Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Vírus podem ser perigosos para bebês

Foto: Dimitris66 / IStock / Ilustrações: Erika Vanoni/SAÚDE é Vital

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) preocupa os pais de bebês prematuros, cardiopatas ou com problemas crônicos no pulmão. Em crianças de até 2 anos, esse agente infeccioso é responsável por 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante seu período de maior incidência.

O Vírus Sincicial Respiratório é transmitido através de aerossóis emitidos a partir de pessoas infectadas ou por superfícies e objetos contaminados. A infecção ocorre quando atinge olhos, boca, nariz ou pela inalação de gotículas derivadas da tosse ou espirro.

O tempo de vida do vírus nas mãos é de menos de uma hora. No entanto, em superfícies duras e não porosas, pode durar aproximadamente 24 horas. O período de incubação da doença é de quatro a cinco dias, mas pacientes pertencentes aos grupos de riscos podem transmitir o vírus por 3 a 4 semanas após o contágio inicial.

Geralmente, a sua sazonalidade acontece predominantemente no outono e no inverno. Mas, no Brasil, a sazonalidade varia dependendo da região geográfica. Ela se inicia mais precocemente na região Norte (janeiro) e Nordeste (fevereiro) do país, coincidindo com o período chuvoso. As regiões Centro-Oeste e Sudeste possuem seus picos de incidência de março a julho, enquanto, no Sul, a sazonalidade acontece entre abril e agosto, período em que também circula o vírus da gripe.

De 10 a 15% dos casos entre os menores de 2 anos exigem internação hospitalar às vezes até na UTI, com uso dos respiradores. Abaixo dos 5 anos, há maior risco de formas graves e morte.

Segundo artigos publicados nas revistas científicas The Lancet e The New England Journal of Medicine, o VSR é responsável por cerca de 33,8 milhões de episódios de infecção respiratória por ano em crianças com menos de 5 anos de idade, levando a cerca de 3,4 milhões internações de casos mais graves. Anualmente, são de 70 mil e 200 mil mortes — 99% delas em países em desenvolvimento como o Brasil.

Praticamente todas as crianças serão expostas ao VSR até os 2 anos de vida, sendo que a maioria é infectada no primeiro ano de vida, com possibilidade de reinfecções ao longo da vida. Nos adultos, ele não traz maiores danos e seus sintomas são semelhantes a um simples resfriado. Porém, esse grupo pode ser um disseminador do vírus nas crianças menores de 5 anos.

Para a prevenção da doença, deve-se evitar que os bebês permaneçam em ambientes fechados com aglomerações de pessoas, além da imprescindível higienização frequente das mãos e dos objetos. O contato com crianças ou adultos resfriados ou gripados também deve ser evitado.

Mesmo durante a pandemia do coronavírus, outras doenças infecciosas não desapareceram e merecem receber os cuidados devidos.

leia mais em: Veja Saúde

domingo, 21 de junho de 2020

Cigarros apagados poluem


Qual o potencial de poluição de um cigarro? Os danos causados vêm apenas de sua fumaça? Definitivamente não. De acordo com uma reportagem do site Super Interessante, os componentes tóxicos de um cigarro continuam ativos por mais de cinco dias depois de ser apagado. Em 24 horas um cigarro apagado libera 14% da nicotina que um cigarro acesso emite.

A conclusão é de uma pesquisa do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos, solicitada e financiada pelo Food and Drug Administration (FDA que regula produtos relacionados à saúde (medicamentos, comida, cosméticos, tabaco, entre outros).

Durante a pesquisa foram utilizados mais de dois mil cigarros. Foi analisada a concentração de químicos presentes em cigarros recém apagados e observou-se que a emissão dos poluentes continuou durante dias. Um cigarro fumado na segunda-feira continuou emitindo poluentes até o sábado seguinte.

A estimativa de cinco trilhões de bitucas, produzidas por fumantes anualmente, traz um resultado significativo para a saúde humana e para o meio ambiente. Quanto mais quente é o ambiente onde o cigarro é descartado, mais rapidamente os poluentes são liberados. Em lugares fechados, como casas e carros, o problema ainda é mais grave – imagine crianças respirando o ar dentro de um carro onde há restos de cigarros. No Brasil, o clima tropical ainda pode piorar mais a situação.

Diante de tudo isso, torna-se fundamental descartar corretamente os cigarros apagados – seja em coletores apropriados ou lixeiras comuns – e nunca os deixar dispersos no ambiente. Cigarros descartados de forma errada prejudicam a saúde das pessoas e contaminam o solo, uma vez que o cigarro pode demorar até 10 anos para se biodegradar.

Leia mais em: Super Interessante

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Por que algumas pessoas que não fumam têm DPOC?

*Fonte da imagem: Robina Weermeijer / unsplash.com

Esta semana, uma pesquisa divulgada pelo National Institutes of Health (NIH) ganhou as manchetes. O estudo aponta que pessoas com vias aéreas desproporcionalmente pequenas possuem maior risco de desenvolver DPOC, mesmo que não fumem. Reproduzimos abaixo parte da matéria do NIH.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma doença pulmonar debilitante e que, geralmente, se desenvolve como consequência do tabagismo. No entanto, os pesquisadores há muito tempo se perguntam por que quase um terço dos casos ocorre em pessoas que nunca fumaram. Agora eles podem finalmente ter uma resposta - e isso pode estar relacionado a forma como os pulmões se desenvolvem em cada pessoa.

