Texto: Sonia Catarina de Abreu Figueiredo (médica pneumologista. professora da Faculdade de Medicina UFRJ)
Broncoaspiração é uma condição onde substâncias como alimentos, líquidos, saliva ou vômitos são aspirados para os pulmões. Além da ingestão de alimentos, broncoaspiração pode resultar do retorno de conteúdo gástrico em direção à árvore brônquica.
Qualquer que seja a origem ou natureza do conteúdo aspirado,
a aspiração pode causar inflamação pulmonar (pneumonite química), infecção
(pneumonia bacteriana ou abscesso pulmonar) ou obstrução das vias aéreas. A maioria dos episódios de aspiração provoca sintomas
leves ou pneumonite, em vez de infecção ou obstrução, e alguns pacientes
aspiram sem apresentar sequelas, mas alguns casos onde ocorre obstrução de vias
aéreas podem resultar em morte por asfixia.
Indivíduos saudáveis comumente aspiram pequenas quantidades
de secreções orais, mas os mecanismos de defesa do aparelho respiratório
geralmente eliminam o inóculo sem maior repercussão. A aspiração de grandes
volumes ou a aspiração em paciente com comprometimento das defesas pulmonares
com frequência provoca pneumonia e/ou abscesso pulmonar. Pacientes idosos
tendem a aspirar por causa de condições associadas ao envelhecimento que
alteram a consciência, como o uso de sedativos e distúrbios neurológicos, como
a Doença de Parkinson, por exemplo.
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Condições em que há deglutição prejudicada, vômitos e doença do refluxo gastroesofágico são causas habituais de broncoaspiração. Outros fatores de risco para aspiração brônquica são: cognição ou nível de consciência prejudicado, procedimentos odontológicos, colocação de onda nasogástrica ou tubo endotraqueal.
Os sinais e sintomas incluem tosse, febre, dispneia e desconforto
no peito. Em alguns casos de aspiração crônica decorrente de doenças do
aparelho digestivo, podem ocorrer engasgos e dor à deglutição. A pneumonia
provocada por aspiração maciça de conteúdo gástrico causa dispneia, taquipneia,
taquicardia, hipoxemia, estertores difusos e sibilos e pode evoluir para choque
séptico.
O tratamento dos quadros de broncoaspiração frequentemente requer
antibióticos, suplementação de oxigênio e ventilação mecânica.
Estratégias para prevenir a espiração brônquica são importantes
para os cuidados e desfechos clínicos. Pacientes com diminuição do nível de consciência
devem evitar a ingestão oral de alimentos e manter a cabeceira do leito elevada
acima de 30 graus. Pacientes com disfagia leve podem usar dietas especiais para
reduzir o risco de aspiração; naqueles com disfagia grave, pode ser necessária
a realização de gastrostomia, embora permaneça o risco de aspiração de saliva.
A otimização da higiene bucal e o acompanhamento com
fonoaudiólogo podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de pneumonia em
pacientes com broncoaspiração repetida.
Assista o vídeo https://youtu.be/yZhMM7Gou9Q e entenda
por que, em condições normais, a comida não vai para os pulmões.
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