Pulmão

Pulmão
"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O ano está acabando e é preciso relaxar: R E S P I R E


Fonte da imagem: Vida de Yoga

A respiração nos conecta com o mundo a nossa volta. Ela mostra que o corpo vive e, junto com o coração, dá o ritmo das nossas emoções. Assim, quando estamos tranquilos nossa respiração se apresenta mais leve e serena, mas quando ficamos ansiosos ou em uma situação de pânico, por exemplo, ela tende a ficar mais rápida e curta.

No entanto, da mesma forma que podemos identificar a emoção pela forma que respiramos, podemos administrar essas mesmas emoções aprendendo a respirar. É possível então controlar crises de ansiedade, por exemplo, controlando a forma como se está respirando. Assim, se uma pessoa está em crise, mas mantiver sua respiração mais lenta e ritmada, poderá relaxar gerando uma sensação de bem estar e, inclusive, reduzir o ritmo cardíaco que acompanha o ritmo respiratório.

Seguindo esse raciocínio, nossa proposta para as festas de fim de ano é que possamos refletir sobre nossa respiração, exercitá-la e nos conectar com o mundo através dela.

“Todos paramos de respirar um dia.
E se vivêssemos uma respiração por vez?
Achamos que respirar é fácil, porque é inato.
Metade do tempo, nem notamos o respirar.
Quando a respiração virou a criança problema que o restante do corpo ignora?
Pense na frase: Prenda o fôlego, você precisa prendê-lo porque perdeu o controle sobre ele. Assuma o controle da sua respiração!”
(Do filme “O que de verdade importa”)

domingo, 15 de dezembro de 2019

O impacto global da doença respiratória


O pulmão é o órgão mais vulnerável às infecções e lesões do ambiente externo, devido à constante exposição a partículas, produtos químicos e organismos infecciosos no ar ambiente. Globalmente, pelo menos dois bilhões de pessoas estão expostas à fumaça tóxica do combustível de biomassa normalmente queimado em fogões ou lareiras com ventilação insuficiente. As doenças respiratórias impõem uma imensa carga para a saúde mundial.

Um bilhão de pessoas inalam poluentes do ar exterior e um bilhão de pessoas estão expostas à fumaça do tabaco. Embora a deficiência respiratória cause incapacidade e morte em todas as regiões do mundo e em todas as classes sociais, a pobreza, a aglomeração, as exposições ambientais e, em geral, as más condições de vida aumentam a vulnerabilidade a este grupo muito grande de transtornos.

Cinco doenças respiratórias estão entre as causas mais comuns de morte em todo o mundo:

DPOC, asma, infecção aguda do trato respiratório inferior, tuberculose e câncer de pulmão estão entre as causas mais comuns de doença grave e morte em todo o mundo.



* Estima–se que 65 milhões de pessoas sofrem da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) moderada a grave, e cerca de três milhões morrem por ano, tornando–se a terceira causa de morte em nível mundial; e os números estão aumentando a cada ano;

* Estima–se que 334 milhões de pessoas em todo o mundo têm asma (4). É a doença crônica mais comum da infância, afetando 14% das crianças em todo o mundo. A prevalência de asma em crianças está aumentando;

* Estima–se que as infecções do trato respiratório inferior causam aproximadamente 4 milhões de mortes por ano e são a principal causa de morte em crianças abaixo de 5 anos. As infecções agudas do trato respiratório inferior em crianças preparam o cenário para as doenças respiratórias crônicas mais tarde na vida. As infecções do trato respiratório, causadas pela gripe, matam de 250.000 a 500.000 pessoas e custam entre 71 a 167 bilhões de dólares americanos anualmente;

* Em 2015, 10,4 milhões de pessoas desenvolveram tuberculose e cerca de 1,4 milhão delas morreram por esta infecção;

* A neoplasia letal mais comum no mundo é o câncer de pulmão, que mata 1,6 milhão de pessoas por ano e os números estão crescendo.

As doenças respiratórias representam mais de 10% de todos os anos de vida perdidos ajustados por incapacidade (DALY), uma métrica que estima a quantidade de perda de vida ativa e produtiva devido a alguma doença, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares (incluindo o acidente vascular cerebral). Além disso, as doenças respiratórias constituem 5 das 30 causas mais comuns de morte, a DPOC é a terceira, a infecção do trato respiratório inferior é a quarta, o câncer broncogênico a sexta, a tuberculose é a duodécima e a asma é a vigésima oitava.

Em conjunto mais de um bilhão de pessoas sofrem de condições respiratórias agudas ou crônicas. A crua realidade é que, a cada ano, quatro milhões de pessoas morrem prematuramente de doenças respiratórias crônicas. Os bebês e as crianças pequenas são particularmente suscetíveis. Nove milhões de crianças com menos de 5 anos de idade morrem anualmente e a pneumonia é o a principal assassina dessas crianças a em nível mundial.

As Nações Unidas criaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 2016 para elevar os padrões de vida globalmente. O Fórum Internacional de Sociedades Respiratórias (FIRS) faz parte de um esforço global para exigir ações a fim de combater o enorme fardo das doenças respiratórias. O FIRS afirma que aliviar esse fardo deve ser uma estratégia fundamental dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e uma exigência para que as nações alcancem esses objetivos.

Texto extraído de: OMS

sábado, 7 de dezembro de 2019

Uma em cada seis mulheres desenvolve câncer de pulmão


Texto originalmente publicado em: G1 (clique para ler mais)

Uma em cada seis mulheres desenvolve câncer de pulmão no mundo. A doença é a principal causa de morte em 28 países, afetando também pessoas do sexo masculino. Os dados são alarmantes e os números não param de crescer. Acredita-se que cada vez mais mulheres serão afetadas pela doença em algum momento da vida. De acordo com dados da Agência Internacional para a Pesquisa sobre câncer (IARC - é a agência especializada em câncer da Organização Mundial da Saúde), publicados em 2019, uma em cada seis desenvolve o mal.

A agência salienta a importância de conscientizar a população sobre o risco do tabagismo e a exposição passiva ao cigarro. De acordo com o epidemiologista Gautier Defossez, coordenador de uma pesquisa publicada em julho pelo Instituto Nacional do Câncer e de Saúde Pública na França, o estudo francês traz dados preocupantes. Segundo ele, "A situação para as mulheres mostra uma evolução do número de casos de cânceres do pulmão. O aumento da incidência é 5,3% por ano, um sinal alarmante que tem uma ligação direta com a exposição ao tabaco”.

Na França, respectivamente, o câncer de mama, o de pulmão e o colorretal são os mais comuns entre as mulheres, destaca o estudo, que levou em conta os últimos trinta anos. Cerca de 400 mil casos são diagnosticados por ano, a incidência da doença de um modo geral entre as mulheres registrou um forte aumento desde 1990. Aumento que também resulta do próprio envelhecimento da população. A alta é de 93%, mesmo que o número de mortes tenha diminuído, por conta dos progressos envolvendo tratamento e prevenção.

O câncer de mama também voltou a crescer no país em 2010 depois de uma estabilização dos casos durante o ano 2000. Diversos fatores explicam essa tendência, ressalta o relatório: alimentação inadequada e obesidade, trabalho noturno e a exposição aos chamados disruptores endócrinos, presentes, por exemplo nos inseticidas usados na indústria da alimentação. Mudanças no modo de vida têm consequências diretas na saúde das mulheres, não só na França, mas em todo o mundo. Os autores do relatório ressaltam a importância de prevenir os cânceres que podem ser evitados. Entre eles o de pulmão, na maioria das vezes, causado pelo tabagismo, o câncer do colo de útero, que pode ser curado em fase inicial, e contra o qual existe uma vacina, além do melanoma, tumor da pele desencadeado pela forte exposição aos raios ultravioletas.

No Brasil, os números também são crescentes
Por aqui também há um aumento do número de casos do câncer de pulmão feminino, explica o oncologista Rodrigo Munhoz, do hospital Sírio Libanês, mesmo não estando no topo das estatísticas. Ele afirma que: "No sexo feminino, o câncer do pulmão vem crescendo em importância, e isso está relacionado ao hábito do tabaco. Quase 90% dos casos dos cânceres de pulmão são atribuídos ao tabagismo”, diz, “mesmo que haja diferenças de hábitos entre a França e o Brasil.”

