Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Mortalidade por asma cai no Brasil



Matéria intitulada "Níveis de mortalidade por asma caem 59,8% em 20 anos", foi publicada na Revista News em 13 de junho de 2018. Reportagem completa em: https://revistanews.com.br/2018/06/13/niveis-de-mortalidade-por-asma-caem-598-em-20-anos/

Uma pesquisa realizada pela pediatra e alergista Raquel Pitchon dos Reis para obtenção do grau de mestrado no programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG, mostrou uma significativa redução dos índices de mortalidade por asma no Brasil dentro de um período de 20 anos.

A pesquisadora analisou dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) que coleta e armazena dados de saúde de todo Brasil. Foram considerados dados relativos a mortes por asma em crianças e adolescentes de até 19 anos, no período de 1996 a 2015.

Os resultados mostraram que em 1997 a taxa era de 0,57 para cada 100 mil crianças e adolescentes, mas 2014 ela havia caído para 0,21 para cada 100 mil. 68% das mortes estavam relacionadas a crianças com menos de cinco anos de idade - a justificativa, nesse caso seria a dificuldade de diagnóstico nessa faixa etária, o que retardaria o início de um tratamento adequado. Outro resultado significativo é que o maior número de mortes tende a ocorrer dentro do período de maio a julho, quando há um maior número de crises de asma provocadas pelo fator sazonal.

Tais resultados reforçam a necessidade do diagnóstico precoce, tratamento contínuo e adequado, cuidados de prevenção reforçados durante os meses de maio a julho.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

TUBERCULOSE: MITOS & VERDADES



Texto de: Carla Santos¹

A tuberculose permanece como um grave problema de saúde pública no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a doença infecciosa de agente único que mais mata, superando o HIV. Em 2016, 10,4 milhões de pessoas adoeceram de tuberculose no mundo e cerca de 1,3 milhão de pessoas morreram em decorrência da doença.

O QUE É MITO OU VERDADE SOBRE A TUBERCULOSE?

A tuberculose atinge qualquer pessoa?
Sim, independente da classe econômica, cor ou idade, porém o risco de adoecimento é maior em um grupo de indivíduos que, por algum motivo, estão com a defesa do organismo diminuída, ou em pessoas que convivem próximas ao doente com tuberculose, seja em casa, no trabalho, em hospitais, em prisões ou albergues.

A tuberculose tem cura?
Sim. Todo paciente que se infectar com um bacilo sensível aos medicamentos e fizer o tratamento corretamente pelo tempo e nas doses determinadas pela equipe de saúde ficará curado.

Mas no caso de eu ter uma boa alimentação e mantiver repouso, mesmo assim eu tenho que usar remédio por 6 meses?
Sim. Está cientificamente comprovado que o que cura definitivamente a tuberculose são os remédios. Só ficará curado da tuberculose o indivíduo que tomar os remédios regularmente, pelo período de tempo exato prescrito. Além disso, é importante que ele tome os medicamentos todos os dias, a não ser que haja uma determinação diferente.

Quem teve tuberculose na família, tem mais chance de adquirir doença?
Não. O fato de pertencerem à mesma família não aumenta o risco de tuberculose. O que aumenta esse risco é a intensidade do contato entre você e a pessoa doente e há quanto tempo isso ocorreu.

Então a tuberculose só atinge o pulmão?
Não, a tuberculose pode também atingir a pleura, a laringe (garganta), os gânglios linfáticos (nas ínguas do pescoço, da axila, da virilha), as meninges, os ossos, o sistema urinário, os intestinos, a pele, dentre outras localizações.

Fumar causa tuberculose?
Não. Fumar causa câncer de vários locais como laringe, estômago, pulmão, além de enfisema pulmonar, bronquite crônica, infarto agudo do miocárdio, porém fumar não causa tuberculose.

Existe vacina para tuberculose?
Sim. Ela se chama BCG, que é a sigla para bacilo de Calmette-Guérin. Essa vacina é produzida com o bacilo atenuado, ou seja, incapaz de produzir a doença. Ela tem seu efeito comprovado na proteção contra as formas graves de tuberculose em crianças.