A DPOC, quarta principal causa de morte nos Estados Unidos, causa bloqueio do fluxo de ar e problemas respiratórios que podem limitar severamente as atividades diárias de uma pessoa. O ato de fumar, ter asma ou estar submetido a um ambiente com níveis altos de poluição do ar, são as principais condições responsáveis por muitos casos de DPOC. Apesar disso, até 30% dos casos ocorrem em pessoas fora dessas condições, o que sugere que existem outros fatores de risco.

Pesquisas anteriores ofereceram uma pista sobre uma possível causa, revelando que cerca de metade dos adultos com DPOC parecia já apresentar função pulmonar baixa no início da vida. O Dr. Benjamin Smith, médico pneumologista do Departamento de Medicina do Centro Médico Irving, da Universidade de Columbia, Nova York, membro da equipe do novo estudo, explicou o fenômeno. Segundo ele, quando as pessoas respiram, elas movem o ar pelas vias aéreas, começando pela traqueia, que se ramifica para as vias aéreas menores, chamadas brônquios e bronquíolos. À medida que as pessoas crescem, acredita-se que suas vias aéreas se desenvolvam proporcionalmente aos pulmões. No entanto, em algumas pessoas, as vias aéreas se tornam menores ou maiores que o esperado - uma condição chamada disanapsis - as razões não são claras.

Para descobrir se as vias aéreas pequenas podem ser as culpadas pela DPOC em pessoas que não fumam ou têm outros fatores de risco, uma equipe liderada pelo Dr. Smith analisou os registros, com exames de imagem, de mais de 6.500 idosos que participaram de três estudos que incluíam fumantes e não fumantes, com e sem DPOC. A chamada disanapsis foi avaliada a partir da tomografia computadorizada (TC).

Essas tomografias das vias aéreas (vermelho) e pulmões (preto) mostram o espectro de disanapsis, com vias aéreas menores em proporção ao tamanho do pulmão (esquerda) em comparação com as vias aéreas de tamanho normal (meio) e maiores que as vias aéreas normais (direita).

"Esses resultados mostram que pequenas vias aéreas em relação ao tamanho do pulmão são um fator de risco muito forte para a DPOC", disse o Dr. Smith, principal autor do estudo. "Isso nos ajuda a entender por que 30% da DPOC pode ocorrer em pessoas que nunca fumaram". Com o envelhecimento normal, a função pulmonar diminui, então as pessoas, que já têm baixa função pulmonar, podem desenvolver DPOC mais tarde na vida, mesmo que não fumem, explicou o Dr. Smith.

Leia mais em NIH

sexta-feira, 5 de junho de 2020

As Emoções e a Saúde


“A doença do médico não é a ‘doença do doente’” (cirurgião da dor, René Leriche)

A discussão sobre a relação entre saúde física e estado emocional é antiga. Hipócrates já discutia o assunto no século IV a.C. e o tema permanece até os dias de hoje. Diversos artigos científicos buscam desvendar as relações existentes entre doenças respiratórias e a saúde mental. A grande maioria enfoca como a asma pode ser afetada por ansiedade e depressão, mas há estudos que abordam a inter-relação de fatores psicológicos com outras doenças crônicas como a DPOC, por exemplo. Os achados revelam como o estado emocional pode servir como gatilho desencadeador de crise nos portadores de doenças respiratórias. Também como esse mesmo estado emocional pode afetar o sistema imunológico, podendo abrir portas para infecções e outros problemas de saúde. Há ainda o caráter psicossomático de algumas patologias, quando uma pessoa tem dificuldade de expressar com ações e palavras seus sentimentos e acaba gerando somatizações – doenças de fundo emocional.

Diariamente somos expostos a variados estímulos que desencadeiam sentimentos variados: medo, euforia, raiva, alegria, satisfação, irritação, entre outros. Situações extremas promovem a liberação de níveis mais altos de adrenalina, noradrenalina e do hormônio da tireoide – isso significa um alerta para o sistema imunológico que deve se preparar para a defesa. A partir daí segue-se uma batalha. Ser submetido continuamente a situações extremas gera um estresse que afeta negativamente o sistema imunológico tornando-o vulnerável em relação a infecções.

Diante de tudo isso, ao observarmos o panorama atual em que o isolamento social, a suspensão das atividades laborativas para grande parte da população, o medo natural provocado pela pandemia e aquele exacerbado por publicações alarmistas e “fake news”, e o fato de que, pelo menos 18,6 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade e 15,5% é acometido por depressão em algum momento da vida (Fonte Conexa Saúde), devemos refletir sobre como as pessoas estão reagindo a tudo e o que pode ser feito para se proteger, além do uso de máscaras e álcool gel. Não é sem motivo que, frente ao isolamento, relatos viralizam nas redes sociais, que ao menor sintoma de gripe pessoas corram para os serviços de saúde, que alguns se tornem obsessivos com cuidados de proteção enquanto outros acabem por desrespeitar orientações básicas – as emoções estão intensas como numa viagem de montanha-russa. Então o que fazer para se proteger / se cuidar?

Além dos cuidados básicos já tão repetidos (sociais e de proteção individual), é importante cuidar do corpo e da mente. Fortalecer o sistema imunológico é fundamental: alimentação balanceada, ingestão de líquidos, tomar sol em horários recomendados, dormir bem, manter a mente saudável. Sobre este último, podemos dizer que é fundamental se afastar de situações nocivas – repetição de notícias ruins ou conversas e passatempos que tragam sofrimento psíquico desnecessário – e concentrar-se em atividades que proporcionem bem-estar. Lembre-se de que, em caso de sofrimento psíquico contínuo, sem condições de reversão por meios próprios, há a necessidade de suporte especializado.