Os dados da IARC ressaltam que diferenças socioeconômicas influenciam as estatísticas em relação à doença nos países. De acordo com Rodrigo Munhoz, por aqui, infelizmente o câncer de colo uterino ainda tem um destaque muito grande. Ele fica entre segundo e terceiro lugar na maior parte do país, mas na região norte, por exemplo, se excluir o câncer de pele não-melanoma, que não entra muito nas estatísticas, o câncer de colo uterino é o principal. Justamente porque, diferentemente da França, aqui há uma dificuldade maior de acesso para realização do exame Papanicolau ou para a vacinação contra o HPV (vírus causador da doença).

O oncologista também lembra que o acesso das pacientes aos tratamentos que destroem as lesões malignas é mais restrito, o que faz com que esse câncer, seja um dos maiores em incidência e mortalidade. Ele explica que a falta de adesão populacional e a limitação de políticas bem-estruturadas dificultam a diminuição dos casos. Além disso, há um aumento do câncer entre as mulheres no país, relacionado, entre outros fatores, ao envelhecimento da população. Nesse sentido, adesão e ampliação do acesso aos tratamentos se tornam um grande desafio para a saúde no Brasil

domingo, 1 de dezembro de 2019

Brasil está entre os países com maior número de casos de DPOC


Novembro é o mês de conscientização da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC. Entre os países com maior número de casos desta doença está o Brasil, com mais de 6 milhões de pacientes com DPOC, juntamente com a China, Índia e Estados Unidos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a DPOC é a quarta principal causa de morte, depois de infarto do miocárdio, câncer e doença cerebrovascular. Entre as principais causas de morte, é a única que está aumentando, prevendo-se que se torne a terceira em 2020, devido ao aumento do tabagismo nos países em desenvolvimento e ao envelhecimento da população.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se por sinais e sintomas respiratórios associados à obstrução crônica das vias aéreas inferiores, geralmente em decorrência de exposição inalatória prolongada a material particulado ou gases irritantes. O tabagismo é responsável por cerca de 80% dos casos da doença, incluindo os fumantes ativos ou passivos.

O substrato fisiopatológico da DPOC envolve bronquite crônica e enfisema pulmonar, os quais geralmente ocorrem de forma simultânea, com variáveis graus de comprometimento relativo num mesmo indivíduo. Os principais sinais e sintomas são tosse, dispneia, sibilos e expectoração crônicos. A DPOC está associada a um quadro inflamatório sistêmico, com manifestações como perda de peso e redução da massa muscular nas fases mais avançadas

A DPOC é um grave problema de saúde pública, acomete 10% da população adulta. Estima-se que, a cada um minuto, três pessoas morrem de DPOC no Brasil. A doença é a quarta causa de internação no Sistema Único de Saúde, sendo que, em 2018, mais de 110 mil pessoas foram internadas com o quadro nos hospitais públicos do país, totalizando 8 mil mortes, e custo total de mais de R$ 100 milhões.

Estimativas sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC têm sido baseadas primariamente nas estatísticas de mortalidade, o que configura um subdiagnóstico. A maioria dos estudos mostra que é DPOC subdiagnosticada em 72% a 93% – maior do que o relatado para hipertensão, hipercolesterolemia e muitos outros transtornos importantes. O diagnóstico incorreto é também comum. A DPOC é responsável por um enorme custo financeiro, promovendo gastos da ordem de US$ 1.522,00 por paciente por ano, quase três vezes o custo per capita da asma.

A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado são essenciais para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos. Desencorajar os indivíduos a começar a fumar e encorajar os fumantes a reduzir e parar de fumar são as primeiras e mais importantes prioridades na prevenção da DPOC.

Juntamente com a remoção dos irritantes respiratórios e o tratamento precoce das infecções respiratórias, os broncodilatadores inalatórios são os medicamentos básicos que ajudam estes pacientes. Pacientes com níveis sanguíneos baixos de oxigênio podem necessitar oxigênio suplementar. A oxigenoterapia em longo prazo pode aumentar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida em pacientes com níveis muito baixos de oxigênio. Manter a aptidão física e a atividade é importante porque a dificuldade respiratória pode levar a uma diminuição da atividade e ao subsequente descondicionamento. Portanto, a reabilitação pulmonar baseada em exercícios é importante para a maioria das pessoas com DPOC.

Leia mais em: Portal Arquivos do Ministério da Saúde

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Não sei se tenho asma ou bronquite

(Foto extraída de: https://www.ufrgs.br/telessauders/wp-content/uploads/2016/06/asma.fw_.png)

Asma e bronquite são frequentemente confundidas por apresentarem sintomas semelhantes, mas apesar de provocarem sintomas parecidos, a asma e a bronquite têm causas distintas.

Asma

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que consiste no estreitamento dos brônquios, causando a típica falta de ar, tosse e chiados no peito. O desenvolvimento da asma costuma estar associado a uma causa genética, ou seja, algumas pessoas apresentam uma predisposição para desenvolver a doença e, ao entrar em contato com fatores que sensibilizam as vias aéreas, como ácaro, poeira, fumaça de cigarro, pelo de animais, entre outros, a inflamação pode se manifestar. É uma doença comum da infância e pode acompanhar a pessoa por toda a vida ou se manifestar em diversas faixas etárias. A obstrução brônquica na asma é reversível espontaneamente ou após uso de medicação broncodilatadora.



O diagnóstico de asma pode ser demorado porque é preciso observar o tipo de sintomas e sua periodicidade, mas o caráter reversível da doença pode constituir uma dificuldade diagnóstica. A espirometria, exame que registra os volumes e fluxos pulmonares, é capaz de identificar presença de obstrução brônquica e resposta positiva a broncodilatador sugestiva de asma, mas fora das crises da doença, pode mostrar valores dentro da normalidade.

Bronquite

Bronquite é um termo comumente usado como sinônimo de asma, mas não é a mesma doença. É também um processo inflamatório dos brônquios, que pode ser agudo ou crônico. A bronquite aguda, geralmente causada por infecção por vírus ou bactéria, costuma ter curso limitado (uma a duas semanas). Em crianças, quadros agudos de bronquite são comuns, em geral em meses frios do ano, cursam com tosse produtiva e secreção abundante e respondem bem ao tratamento adequado.


Bronquite crônica é a inflamação prolongada dos brônquios, onde os sintomas de tosse produtiva são persistentes e se manifestam por três meses ou mais, durante pelo menos, dois anos consecutivos. A principal causa da doença é a inalação de fumaça do cigarro, podendo estar relacionada ainda a outros poluentes ambientais e químicos. A bronquite crônica faz parte de uma síndrome clinica que inclui o enfisema pulmonar denominada Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

É importante ressaltar que a asma e os diferentes tipos de bronquite têm causas e tratamentos diferentes.

Leia mais em: Pneumoblog

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Associação álcool e tuberculose

(Foto extraída de: https://iogt.org/wp-content/uploads/2014/07/2015-07-30-09.23.14-700x700.jpg)

Texto de: Carla Conceição dos Santos¹

A tuberculose (TB) se mantém como um importante problema de saúde pública mundial, embora os esforços para controlar a epidemia tenham conseguido reduzir sua mortalidade e incidência. Entretanto, vários fatores predisponentes precisam ainda ser enfrentados a fim de reduzir a carga global da doença. Em 2018, o Brasil registrou 72 mil novos casos de tuberculose, segundo o Ministério da Saúde (MS). No ano anterior, foram 73 mil. Segundo o MS, a doença tem relação direta com a pobreza e a exclusão social.

Algumas condições contribuem para o desenvolvimento da doença, entre elas está o consumo de álcool, ou sua dependência, durante o tratamento da TB. O alcoolismo crônico é considerado importante fator de risco para o desenvolvimento da tuberculose, visto que há alta incidência de casos e de formas mais avançadas de tuberculose pulmonar entre esses pacientes. Pesquisadores assinalam que o alcoolismo é um fator que altera negativamente a resistência individual porque o etilista encontra no álcool suficientes calorias e não se alimenta bem. Está propenso a uma gastrite, que por sua vez produz inapetência, agravando o estado nutricional, baixando a resistência e finalmente aumentando o risco do indivíduo de adquirir a tuberculose.

Embora o consumo de álcool seja considerado socialmente aceitável em todo o mundo, ele pode levar à dependência. Os problemas de consumo de álcool variam amplamente. O uso nocivo do álcool está classificado entre os cinco principais fatores de risco para doenças, incapacidades e morte, além de ser um fator causal em mais de 200 doenças e danos à saúde, incluindo a tuberculose, em todo o mundo. Estima-se que aproximadamente 10% de todos os casos de tuberculose são atribuíveis ao uso de álcool.

O problema deve ser tratado na comunidade e, também, mais considerado pela equipe de saúde que trabalha diretamente com doentes de TB, buscando encontrar meios precisos de identificar esses pacientes e oferecer tratamento concomitante ao uso ou abuso de álcool.