Fazendo tratamento para tuberculose, eu posso beijar na boca?
Após duas semanas de tratamento pode. Embora a tuberculose não passe pela saliva, o beijo na boca deve ser evitado nas duas primeiras semanas de tratamento.

A mãe com tuberculose pode amamentar?
Sim, sem problema algum. Mas se a mãe está com o exame de escarro positivo para tuberculose e está usando medicamentos a menos de duas semanas, é recomendado que ela use máscara quando for amamentar ou se aproximar da criança.

A mãe teve tuberculose quando estava grávida e a filha teve um diagnóstico de asma, tem alguma relação entre a tuberculose e asma?
Não. A asma não tem nenhuma relação com a tuberculose da mãe.

Referências:

Boletim epidemiológico: Nº 11, 2018: Implantação do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública no Brasil: primeiros passos rumo ao alcance das metas.

Conde, M.B et al. Tuberculose sem medo, 2002.

¹ Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.









sexta-feira, 15 de junho de 2018

Poluição do ar não é exclusividade de alguns países



AUTORAS: Caroline Baía¹ e Natália Lisbôa² (alunas do 8º período do curso de medicina /UFRJ).

SUPERVISÃO E EDIÇÃO: Profª Sonia Catarina de Abreu Figueiredo³

No dia 02 de maio de 2018 foi publicada a matéria: “Nove em cada 10 pessoas no mundo respiram ar contaminado, alerta OMS” pelo jornal O Globo (https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/nove-em-cada-10-pessoas-no-mundo-respiram-ar-contaminado-alerta-oms-22644748).

A reportagem nos leva a constatar que a poluição atmosférica não é uma condição restrita a países pobres ou emergentes, como a China, mas sim um problema mundial.

Até mesmo o Brasil, um país que abriga em seu território a maior floresta tropical do mundo, apresenta altos índices de poluição do ar atribuídos a queimadas no campo, às emissões de veículos nas áreas urbanas e às indústrias.

Agravos à saúde relacionados com a poluição do ar

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nove em cada dez pessoas vivem em lugares onde respiram poluentes, em especial o chamado material particulado (MP), em concentrações acima das recomendadas pela própria organização. Estas partículas, principalmente as menores, vão parar nos pulmões, com as mais “finas” chegando a entrar na corrente sanguínea, o que leva à ocorrência de doenças respiratórias e cardiovasculares.

A cada ano, cerca de três milhões de pessoas morrem por doenças associadas à poluição do ar em espaços abertos. A grande maioria desses óbitos ocorre em países pobres ou em desenvolvimento com políticas públicas que não priorizam o acesso a tecnologias limpas e onde a industrialização ocorre de maneira desregulada.

Diversas doenças estão associadas de maneira inequívoca à poluição. Dentre os danos à saúde, destacam-se aqueles produzidos no sistema respiratório, como infecções agudas do sistema respiratório inferior (pneumonia) e exacerbação de doenças como asma, bronquite e câncer de pulmão, principalmente nos meses mais frios no Brasil, já que ocorre mais comumente a inversão térmica e o fenômeno conhecido por smog (origem inglesa (smoke = fumaça + fog = neblina; neblina densa de fumaça).

“Em todas as cidades brasileiras onde há monitoramento da qualidade do ar os níveis de poluentes estão acima dos recomendados pelo OMS – resume Evangelina Vormitagg, médica patologista clínica que também é diretora-presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade, dedicado ao estudo e comunicação da relação entre poluição e saúde humana.”

A saúde da população está intimamente atrelada ao meio ambiente. Pesquisas diversas têm alertado sobre os riscos da poluição ambiental, em especial do ar, aos diversos sistemas do corpo humano. Com isso, mostra-se cada vez mais necessário o acesso das pessoas a esses dados para que mecanismos mais eficazes sejam pensados e realizados para evitar tantos danos, principalmente, nos portadores de doenças respiratórias ou na população mais vulnerável, como crianças e idosos.

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³ É professora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1995. Coordenadora de Telemedicina do Instituto de Doenças do Tórax desde 2008.

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sexta-feira, 8 de junho de 2018

Apenas 9% dos asmáticos estão com a doença controlada no Brasil



A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que afeta aproximadamente 235 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, estimativas do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) apontam para uma prevalência de cerca de 20 milhões de pessoas, ou aproximadamente 13% da população, incluindo adultos e crianças.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alerta que cerca de 32% dos asmáticos não fazem o tratamento correto no Brasil, o que leva a um descontrole da doença, conforme constatou a pesquisa Respira project: Humanistic and economic burden of asthma in Brazil.

