.be/yZhMM7Gou9Q e entenda por que, em condições normais, a comida não vai para os pulmões.


sábado, 12 de setembro de 2020

Pesquisa do Reino Unido busca um melhor tratamento para asma infantil

Fonte: Nursing Times Careers
 

Um artigo recente, publicado originalmente na página National Health Executive, aborda a realização de uma pesquisa que visa encontrar um melhor tratamento para a asma infantil no Reino Unido. A pesquisa investigará se o uso preventivo do inalador, somente quando a criança apresenta sintomas, pode ser tão eficaz quanto o uso tradicional (uso diário, independente da existência de sintomas).

No Reino Unido, mais de um milhão de crianças sofrem com a doença, cujos principais sintomas são a tosse e a dificuldade para respirar. A asma provoca a morte de, pelo menos, 20 crianças por ano e, a cada 20 minutos, uma criança é hospitalizada pelo mesmo motivo no país.

Como medida para evitar as crises e reduzir os sintomas, profissionais de saúde recomendavam tradicionalmente o uso diário do inalador preventivo, a base de esteróides, como principal tratamento. No entanto, recentemente novas diretrizes passaram a reconhecer que nem todas as crianças necessitam do uso de inalador todos os dias. Assim, em casos de asma leve, os inaladores só seriam necessários quando ocorressem sintomas. As mudanças são pautadas em resultados de pesquisas recentes em adultos e adolescentes, mas esses resultados não mostraram o risco de uma crise de asma nos casos em que os inaladores só foram usados quando existiam sintomas.

O novo estudo pretende trazer as respostas sobre o uso do inalador em crianças. Denominado “Avaliação dos sintomas versus terapia preventiva de manutenção para o tratamento ambulatorial de Asma em crianças (ASSINTOMÁTICO)”, o estudo envolverá cerca de 250 clínicas, com a participação de crianças de 6 a 16 anos, de acordo com a concordância dos pais. Serão utilizados os dados dos registros eletrônicos de saúde e os cuidados serão como os da prática rotineira.

O Professor Clínico Associado Ian Sinha, do Alder Hey Children's NHS FT,  co-Investigador chefe, disse que: “O estudo vai responder a uma das questões mais prementes e importantes sobre os fundamentos do tratamento da asma infantil.” Disse também que “Dadas as diferenças entre asma pediátrica e adulta, é justo que façamos estudos em crianças”. E aí está a grande importância ou valor da pesquisa.


Leia mais em: National Health Executive


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Asma: quando a genética fala mais alto

Fonte da imagem: Health Line
Fonte da imagem: Health Line

 

A asma é a doença crônica pulmonar que mais acomete pessoas no Brasil e no mundo. A doença atinge de crianças pequenas até idosos. Mesmo, uma pessoa em tratamento regular pode ter uma crise a qualquer momento. Isso coloca a asma no foco de investigações e pesquisas médicas.

A patologia, como pode ser visto em outros artigos aqui do nosso blog, atinge diretamente a capacidade respiratória, causando tosse, aperto no peito e falta de ar, entre outros sintomas. Trata-se de um processo inflamatório crônico que afeta os brônquios, tornando-os mais estreitos e dificultando a passagem de ar nos pulmões. Dentre as suas causas, destacam-se os fatores de predisposição genética, mas que peso esses fatores têm sobre ter ou não ter a doença?

Em geral, quando uma pessoa procura assistência médica em virtude da doença, é feita uma avaliação inicial onde é perguntado sobre o histórico de saúde dos familiares. Nesse momento, na maioria das vezes, é possível identificar a existência de outras pessoas na família que apresentam relato compatível com a doença. Mas nem por isso a asma pode ser considerada uma doença hereditária, na verdade, ela  é considerada uma doença multifatorial com forte influência genética. De acordo com especialistas, o que se observa é que filhos de pais com histórico de manifestações alérgicas, possuem maior chance de desenvolver asma, rinite ou outra patologia relacionada.

Nesse sentido, diversos estudos científicos vêm sendo desenvolvidos visando compreender o papel dos fatores genéticos na patogenia da asma. No entanto, o processo é difícil, tendo em vista sua natureza multigênica ou poligênica - há um grupo bastante variado de genes envolvidos. O que se tem de fato, é que essa diversidade de genes, além de influenciar o ter ou não asma, também pode influenciar a gravidade da doença e como o paciente responde ao tratamento. Um estudo de Barnes (2015) conclui que “Apesar dos recentes avanços na identificação da variação genética relacionada à asma, neste momento não há nenhuma utilidade clínica estabelecida para esses achados.” O que significa dizer que ainda há um longo trajeto pela frente.

 

Para ler o estudo citado, clique em Barnes, 2015