Os alcoolistas apresentaram probabilidade quase quatro vezes maior de abandonar o tratamento. A sensação de recuperação de saúde, o uso da bebida alcoólica ou drogas e o desconforto do tratamento – incluindo efeitos adversos – são motivos para o abandono do tratamento.

Caso o tratamento não seja realizado da forma recomendada, o indivíduo pode desenvolver o tipo resistente da doença, denominada tuberculose drogarresistente (TB-DR), que requer tempo de tratamento prolongado, podendo chegar a dois anos, e uso de um número maior de medicamentos tuberculostáticos.

A prevenção e o tratamento de abuso de substâncias, incluindo o uso nocivo do álcool, devem fazer parte da abordagem de tratamento dessa população de indivíduos portadores de TB. Nestes casos, o monitoramento da aderência ao tratamento, para evitar o abandono, merece especial atenção.

¹
Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Efeitos nos pulmões da inalação aguda de fumaça em ambientes fechados


Cerca de 80% dos óbitos em incêndios são causados por inalação de vapores e produtos químicos, principalmente monóxido de carbono e cianeto.

Os mecanismos de lesão pulmonar secundária à fumaça originada da combustão são: dano térmico direto, asfixia por falta de oxigênio, intoxicação pelo monóxido de carbono e irritação direta da árvore pulmonar pelas substâncias químicas inaladas.

As lesões térmicas pela inalação de fumaça, em geral ficam restritas a orofaringe, uma vez que o contato das vias respiratórias com ar muito quente estimula o fechamento da glote, diminuindo a passagem de calor para dentro dos pulmões, entretanto, em casos de aspiração de calor úmido, como vapores, que conseguem manter-se quentes até os pulmões, podem ocorrer sérias lesões térmicas dos pulmões.

A exposição da mucosa respiratória ao calor intenso pode provocar grave edema das vias aéreas, levando a broncoconstrição, de modo semelhante ao que ocorre em casos de alergia grave e edema de glote. Além disso, grandes incêndios em locais fechados, com pouca ventilação, consomem rapidamente uma grande quantidade de oxigênio. No ar ambiental que respiramos, cerca de 21% do volume é composto por oxigênio. Em incêndios, a concentração de oxigênio cai pela metade, sendo insuficiente para a oxigenação do sangue e das células, levando os pacientes à hipoxemia (falta de oxigênio no sangue).

A aspiração de outras substâncias na fumaça, como monóxido de carbônico e/ou cianeto também podem provocar asfixia. O monóxido de carbono que se forma a partir da queima de materiais é inalado pelos pulmões e cai na corrente sanguínea, ocupando espaço nos glóbulos vermelhos onde deveria estar o oxigênio. Os glóbulos vermelhos tomados por monóxido de carbono não conseguem transportar oxigênio, o que provoca a morte.

Outros fatores que contribuem para o dano pulmonar são as toxinas produzidas pela fumaça, ainda mais se considerarmos a ampla variedade dos componentes envolvidos no incêndio, bem como a imprevisível taxa de formação de subprodutos, dependendo da temperatura, espaço e composição do ambiente. A presença de grande quantidade de substâncias irritativas à mucosa do sistema respiratório provoca intensa reação inflamatória, levando à extravasamento de líquidos, formação de edema, produção de muco, descamação do epitélio, morte celular e necrose do tecido pulmonar.

Pacientes que sabidamente foram expostos à fumaça, mas não apresentam sinais de gravidade devem ser observados por 24 horas, pois o edema das vias aéreas pode demorar algumas horas para surgir. Qualquer pessoa exposta à fumaça em ambientes fechados por mais de 10 minutos deve ficar em observação.

Todos os indivíduos expostos à fumaça devem receber suplementação de oxigênio a 100% (lembre-se que o ar que respiramos é oxigênio a 21%). Este grande volume de oxigênio serve para reverter a hipoxemia causada pelas baixas concentrações de oxigênio nos incêndios e para aumentar a competição pela hemoglobina contra o monóxido de carbônico e o cianeto.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Pesquisa realizada nos EUA revela: doença provocada por cigarro eletrônico é apenas a “ponta do iceberg”

Fonte da imagem: https://www.dollarshaveclub.com

Um estudo recente, publicado na revista Radiology: Cardiothoracic Imaging, intitulado "Cigarro Eletrônico ou Lesão Pulmonar Associada ao Vaping (EVALI): A Ponta do Iceberg", mostra como os dados epidemiológicos de agravos provocados pelo uso do cigarro eletrônico nos Estados Unidos podem revelar apenas uma pequena parte dos riscos iminentes.

Nos EUA foram registrados até a última semana 1.604 casos de lesão pulmonar associada ao uso do cigarro eletrônico, sendo que 34 resultaram em mortes. Esses números podem ser apenas a ponta do iceberg do problema, de acordo com uma pesquisa recente, subestimando a verdadeira incidência e prevalência dos agravos relacionados aos e-cigs.

O primeiro caso de doença relacionada aos cigarros eletrônicos foi registrado no final de março, mas as autoridades ainda não identificaram os produtos químicos que estão causando a doença. Também não está claro se todos os casos são do mesmo tipo de lesão. O surto não parece estar vinculado ao uso a longo prazo de modelos usados nos EUA há mais de dez anos. Na verdade, as autoridades acreditam que os produtos ilícitos que contêm THC - o componente psicoativo da cannabis - são os culpados.

Estudos demonstraram que os cigarros eletrônicos pode causar danos semelhantes aos observados em fumantes de cigarros tradicionais - e em pessoas com doença pulmonar crônica. Um exemplo dado foi de um paciente de 24 anos. Ele usava os dispositivos diariamente. Uma equipe dos EUA lançou raios-X (TC) que destacam anormalidades alarmantes, causadas por gorduras dos óleos, dos cigarros eletrônicos, encontrados em seus pulmões. O homem estava com falta de ar, tosse, dor no peito e febre há uma semana. Ele tinha histórico de asma, o que aumenta a preocupação com o uso dos e-cigs, que podem ser particularmente perigosos para quem sofre de distúrbio respiratório.

A radiografia de tórax póstero-anterior em um homem de 24 anos com história de uso de cigarro eletrônico mostra opacidades reticulares bilaterais e predominantemente em vidro fosco e espaço aéreo distribuídas em ambos os pulmões inferiores e ausência de derrame pleural

Estudos demonstraram que o uso do cigarro eletrônico pode causar danos semelhantes aos observados em fumantes de cigarros tradicionais - e em pessoas com doença pulmonar crônica. Um exemplo dado foi de um paciente de 24 anos. Ele usava os dispositivos diariamente. Uma equipe dos EUA lançou raios-X (TC) que destacam anormalidades alarmantes, causadas por gorduras dos óleos, dos cigarros eletrônicos, encontrados em seus pulmões. O homem estava com falta de ar, tosse, dor no peito e febre há uma semana. Ele tinha histórico de asma, o que aumenta a preocupação com o uso dos e-cigs, que podem ser particularmente perigosos para quem sofre de distúrbio respiratório.

O uso do diagnóstico por imagem é essencial no processo. E de acordo com o co-autor Dr. Suhny Abbara, da Universidade do Texas (UT) "Os radiologistas continuarão a desempenhar um papel importante no reconhecimento dessa entidade emergente. Encorajamos a comunidade de imagens médicas a produzir evidências científicas e conhecimento médico para ajudar a aprimorar nossa compreensão coletiva dos efeitos do uso de cigarros eletrônicos nos pulmões e em outros sistemas orgânicos".

O Dr. Abbara e o co-autor Dr. Fernando Kay, do departamento de radiologia da UT Southwestern Medical Center, têm como objetivo aumentar a conscientização sobre como identificar doenças pulmonares causadas por uso de cigarro eletrônico.

Os e-cigs causam mais danos aos pulmões do que se temia, de acordo com essa e outras pesquisas recentes.

Leia mais em: My London

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Doenças Respiratórias Crônicas


*Texto publicado originalmente pela OMS

Doenças respiratórias crônicas são doenças crônicas tanto das vias aéreas superiores como das inferiores. A maioria dessas doenças são preveníveis e incluem a asma, a rinite alérgica e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Representam um dos maiores problemas de saúde mundial.
Centenas de milhões de pessoas de todas as idades sofrem dessas doenças e de alergias respiratórias em todos os países do mundo e mais de 500 milhões delas vivem em países em desenvolvimento. As DRC estão aumentando em prevalência particularmente entre as crianças e os idosos. Afetam a qualidade de vida e provocam incapacidade nos indivíduos afetados, causando grande impacto econômico e social (Camargos & Khaltaev, 2006; GARD, 2008).