O estudo, publicado este ano no Journal of Asthma, correlacionou o baixo nível de controle da asma com a qualidade de vida e a produtividade dos brasileiros, além dos gastos com saúde no país.

O artigo traz dados alarmantes: apenas 32% dos asmáticos aderem ao tratamento, 38,5% usam broncodilator – o que não trata a doença e está associado ao aumento da mortalidade na asma –, somente 12% utilizam um anti-inflamatório (corticoide) e 17% aplicam anti-inflamatório associado a broncodilatador.

“A asma é uma inflamação crônica nas vias aéreas e o fundamento da terapia para controle da asma é o uso de anti-inflamatório à base de corticoide, por isso, esse tipo de medicação deveria ser bem maior entre os asmáticos, e não apenas de 12%”, constata o pneumologista Dr. José Eduardo Cançado, primeiro autor do estudo e membro da Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Para chegar ao resultado, os autores analisaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2015, incluindo 12 mil brasileiros com mais de 18 anos de idade, dos quais 494 eram portadores de asma.

A pesquisa também apontou que 43% das mulheres e 30% dos homens com diagnóstico de asma tiveram ao menos uma crise, e 80% deles usaram alguma medicação específica nos últimos 12 meses. Como resultado, os asmáticos utilizam duas vezes mais os serviços de saúde no Brasil, gerando gastos de quase R$ 50 milhões por ano com hospitalizações (DATASUS).

Leia mais em http://pneumoblog.org.br/?p=4106

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sexta-feira, 1 de junho de 2018

Bronquiolite viral, uma doença que acomete as crianças



AUTORAS: Caroline Baía¹ e Natália Lisbôa² (alunas do 8º período do curso de medicina /UFRJ).

SUPERVISÃO E EDIÇÃO: Profª Sonia Catarina de Abreu Figueiredo³

Entenda o que é bronquiolite
Tosse, espirros, respiração ruidosa, febre. Os sintomas da bronquiolite podem ser semelhantes aos de uma gripe, mas a doença é tipicamente causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR) diferente do vírus influenza causador da gripe.

Bronquiolite se caracteriza por uma inflamação aguda das vias aéreas terminais – os bronquíolos - que acomete crianças geralmente entre 6 e 24 meses de idade. A transmissão ocorre principalmente por gotículas, respiratórias ou da saliva, e contato direto, sendo as mãos a principal via de contaminação. Além da tosse, febre e espirros, a criança também pode apresentar falta de ar, chiados no peito e cansaço intenso.

As crianças que correm maior risco de desenvolver a doença são os bebês prematuros, desnutridos, portadores de doenças respiratórias como asma e principalmente os que convivem com fumantes, um hábito ainda muito comum em nossa sociedade.

Além disso, crianças mantidas em ambientes fechados, como creches e escolas, especialmente em períodos mais frios ou chuvosos do ano, como o outono e inverno, estão mais sujeitas à doença.

O quadro dura em média 3 a 5 dias e o tratamento baseia-se no controle dos sintomas gerais como febre, higiene nasal e hidratação. Não é preciso utilizar medicação antiviral específica, antibióticos e corticoide. A amamentação com leite materno deve ser mantida. O prognóstico costuma ser bom, mas caso a criança apresente dificuldade respiratória, com respiração rápida, prostração ou coloração azul arroxeada nas mãos, pés e boca, pode ser necessária a internação para oxigenioterapia.

Como prevenir a bronquiolite?
1) Estimular o aleitamento materno – o leite materno é importante para a imunidade do bebê e ajuda a prevenir infecções;
2) Não fumar e evitar o contato de crianças com a fumaça tóxica de cigarros;
3) Lavar bem as mãos, principalmente quando for interagir com a criança;
4) Evitar que a criança frequente ambientes fechados onde possa ter contato com pessoas doentes que apresentam queixas respiratórias.


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³ É professora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1995. Coordenadora de Telemedicina do Instituto de Doenças do Tórax desde 2008.