Pulmão
sexta-feira, 6 de setembro de 2019
O perigo dos cigarros eletrônicos
Considerada uma forma moderna de consumir nicotina, o cigarro eletrônico atrai cada vez mais pessoas e pode ressuscitar a indústria do tabaco. Apesar de apresentado como menos nocivo que o cigarro de papel, a extensão completa de seus malefícios ainda é desconhecida.
Os líquidos e essências utilizados nos cigarros eletrônicos, ou e-cigarettes, podem ser extremamente danosos à saúde, mesmo quando não há nicotina presente. Isso se dá devido aos açúcares e especiarias que compõem as fórmulas e, quando aquecidos, liberam toxinas que não deveriam ser inaladas.
No Brasil, onde eles são oficialmente proibidos, mas podem ser facilmente comprados pela internet em sites de importados, dados apontam que a prevalência de fumantes entre jovens de 18 a 24 anos residentes nas capitais brasileiras aumentou de 7,4% para 8,5%, entre 2016 e 2017. Um dos fatores que, possivelmente, pode ter contribuído para o aumento do número de fumantes jovens, talvez seja a comercialização disseminada desses produtos pela Internet.
Nos Estados Unidos, o cigarro eletrônico já foi declarado como epidemia. No Brasil, um estudo do Programa Nacional de Tabagismo do SUS apurou que 30% dos usuários menores de 30 anos já experimentaram. O presidente da comissão de tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Luiz Fernando Pereira, afirma: “não há dúvidas que há menos substâncias que fazem mal à saúde do que nos cigarros normais”. Segundo ele, o problema está nos efeitos ainda desconhecidos a médio e longo prazo do uso desses dispositivos. Ele cita casos de convulsões, de baterias que podem explodir e até de mortes. Recentemente, o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA reportou o primeiro óbito decorrente de doenças respiratórias adquiridas pelo uso de cigarros eletrônicos, e há outros 193 casos sob as mesmas suspeitas.
Cigarros eletrônicos: uma ameaça à saúde pública?
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda não existem pesquisas conclusivas que comprovem a segurança na utilização dos cigarros eletrônicos. Por outro lado, diversos estudos realizados mundo a fora mostram que ele causa danos à saúde, em especial ao coração e ao pulmão, mas também à bexiga e ao estômago - mesmo se usado por pouco tempo (dois ou três meses).
Baseado nestes elementos, o governo brasileiro, em 2009, publicou a resolução RDC 46/2009, proibindo a comercialização, a importação e a propaganda de qualquer dispositivo eletrônico para fumar (DEF) no território nacional - ainda assim, não é difícil encontrá-lo em lojas virtuais e de produtos importados.
Acredita-se que a comercialização on-line desses produtos possa reverter em pouco tempo as políticas de controle do tabaco, caso medidas regulatórias mais restritivas não sejam tomadas.
Mesmo considerando que a proibição dos dispositivos eletrônicos para fumar efetivamente protegeu o Brasil da epidemia de consumo de cigarros eletrônicos entre os jovens, deve ser considerada a tomada de ações mais restritivas contra a venda desses produtos, assim como se buscar meios de impedir que os grandes conglomerados de comércio varejista continuem a desafiar as autoridades de saúde para que esses produtos não revertam a bem-sucedida política de controle do tabaco no Brasil.
Leia mais: Isto É e Scielo
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