A rinite alérgica pode ser considerada a doença de maior prevalência entre as doenças respiratórias crônicas e problema global de saúde pública, acometendo cerca de 20 a 25% da população em geral. Embora com sintomas de menor gravidade, está entre as dez razões mais freqüentes de atendimento primário à saúde. Ela afeta a qualidade de vida das pessoas, interferindo no período produtivo de suas vidas, podendo causar prejuízos pelo absenteísmo ao trabalho e à escola. Por ser uma doença negligenciada pelos profissionais de saúde, e pelo fato de que nem todos os portadores de rinite procurem atendimento, há um sub-diagnóstico e falta de controle dos sintomas.

De acordo com o estudo (ISAAC) realizado no Brasil, a prevalência média de sintomas relacionados à rinite alérgica é de 29,6% entre adolescentes e 25,7% entre escolares, estando o país no grupo de países com as maiores taxas mundiais de prevalência, tanto em asma como em rinite. Sabe-se que asma e rinite estão frequentemente associadas, e estudos recentes comprovam que o adequado manejo da rinite favorece o controle da asma.

A asma acomete cerca de 150 milhões de indivíduos em todo o mundo. A elevada frequência em crianças observada na última década prevê o aumento da prevalência por asma nos próximos anos a não ser que sejam tomadas medidas preventivas apropriadas.

O Brasil ocupa a 8ª posição mundial em prevalência de asma, variando de 10 a 20%, dependendo da região e da faixa etária consideradas. Em 2007, foi responsável por cerca de 273 mil internações e 2.500 óbitos, dos quais aproximadamente 1/3 ocorreu em UBS, domicílios ou vias públicas, gerando um custo aproximado R$ 98,6 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em termos mundiais, os custos com a asma superam os com a tuberculose e HIV/AIDS somados.

Estimativas sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC têm sido baseadas primariamente nas estatísticas de mortalidade, o que configura um subdiagnóstico. DPOC representa 4,8% dos óbitos por doenças respiratórias.

No Brasil, estimam-se prevalências de 7,5 milhões (5 a 10%) de portadores de DPOC. As internações por esta doença representaram um número na ordem de 170 mil admissões no último ano. O número de óbitos por DPOC variou em torno de 33.100 mortes anuais de 2000 a 2005. A DPOC é responsável por um enorme custo financeiro, promovendo gastos da ordem de US$ 1.522,00 por paciente por ano, quase três vezes o custo per capita da asma.

Leia mais em: OPAS

domingo, 20 de outubro de 2019

15 de Outubro: Dia Mundial da Lavagem das Mãos


Reprodução do texto da Paho¹

Em 15 de outubro de 2008 uma iniciativa público-privada criou o Dia Mundial da Lavagem das Mãos (Global Hand Washing Day). Uma campanha educativa pela lavagem das mãos de forma correta, com água e sabão, com o objetivo de diminuir o número de doenças e até mortes causadas por doenças infecciosas. A OPAS/OMS Brasil apóia esta iniciativa.

O foco do movimento são crianças e escolas, não apenas por serem potenciais vítimas de doenças infecciosas, mas especialmente por serem creditadas como potenciais agentes de mobilização e multiplicação para a formação da cultura de que “Mãos limpas salvam vidas”.

A iniciativa é importante, mas não é nova. Conta a história que o Dr. Ignaz Semmelweis, em 1847, ao perceber que as crianças morriam menos ao nascer quando vindas ao mundo pelas mãos limpas das parteiras e não pelas mãos sujas e ensanguentadas dos médicos da época, ficou intrigado e saiu correndo pelas ruas gritando "lavem as mãos, lavem as mãos".

Diarréia e desidratação são consideradas uma das 5 maiores causas de morte em crianças abaixo de 2 anos no mundo. Segundo a UNICEF, cerca de 5.000 crianças morrem de doenças diarreicas (desidratação) e "a metade destas mortes pode ser evitada se as crianças desenvolverem o hábito de se lavar as mãos com sabão, antes do almoço e depois de ir ao banheiro" Os meninos e meninas menores de cinco anos sofrem de doenças diarreicas de maneira desproporcional e mais de 3,5 milhões deles morrem devido a doenças relacionadas com a diarréia e a pneumonia. O simples ato de lavar as mãos com sabão pode reduzir a incidência das taxas de diarréia entre crianças menores de cinco anos e as infecções respiratórias.

Doenças respiratórias infecciosas, como a gripe, podem ser evitadas com a lavagem das mãos. É importante aderir e estimular as crianças a fazerem o mesmo.

¹Leia mais em: PAHO

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Asma e exercício físico


Asma é uma doença inflamatória crônica que se caracteriza por hiperreatividade das vias aéreas e por uma limitação ao fluxo de ar que é reversível espontaneamente ou com o uso de broncodilatadores. Apresenta-se em crises e com sintomas característicos como tosse, dificuldade para espirar e chiados no peito. São diversos os gatilhos para a asma, sendo os mais frequentes: poeira, ácaro, mofo, irritantes químicos, mudanças climáticas, infecções e exercício físico.

Ser asmático não impede o indivíduo de praticar esportes. O importante é manter a asma bem controlada e escolher com cuidado o tipo de atividade física a ser praticada. A maioria das pessoas que têm asma mal controlada terá sintomas durante o exercício. Os sintomas comuns da asma que podem ocorrer também durante o exercício são tosse, chiado, falta de ar, dor ou aperto no peito, e cansaço.

Algumas pessoas podem ter sintomas de asma somente durante a atividade física, esta forma de asma é chamada de asma induzida por exercício (ou AIE). Se o exercício desencadeia sintomas da asma ou não, vai depender do condicionamento físico, da intensidade da atividade e do ambiente em que o exercício está sendo praticado. Esportes muito intensos, como natação, futebol e corrida de longa distância são mais susceptíveis a ocasionar os sintomas de asma, mas nem sempre precisam ser evitados, pois geralmente são de fácil controle.

O ambiente influencia o aparecimento destes sintomas. Os principais fatores desencadeantes costumam ser: temperatura e umidade climática, poluição do ar, polens e fungos suspensos no ar bem como vapores químicos dispersos, como aqueles encontrados em piscinas. Os fatores desencadeantes que afetam determinado indivíduo podem ser diferentes daqueles que afetam outras pessoas.

Estar acima do peso ou não fazer exercícios físicos regularmente pode fazer uma pessoa sentir falta de ar e ser confundida, como portadora de asma de exercício. A sensação de dispneia aos esforços físicos é considerada normal para a maioria das pessoas que não estão treinadas. A falta de preparo físico faz qualquer atividade parecer mais difícil do que ele realmente é, e uma pessoa pode alcançar a fadiga mais facilmente. É preciso tempo e esforço para entrar em forma. O ideal é traçar um plano para alcançar um bom condicionamento físico de forma gradual.


Poucas vezes a asma é lembrada como causa de baixo rendimento esportivo. Em crianças que praticam atividades esportivas regulares, além dos sintomas citados acima, o baixo rendimento do treinamento em relação aos colegas pode ser um sinal de broncoespasmo induzido por esforço. Estes sintomas costumam se acentuar em épocas de clima frio e seco.

Nos atletas de alto rendimento, o broncoespasmo induzido por esforço é mais comum, mesmo em não asmáticos. Quando não diagnosticado e tratado pode contribuir para a perda de performance durante os treinos e maus resultados. A asma não deve ser um obstáculo ao bom desempenho esportivo. Atletas asmáticos bem controlados competem em igualdade com os demais.

Leia mais em: SBPT

sábado, 5 de outubro de 2019

Pneumonia é a causa mais comum de morte por sarampo


Sarampo é uma doença infecciosa aguda, de causa viral e disseminação respiratória, altamente contagiosa. Os sintomas iniciais são tosse, coriza, hiperemia conjuntival e febre, seguidos, após alguns dias, de erupções cutâneas avermelhadas (exantema), que se iniciam no tronco e duram, em média, uma semana. O período de contágio estende-se de dois dias antes de surgir o exantema a até cinco dias depois.

O sarampo é uma das mais altamente transmissíveis de todas as doenças infecciosas. Estima-se que 90% das pessoas próximas a uma pessoa doente que não estão imunes terão chance de serem infectadas. Aproximadamente 9 entre 10 pessoas susceptíveis com contato próximo a um doente de sarampo desenvolverá sarampo.

Sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode evoluir para complicações severas e levar à morte

No sarampo, paralelamente às alterações cutâneas, podem estar presentes manifestações pulmonares e queixas neurológicas. A complicação mais comum é a pneumonia bacteriana e a gravidade da pneumonia correlaciona-se com a piora do exantema.

Aproximadamente 30% dos casos de sarampo apresentam uma ou mais complicações. São mais comuns entre crianças menores de 5 anos de idade, pessoas imunocomprometidas, gestantes e adultos maiores de 20 anos. Em torno de 5 a 10% das pessoas que se infectam pelo vírus do sarampo podem sofrer complicações como pneumonia. Cerca de 1 em cada 20 crianças com sarampo pode desenvolver pneumonia.

Pneumonia como complicação do sarampo pode ocorrer em 3 a 4% dos casos em adolescentes ou adultos jovens. A forma primária manifesta-se como um infiltrado intersticial, envolvendo múltiplos lobos, surgindo coincidentemente com o exantema cutâneo. Frequentemente, pode haver pneumonia bacteriana secundária, que ocorre tardiamente no curso da doença, geralmente após o desaparecimento das lesões de pele. Pode haver evolução para insuficiência respiratória, necessitando de suporte ventilatório mecânico, com um índice de mortalidade de até 50% dos casos.

Pneumonia é a principal causa de morte por sarampo em crianças desnutridas e, mesmo em adultos, pneumonia viral por sarampo pode ser muito grave



No Brasil, os programas de imunização implantados nos diversos estados conseguiram um impacto muito positivo no controle dessa enfermidade, tendo havido uma redução importante de sua incidência nos últimos anos. Recentemente, entretanto, os serviços de saúde de alguns estados brasileiros começaram a reportar o surgimento de vários surtos da doença.

Não há tratamento antiviral específico. O tratamento do sarampo é sintomático e das complicações existentes. A doença confere imunidade definitiva e a prevenção com vacina é segura e eficaz.

A única maneira de evitar o sarampo é através da vacinação

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Dia Mundial do Pulmão 2019: organizações internacionais de saúde respiratória se unem para pedir pulmões saudáveis para todos

Obs.: reprodução do texto publicado em comemoração ao Dia Mundial do Pulmão

No Dia Mundial do Pulmão (WLD), a American Thoracic Society (ATS) esteve unida a membros do Fórum das Sociedades Respiratórias Internacionais (FIRS) e organizações parceiras do Dia Mundial do Pulmão para defender a saúde respiratória globalmente e apelar aos formuladores de políticas para garantir que todos tenham acesso aos serviços necessários para melhorar sua saúde pulmonar.

As doenças respiratórias impõem um imenso ônus à saúde em todo o mundo. Os fatos são chocantes:

• 65 milhões de pessoas sofrem de doença pulmonar obstrutiva crônica e 3 milhões morrem a cada ano, tornando-a a terceira principal causa de morte no mundo.
• 10 milhões de pessoas desenvolvem tuberculose e 1,6 milhão morrem a cada ano, tornando-a a doença infecciosa letal mais comum.
• 76 milhões de pessoas morrem de câncer de pulmão a cada ano, tornando-o o câncer mais mortal.
• 334 milhões de pessoas sofrem de asma, tornando-a a doença crônica mais comum da infância. Afeta 14% das crianças em todo o mundo - e está aumentando.
• A pneumonia mata milhões de pessoas a cada ano, tornando-a uma das principais causas de morte entre os mais jovens e os mais velhos.
• 91% da população mundial vive em lugares onde a má qualidade do ar excede as diretrizes da Organização Mundial da Saúde.

O Dia Mundial do Pulmão, em 25 de setembro, aconteceu dois dias após a Reunião de Alto Nível da ONU sobre Cobertura Universal de Saúde (UHC). O UHC pede que todas as pessoas recebam os serviços de saúde de que precisam, quando precisam, independentemente da situação financeira. Pelo menos metade da população mundial ainda não possui cobertura completa de serviços essenciais de saúde.

Os holofotes globais sobre a UHC representam uma oportunidade para um progresso substancial na luta contra doenças pulmonares em todo o mundo. No Dia Mundial do Pulmão deste ano, estão todos unidos na mensagem: “Não deixe ninguém para trás. No Dia Mundial do Pulmão, pedimos pulmões saudáveis para todos.”

“A UHC é particularmente importante para pessoas com doenças respiratórias. Por exemplo, uma interrupção no fornecimento de medicamentos para pacientes com tuberculose pode causar o desenvolvimento de resistência a medicamentos, o que traz sérias consequências. A indisponibilidade abrupta do medicamento para asma pode causar sofrimento e até morte. A falta de disponibilidade do profissional de saúde geralmente significa atraso no diagnóstico, o que pode ser fatal para pacientes com câncer de pulmão”, disse Dean Schraufnagel, MD, diretor executivo da FIRS.

A FIRS pede ação do UHC para:
1. Fortalecer os profissionais de saúde.
2. Priorizar a prevenção, nomeadamente o tabaco, a poluição do ar e as vacinas.
3. Manter um suprimento contínuo de medicamentos essenciais.
4. Resistência aos antibióticos

Além disso, a FIRS apela a essas ações essenciais para reduzir a carga de doenças respiratórias e melhorar a saúde global:
1. Aumentar a conscientização entre o público e os formuladores de políticas de que a saúde respiratória é um componente importante da saúde global.
2. Reduzir o uso de todos os produtos do tabaco através da aplicação universal da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.
3. Adotar e exigir os padrões de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde para reduzir a poluição do ar ambiente, interior e ocupacional em todos os países.
4. Promover o acesso universal a cuidados de saúde de qualidade, medicamentos essenciais e imunizações.
5. Melhorar o diagnóstico precoce de doenças respiratórias através do aumento da conscientização pública sobre a saúde e a doença dos pulmões.
6. Aumentar o treinamento dos profissionais de saúde em todo o mundo em doenças respiratórias.
7. Padronizar o monitoramento e o gerenciamento de doenças respiratórias com estratégias nacionais e internacionais baseadas em evidências.
8. Aumentar a pesquisa para prevenir e tratar doenças respiratórias.

“Esperamos que o Dia Mundial do Pulmão forneça uma oportunidade para ação, conversação e conscientização. Uma voz unificada de todos os que se dedicam à saúde respiratória será uma força poderosa”, conclui o Dr. Schraufnagel.

Para saber mais acesse: Newswise

sábado, 21 de setembro de 2019

SAÚDE RESPIRATÓRIA NA PRIMAVERA


No dia 23 de setembro, às 04h50, inicia-se a primavera. A estação, conhecida pelo desabrochar das flores e por uma explosão de cores, é intermediária entre o inverno e o verão e, por consequência, alterna características das duas estações: dias quentes e chuvosos e dias frios. Apesar disso, a maior tendência é a do aumento da temperatura que culminará com o início do verão.

O clima, com mudanças bruscas na temperatura, somado a poluição do ar e, sua característica mais conhecida, a do desabrochar das flores que está conectada a polinização do ar, traz uma consequência importante, principalmente para crianças e idosos, uma vez que promove o agravamento dos sintomas como tosse, espirros, obstrução nasal, e coriza.

Para quem tem propensão ao desenvolvimento de crises respiratórias, aconselha-se a prevenção. E quando falamos em prevenção, nos referimos principalmente a manter uma boa hidratação do corpo e cuidar dos ambientes fechados (seja residência ou local de trabalho). Cuidados com a limpeza e manutenção dos espaços bem arejados são fundamentais – assim, é necessário higienizar aparelhos de ar-condicionado, realizar limpeza adequada de tapetes, colchões, travesseiros, cortinas e outros objetos que acumulem poeira e possam se tornar viveiros para os ácaros. Além disso, a higiene das mãos torna-se fator fundamental para prevenir a proliferação de infecções.

A primavera é uma linda estação e com os cuidados adequados é possível aproveitá-la ao máximo. Mas se os sintomas surgirem e forem persistentes, o mais indicado é buscar auxílio de um especialista.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O que pode causar tosse seca?


Tosse é um reflexo natural do aparelho respiratório para eliminar microorganismos e irritantes que atingem as vias aéreas superiores ou os pulmões. É o principal mecanismo de defesa dos pulmões. Enquanto uma tosse seca ocasional raramente é motivo de preocupação, tosse persistente pode significar uma condição clínica mais séria que requer atenção.

Pode ser classificada como aguda, subaguda ou crônica. Tosse crônica é aquela que se prolonga por mais de 8 semanas, enquanto a tosse aguda dura menos de 3 semanas.

