Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sábado, 31 de agosto de 2019

Tabaco, álcool e redes sociais


Em 2016 a ONU já alertava sobre o grande desafio de combater o uso das redes sociais pela indústria do cigarro. A agência apontava que a indústria utilizava a própria legislação para burlar proibições sobre propaganda e venda.

Em 2018 foram publicados nos Estados Unidos dados de uma pesquisa realizada pela Campanha para Crianças Livres do Tabaco e pela Netnografica LLC (organização de pesquisa e consultoria sobre consumidores) sobre as relações entre as redes sociais e a indústria do tabaco. Foram dois anos de pesquisa, mais de 100 campanhas documentadas e analisadas, além de entrevistas realizadas com jovens influenciadores digitais. Os resultados impressionam:

1) Os jovens influenciadores são escolhidos a partir do seu número de seguidores. Eles são pagos e treinados para realizar postagens com marcas de cigarro específicas e tirar fotos que pareçam naturais;
2) As empresas do tabaco patrocinam festas para os influenciadores e os incentivam a fazer postagens mostrando as marcas de cigarro;
3) Há ainda o estímulo para que os influenciadores criem hashtags específicas para promoção de cigarros.

As ações somadas surtiram efeitos visto que as campanhas de cigarros para mídias sociais foram visualizadas mais de 25 bilhões de vezes em todo o mundo durante o período. Assim, ficou patente a relação perigosa entre tabaco e redes sociais.

Diante de tudo isso, as redes Facebook e Instagram decidiram restringir as postagens referentes a cigarros e álcool no mês de julho deste ano. Embora já existissem normas, foi desenvolvida uma nova política que limita venda e propaganda de tabaco e álcool: as postagens sobre produtos relacionados devem ser restritas a maiores de 18 anos. No caso do Facebook, propaganda de tabaco e derivados aparece como proibido. Empresas e usuários estão sendo alertados pois em caso de violação das normas serão banidos das redes sociais. Para identificar os casos de violação o controle se dá através do uso de tecnologia e revisão contínua realizada por pessoal capacitado.

A política abrange também os cigarros eletrônicos e, embora o Facebook negue, isso estaria ligado à notícia dada pela CNN, rede americana, de que influenciadores digitais foram pagos para fazer campanhas nas redes. Esse seria um dos motivos pelos quais cresceu a epidemia de cigarros eletrônicos entre os adolescentes americanos, segundo especialistas.

Apesar das ações e novas políticas propostas, ainda serão permitidas postagens realizadas por influenciadores digitais. Estes continuarão na mira da indústria para colocar em ação estratégias de marketing que, muitas vezes, burlam as normas e alcançam muitas visualizações em todo o mundo. Assim, para cada passo dado na luta contra o consumo de drogas como o tabaco e o álcool, a indústria parece estar sempre um passo à frente no sentido de manter o mercado.

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