Tose seca, ou tosse não-produtiva, é definida como uma tosse que não produz eliminação de muco ou secreção e pode manifestar-se como uma sensação de coceira ou irritação na garganta. Por outro lado, a tosse produtiva, é aquela associada à eliminação de secreção ou escarro e visa auxiliar a limpeza das vias áreas.

As condições que podem causar tosse seca são variadas e identificar a causa da tosse é o primeiro passo para que sejam tomadas as medidas de prevenção e tratamento.

Asma é uma doença que leva à inflamação e estreitamento de vias aéreas e tem a tosse como um dos seus principais sintomas, associada a chiados no peito e dispneia. A tosse na asma pode ser produtiva, mas em alguns casos, pode ser seca e cursar como queixa isolada.

Refluxo gastroesofágico é uma condição onde há retorno involuntário e repetitivo do conteúdo estomacal para o esôfago, que causa tosse seca, crônica, em cerca de 40% dos indivíduos que têm a doença. Sintomas associados podem ser náuseas, vômitos e queimação retroesternal.

Gotejamento pós-nasal ocorre quando o muco do nariz e seios da face drena para a parte posterior da garganta e desencadeia tosse como mecanismo reflexo. Pode ser um sinal de infecção de seios da face ou manifestação de um processo alérgico.


Outras condições, menos freqüentes, também podem causar tosse seca. Infecções virais de vias aéreas, como o resfriado; câncer de pulmão, embora a tosse seja produtiva na maioria dos casos; fibrose pulmonar idiopática, uma condição crônica onde o tecido pulmonar é substituído progressivamente por tecido fibroso e cicatriz; tabagismo; exposição a poluentes ambientais; uso de medicamentos, em geral usados para tratamento de hipertensão arterial sistêmica, como beta-bloqueadores e inibidores da ECA.

O diagnóstico deve incluir, além de história clínica cuidadosa, exames de imagem do tórax, espirometria e endoscopia respiratória ou digestiva. O tratamento proposto para reduzir a intensidade e severidade da tosse deve incluir, sempre, a identificação do agente causal.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

O perigo dos cigarros eletrônicos


Considerada uma forma moderna de consumir nicotina, o cigarro eletrônico atrai cada vez mais pessoas e pode ressuscitar a indústria do tabaco. Apesar de apresentado como menos nocivo que o cigarro de papel, a extensão completa de seus malefícios ainda é desconhecida.

Os líquidos e essências utilizados nos cigarros eletrônicos, ou e-cigarettes, podem ser extremamente danosos à saúde, mesmo quando não há nicotina presente. Isso se dá devido aos açúcares e especiarias que compõem as fórmulas e, quando aquecidos, liberam toxinas que não deveriam ser inaladas.

No Brasil, onde eles são oficialmente proibidos, mas podem ser facilmente comprados pela internet em sites de importados, dados apontam que a prevalência de fumantes entre jovens de 18 a 24 anos residentes nas capitais brasileiras aumentou de 7,4% para 8,5%, entre 2016 e 2017. Um dos fatores que, possivelmente, pode ter contribuído para o aumento do número de fumantes jovens, talvez seja a comercialização disseminada desses produtos pela Internet.

Nos Estados Unidos, o cigarro eletrônico já foi declarado como epidemia. No Brasil, um estudo do Programa Nacional de Tabagismo do SUS apurou que 30% dos usuários menores de 30 anos já experimentaram. O presidente da comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Luiz Fernando Pereira, afirma: “não há dúvidas que há menos substâncias que fazem mal à saúde do que nos cigarros normais”. Segundo ele, o problema está nos efeitos ainda desconhecidos a médio e longo prazo do uso desses dispositivos. Ele cita casos de convulsões, de baterias que podem explodir e até de mortes. Recentemente, o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA reportou o primeiro óbito decorrente de doenças respiratórias adquiridas pelo uso de cigarros eletrônicos, e há outros 193 casos sob as mesmas suspeitas.

Cigarros eletrônicos: uma ameaça à saúde pública?


Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda não existem pesquisas conclusivas que comprovem a segurança na utilização dos cigarros eletrônicos. Por outro lado, diversos estudos realizados mundo a fora mostram que ele causa danos à saúde, em especial ao coração e ao pulmão, mas também à bexiga e ao estômago - mesmo se usado por pouco tempo (dois ou três meses).

Baseado nestes elementos, o governo brasileiro, em 2009, publicou a resolução RDC 46/2009, proibindo a comercialização, a importação e a propaganda de qualquer dispositivo eletrônico para fumar (DEF) no território nacional - ainda assim, não é difícil encontrá-lo em lojas virtuais e de produtos importados.

Acredita-se que a comercialização on-line desses produtos possa reverter em pouco tempo as políticas de controle do tabaco, caso medidas regulatórias mais restritivas não sejam tomadas.

Mesmo considerando que a proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar efetivamente protegeu o Brasil da epidemia de consumo de cigarros eletrônicos entre os jovens, deve ser considerada a tomada de ações mais restritivas contra a venda desses produtos, assim como se buscar meios de impedir que os grandes conglomerados de comércio varejista continuem a desafiar as autoridades de saúde para que esses produtos não revertam a bem-sucedida política de controle do tabaco no Brasil.

Leia mais: Isto É e Scielo

sábado, 31 de agosto de 2019

Tabaco, álcool e redes sociais


Em 2016 a ONU já alertava sobre o grande desafio de combater o uso das redes sociais pela indústria do cigarro. A agência apontava que a indústria utilizava a própria legislação para burlar proibições sobre propaganda e venda.

Em 2018 foram publicados nos Estados Unidos dados de uma pesquisa realizada pela Campanha para Crianças Livres do Tabaco e pela Netnografica LLC (organização de pesquisa e consultoria sobre consumidores) sobre as relações entre as redes sociais e a indústria do tabaco. Foram dois anos de pesquisa, mais de 100 campanhas documentadas e analisadas, além de entrevistas realizadas com jovens influenciadores digitais. Os resultados impressionam:

1) Os jovens influenciadores são escolhidos a partir do seu número de seguidores. Eles são pagos e treinados para realizar postagens com marcas de cigarro específicas e tirar fotos que pareçam naturais;
2) As empresas do tabaco patrocinam festas para os influenciadores e os incentivam a fazer postagens mostrando as marcas de cigarro;
3) Há ainda o estímulo para que os influenciadores criem hashtags específicas para promoção de cigarros.

As ações somadas surtiram efeitos visto que as campanhas de cigarros para mídias sociais foram visualizadas mais de 25 bilhões de vezes em todo o mundo durante o período. Assim, ficou patente a relação perigosa entre tabaco e redes sociais.

Diante de tudo isso, as redes Facebook e Instagram decidiram restringir as postagens referentes a cigarros e álcool no mês de julho deste ano. Embora já existissem normas, foi desenvolvida uma nova política que limita venda e propaganda de tabaco e álcool: as postagens sobre produtos relacionados devem ser restritas a maiores de 18 anos. No caso do Facebook, propaganda de tabaco e derivados aparece como proibido. Empresas e usuários estão sendo alertados pois em caso de violação das normas serão banidos das redes sociais. Para identificar os casos de violação o controle se dá através do uso de tecnologia e revisão contínua realizada por pessoal capacitado.

A política abrange também os cigarros eletrônicos e, embora o Facebook negue, isso estaria ligado à notícia dada pela CNN, rede americana, de que influenciadores digitais foram pagos para fazer campanhas nas redes. Esse seria um dos motivos pelos quais cresceu a epidemia de cigarros eletrônicos entre os adolescentes americanos, segundo especialistas.

Apesar das ações e novas políticas propostas, ainda serão permitidas postagens realizadas por influenciadores digitais. Estes continuarão na mira da indústria para colocar em ação estratégias de marketing que, muitas vezes, burlam as normas e alcançam muitas visualizações em todo o mundo. Assim, para cada passo dado na luta contra o consumo de drogas como o tabaco e o álcool, a indústria parece estar sempre um passo à frente no sentido de manter o mercado.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Drogas lícitas e seus impactos na juventude

Fonte da imagem: Extra Classe

Você já ouviu falar que o consumo de álcool e tabaco, drogas lícitas, é maior que o consumo de drogas ilícitas, como maconha, crack e cocaína? É maior e mais danoso, uma vez que o álcool mata mais que a AIDS e a tuberculose, e o tabaco mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano.

Recentemente a Fiocruz divulgou resultados do 3° Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira (a maior pesquisa já realizada sobre o assunto em todo o território nacional) e os dados são alarmantes. A pesquisa foi realizada entre maio e outubro de 2015, quando cerca de 17 mil pessoas com idades entre 12 e 65 anos foram entrevistadas no país. Os resultados revelam que cerca de 26,4 milhões de pessoas consumiram algum derivado do tabaco e mais da metade afirmou ter consumido bebida alcóolica alguma vez na vida. Salta aos olhos não apenas a proporção de usuários de álcool, mas saber que o brasileiro não percebe de forma clara os riscos do seu consumo. Na verdade, os entrevistados disseram acreditar que consumir crack (44,5%) traria mais riscos que consumir álcool (26%). E essa percepção equivocada parece fomentar o uso abusivo que cresceu cerca de 14,7%. *Você pode saber mais sobre os resultados da pesquisa na página da Fiocruz.

Os riscos não são apenas para os atuais consumidores de drogas lícitas, mas também para crianças e adolescentes que sofrem os danos do convívio em ambientes com tabagistas (experienciando o tabagismo de segunda e terceira mão) e/ou sofrem as consequências do consumo abusivo de álcool por familiares. Nessa perspectiva, um outro estudo (realizado no Reino Unido) aponta como o convívio com pais usuários da combinação de álcool, tabaco e outras drogas impacta todas as áreas do bem-estar na infância. O percentual de menores de 18 anos que convivem com familiares que usam drogas é significativo e o impacto se dá em diversos níveis:
1) bem-estar físico,
2) psicológico (saúde mental),
3) cognitivo (medido através de coisas como desempenho escolar),
4) social (incluindo se eles tinham relacionamentos positivos ou comportamento antissocial)
5) e econômico (por exemplo, se a família requer apoio financeiro).
Mesmo quando os pais fazem o uso recreativo, ou seja, quando não são clinicamente dependentes das substâncias, o bem-estar dos filhos é afetado e pode comprometer a vida adulta.

Além de tudo isso, crianças e adolescentes crescem com a falsa ideia de que esta é uma realidade normal. Com uma visão deturpada, tornam-se presas fáceis para as indústrias que investem pesado em desenvolvimento de produtos, propaganda e marketing. E não é por acaso que mais de 24 milhões de jovens (de 13 a 15 anos) são fumantes, e o álcool é a principal causa de morte, entre os de 15 e 24 anos, no mundo, segundo a OMS.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Tuberculose: do suplício à inspiração literária


Texto de: Carla Conceição dos Santos¹

A doença mais fatal no mundo inspirou a produção de poetas e escritores que usaram seus versos para o enaltecimento à beleza das tísicas e a aparências doentes e miseráveis oriundas do autoabandono. Predominaram em suas obras o extremo pessimismo, a sensação de perda de suporte, apatia moral, melancolia difusa, tristeza, ausência da alegria de viver, nostalgia, falta de sentimento vital e depressão profunda, resultando em males físicos, mentais ou imaginários que levam à morte precoce ou ao suicídio.

No século 18, no Brasil, diversos poetas e escritores famosos contraíram tuberculose. Nomes como Nelson Rodrigues, Manuel Bandeira, Casimiro de Abreu, Castro Alves e outros expressaram seus sentimentos em relação a seus amores, parentes e amigos portadores da doença e foram considerados, por isso, mórbido-pessimistas.

Alguns deles, como Castro Alves, Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu, foram assim denominados e morreram muito jovens em decorrência da tuberculose. Em suas obras, é possível identificar os desabafos em forma de versos sobre a vida indo embora:

“Mocidade e Morte”, de Castro Alves, falecido aos 24 anos: Descansem o meu leito solitário / Na floresta dos homens esquecida / À sombra de uma cruz e escrevam nela: / Foi poeta, sonhou e amou a vida;

“Lembranças de Morrer”, de Álvares de Azevedo, que morreu aos 21 anos: Eu sofro; o corpo padece / E minh’alma se estremece / Ouvindo o dobrar de um sino (…) A febre me queima a fonte / E dos túmulos a aragem / Roça-me a pálida face / Mas no delírio e na febre / Sempre teu rosto contemplo;

Augusto dos Anjos, outro poeta mórbido-pessimista a quem se atribui erroneamente ter sido tísico, morreu jovem em 1914 de pneumonia e ficou sem pai em 1905 por tuberculose. Em duas quadras de longa poesia, ele externou sua percepção sobre esse mal: Falar somente uma linguagem rouca, / Um português cansado e incompreensível, / Vomitar o pulmão na noite horrível / Em que se deita sangue pela boca! / Expulsar aos bocados, a existência / Numa bacia autômata de barro / Alucinado, vendo em cada escarro /O retrato da própria consciência…

Quem mais representa essa corrente foi Manuel Bandeira, conhecido como o ‘Poeta Tísico’ por escrever: “Mas então não farei mais nada porque em mim o poeta é tuberculose. Eu sou Manuel Bandeira, o Poeta Tísico” mas, foi devido à tuberculose que o Brasil ganhou um dos seus mais expressivos poetas. Aos 18 anos, em 1904, Manuel Bandeira abandonou os planos de ser arquiteto após saber que estava com tuberculose. A ‘sentença de morte’ que significava à época a tuberculose fez da enfermidade inspiração para boa parte de seus escritos, mas ele sobreviveu à doença e veio a morrer por hemorragia digestiva alta, aos 80 anos. Entre seus poemas figura o “Pneumotórax”:
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos, /A vida inteira que poderia ter sido e não foi. /Tosse, tosse, tosse. / Mandou chamar o médico. / Diga trinta e três. / Trinta e três… trinta e três… trinta e três… / Respire / O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo / e o pulmão direito infiltrado. / Então doutor, não é possível tentar o pneumotórax? / Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

A descrição literária mais crua sobre a vida de portadores de tuberculose em sanatórios origina-se da vivência do dramaturgo, jornalista e teatrólogo Nelson Rodrigues quando ele se tratava da doença na estância climática de Campos de Jordão, em São Paulo, a mais procurada no Brasil. Ele permaneceu de abril de 1934 a junho de 1935 num Sanatório Popular, onde, em 1935, escreveu o seu primeiro texto dramático. Para ele, o sanatório, de forma geral, se tratava da “casa dos mortos”, principalmente por se queixar de solidão ao perceber a escassez de correspondências para ele. Seu desabafo na publicação “Memórias”, de 1967, expõe a vulnerabilidade à tuberculose.

Leia mais em: Fundação Ataulpho de Paiva


¹
Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

DPOC mata 3 milhões de pessoas por ano


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) caracteriza-se por pela diminuição prolongada do calibre das vias aéreas respiratórias e destruição do tecido pulmonar. Geralmente, se manifesta de forma silenciosa: 80% das pessoas afetadas nem sequer sabem disso. A doença tem caráter progressivo e pode se agravar a ponto de levar à morte.

Cerca de 3 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência dessa condição, segundo a OMS, que afeta 384 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estima-se que 7 milhões de pessoas tenham DPOC, mas somente 12% dos pacientes são diagnosticados. Acredita-se que, no país, a prevalência da doença pode chegar a 25,7% para pessoas com 60 anos ou mais.

Entre os principais sintomas estão a falta de ar e tosse com produção de expectoração.
Sua principal causa é a exposição à fumaça do cigarro, seja o fumante ativo ou passivo. O fumo do tabaco estimula a produção de muco e obstrução ao fluxo aéreo, no entanto, alguns casos podem ocorrer como resultado da exposição a outros tipos de fumaça ou como consequência de infeções respiratórias na infância e fatores genéticos.

“A causa mais comum da DPOC é o consumo do tabaco”

Dificuldade em realizar atividades do dia-a-dia, incapacidade para o trabalho e vida pessoal, dependência de terceiros, isolamento social, ansiedade e depressão são algumas das principais consequências de uma doença que apresenta um grande impacto na qualidade de vida dos doentes. As exacerbações são a complicação mais comum da doença, correspondendo a um período de agravamento dos sintomas para o qual a medicação não é tão eficaz.


A DPOC não tem cura mas pode ser prevenida e tratada. A cessação tabágica constitui o pilar do tratamento. Deixar de fumar é a medida com maior capacidade de alterar a história natural da doença. A terapia farmacológica visa reduzir os sintomas, aumentar a tolerância aos esforços e diminuir a frequência e gravidade dos episódios de exacerbações. Em casos mais graves, torna-se necessária a utilização de oxigênio, por períodos curtos, durante exacerbações, ou de forma contínua, quando há insuficiência respiratória crônica.

Pessoas com mais de 40 anos, tabagistas ou expostas a fumaça ou poeira lesiva ao aparelho respiratório, caso apresentem sintomas como tosse, expectoração e dispneia, devem consultar um pneumologista.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Câncer de Pulmão é o que mais mata no Brasil


De acordo com o INCA, o câncer de pulmão é o número 1 entre os diversos tipos de câncer. Desde 1985 ele supera todos os outros em incidência e em mortalidade em todo o mundo. No Brasil, o câncer de pulmão é o segundo mais comum e o que mais mata – tendo sido responsável por 26.498 mortes em 2015.

O consumo de produtos fumígeros está diretamente relacionado a aproximadamente 85% dos casos diagnosticados da doença. Não há como negar a relação entre este tipo de câncer e o tabagismo. Tanto que, foi possível observar como a taxa de mortalidade caiu no mesmo período em que houve redução do número de tabagistas no país – de 2011 para 2015 houve uma redução de 3,8% em homens e 2,3% em mulheres. No entanto, é importante ter claro que o tabagismo não é o único fator de risco e que outros fatores também são importantes, como a poluição do ar, fatores genéticos, alimentação inadequada, outras doenças pulmonares, exposição ocupacional a agentes químicos, idade avançada, entre outros.

86% dos casos de câncer de pulmão no Brasil são diagnosticados quando já estão em estágio avançado. Ou seja, quando o tratamento já não surte o efeito desejado ou tem efeito nulo. Por este motivo é importante que as pessoas se preocupem com a prevenção e realização de exames periódicos para que seja feito diagnóstico precoce. Principalmente, mas não exclusivamente, quando falamos de pessoas pertencentes aos grupos de risco. Isso permite uma possibilidade maior de sucesso no tratamento.


É importante estar atento aos sinais, mas precisamos lembrar que, em geral, os sintomas (tosse e rouquidão persistentes, sangramento pelas vias respiratórias, dor no peito, dificuldade de respirar, fraqueza e perda de peso sem causa aparente, entre outros) não são causados por câncer, mas por outros problemas pulmonares. No entanto, quando os sintomas são persistentes, é fundamental realizar uma avaliação médica com especialista.

Leia mais em: INCA

sexta-feira, 26 de julho de 2019

DADOS DO FUMO NO BRASIL: CAI O NÚMERO DE FUMANTES, MAS INICIAÇÃO AINDA É UM PROBLEMA


No mês de agosto teremos o Dia Nacional de Combate ao Fumo (dia 29) – trata-se de uma data marcante e que foi instituída em 1986 pela lei nº 7488 com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população sobre os perigos do tabagismo. A data ajuda a impulsionar campanhas e é por isso que durante todo o mês vemos o tema nos noticiários e em todos os meios de comunicação.

De acordo com uma Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) publicada no início do mês de julho, houve uma queda significativa no número de fumantes em nosso país: em 2006 eram 15,7% e em 2017 esse percentual passou para 10,1%. Trata-se de uma queda significativa que é comemorada por todos as instituições que abordam o tema.

Em 2005, quando o Brasil passou a integrar a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados eram alarmantes. O país, ao integrar o programa, abraçou e implementou as ações para controle e redução do fumo em todo o território nacional. As ações prevêem uma mudança na legislação que estimula o aumento dos impostos sobre produtos fumígeros, incentiva campanhas educativas e de advertência, além de dificultar o acesso de menores aos cigarros. Esse conjunto de ações está diretamente relacionado com a redução do número de fumantes e isso é um fato.

As ações também influenciaram o percentual de experimentação, uma vez que o número de crianças e adolescentes que haviam experimentado cigarros caiu de 24% em 2009 para 19% em 2015. Não é uma queda tão significativa quanto a do número de fumantes, mas devemos lembrar que as ações da indústria do tabaco estão sempre voltadas para essa faixa etária. A indústria atua de forma agressiva e com muita atratividade - prova disso são o cigarros com cheiro e sabor, os cigarros eletrônicos com design e colorido modernos, etc.

Diante dos dados expostos, fica evidente a necessidade de manutenção, fiscalização e ampliação das ações propostas pela Convenção-Quadro, monitoramento das ações da indústria do tabaco, além da realização contínua de estudos que possam aferir os impactos do tabagismo nas diferentes esferas da vida social.

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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Rio de Janeiro tem uma das maiores taxas de incidência de tuberculose no país


Texto de: Carla Conceição dos Santos¹

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil é um dos 30 países responsáveis por 87% do total de casos de tuberculose no mundo. No ano de 2017, foram notificados 73 mil novos casos no País. O estado do Rio de Janeiro tem uma das mais altas taxas da doença. A média nacional de casos de tuberculose é de 33,5 a cada 100 mil habitantes. O estado do Rio tem praticamente o dobro, 65,7 casos a cada 100 mil pessoas.

Em 2018, os dois estados com maior casos novos de TB foram Amazonas (72,9 casos/100 mil hab.) e Rio de Janeiro (66,3 casos/100 mil hab.) cujas capitais também apresentaram os maiores números de casos, sendo de 102,6 casos/100 mil hab. em Manaus e 89,9 casos/100 mil hab. no Rio de Janeiro. Morrem no estado do Rio de Janeiro, todo ano, 800 pessoas com tuberculose. É mais que dengue, chikungunya e febre amarela juntas. E as chances de aumento nesse número são fortes, já que a doença além de não estar controlada, está intimamente associada às condições socioeconômicas.

Locais onde há grande concentração de pessoas, como presídios, e áreas mais pobres onde vivem muitas pessoas no mesmo domicílio, em ambientes mal ventilados e com pouca luz solar, são condições que favorecem a transmissão da doença, mas por tratar-se de doença contagiosa, toda a população encontra-se exposta. A infecção ocorre a partir da inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro do doente com tuberculose ativa das vias respiratórias.


Nas comunidades cariocas, o percentual de doentes também é maior que em outras regiões da cidade, podendo chegar a mais de 300 casos por 100 mil habitantes. A Secretaria Municipal de Saúde vem aumentando as equipes para identificar e acompanhar pacientes. No entanto, adverte que a doença se alimenta de problemas sociais, como moradias precárias, falta de saneamento e de informação.

O quadro é ainda mais crítico quando observada a população carcerária que concentra 10% dos casos em todo o estado: 1.200 registros da doença a cada 100 mil habitantes. Para os especialistas ,as condições dos presídios em conjunto com a superlotação e sobretudo a falta de estrutura no atendimento médico, favorecem o desenvolvimento da tuberculose.

A doença tende a se agravar, porque as desigualdades sociais somadas a moradias em piores condições, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e diagnóstico tardio, aumentam as chances a cada segundo de novos casos de tuberculose.

¹ Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Mais de 80% das mortes por pneumonia no país são de idosos


Oito em cada dez mortes por pneumonia no Brasil entre 2015 e 2017 foram de idosos, o que corresponde a mais de 80% das mortes pela doença. Nesse período, foram registrados cerca de 200 mil óbitos por causa da doença, uma média de 66,5 mil casos por ano, ou sete por hora.

Os dados do Ministério da Saúde revelam uma vulnerabilidade maior de pessoas acima de 60 anos às complicações causadas pela pneumonia.

O fator idade é o de mais gravidade da pneumonia. Com a idade avançada, o sistema imunológico já não responde tão bem como antes. Nos idosos, há mais diabetes, hipertensão, doenças cardiológicas e renais. Esses fatores também aumentam o risco de óbito.

O inverno traz fatores de risco de alguma maneira. Existe a sazonalidade do vírus influenza e de outros vírus que circulam no hemisfério no inverno. Ambientes fechados em dias de muito frio propiciam a transmissão com facilidade de uma pessoa para a outra. Uma gripe pode ser a "porta de entrada" para as bactérias que causam a pneumonia.

O ar frio repentino é um grande irritante das vias aéreas. O frio faz com que os cílios das vias aéreas, que filtram o ar respirado, tenham seu funcionamento comprometido. Assim, a pessoa fica mais exposta aos micro-organismos que causam a doença.

Os sintomas da pneumonia incluem cansaço, tosse, batimentos cardíacos acelerados (taquicardia), falta de ar e febre. A recomendação é que a pessoa seja levada com urgência a um hospital para passar por avaliação. Exames como raio-x do tórax são usados para o diagnóstico. O tratamento é feito com antibióticos. Mas os médicos têm a preocupação da resistência de muitas bactérias a essas substâncias. Por isso, a melhor forma de evitar complicações é a prevenção.

A vacina contra a gripe pode reduzir em até 45% as internações hospitalares por pneumonia e em até 75% o risco de morte pela doença, segundo o Ministério da Saúde.

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