Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Fibrose cística é doença genética que afeta os pulmões


A fibrose cística atinge cerca de 70 mil pessoas em todo mundo, e é a doença genética grave mais comum da infância. No Brasil, estimativas do Ministério da Saúde apontam que uma em cada 25 pessoas carrega o gene da doença. Este fato é compatível com uma frequência observada de, aproximadamente, um em cada 2,5 mil recém-nascidos.

Os sintomas aparecem, geralmente, nos primeiros anos de vida. A doença ocorre porque um gene defeituoso e a proteína produzida por ele fazem com que o corpo produza muco de 30 a 60 vezes mais espesso que o usual. O muco espesso leva ao acúmulo de bactérias e germes nas vias respiratórias, podendo causar inchaço, inflamações e infecções como pneumonia e bronquite, trazendo danos aos pulmões.

Esse muco também pode bloquear o sistema digestivo e o pâncreas, o que impede que os órgãos funcionem normalmente. Sem o funcionamento correto, o corpo não absorve os nutrientes dos alimentos, essencial para o desenvolvimento e saúde do ser humano.

A doença é grave e causa danos no sistema respiratório e digestivo. Tosse que não passa, suor mais salgado que o normal, pneumonia de repetição, diarreia e dificuldade para ganhar peso e estatura. Se esses sintomas aparecerem com frequência, pode indicar fibrose cística. A doença, também conhecida como mucoviscidose, é uma doença genética crônica que afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo.

Os sintomas da fibrose cística e sua gravidade são diferentes para cada pessoa e dependem do tipo de defeito genético ou mutação que o gene tem. Há mais de mil tipos diferentes de mutação para esse gene.

A fibrose cística pode ser identificada através do Teste do Pezinho e diagnosticada através de exames genéticos. O teste deve ser realizado em amostras colhidas em até 30 dias de vida do recém-nascido. O exame confirmatório dos casos suspeitos é a dosagem de cloretos no suor “Teste de Suor”.

A doença ainda não tem cura, mas, se diagnosticada precocemente, pode ser tratada diminuindo bastante seus efeitos sobre o organismo.

Assista ao vídeo: O que é fibrose cística?

Leia mais: Ministério da Saúde

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Efeitos da maconha na saúde respiratória

Fonte da imagem: https://www1.folha.uol.com.br (Autor: Alain Jocard)

A maconha (cannabis) é a droga ilícita mais consumida em países desenvolvidos, segundo dados da OMS, e uma das mais consumidas no Brasil. Ela é barata, o que promove um aumento do consumo, principalmente em períodos como o carnaval. A forma mais comum de consumo é a fumada, seja enrolada como cigarro, seja colocada em cachimbos – nesse processo o efeito é bastante rápido, pois a droga fumada chega rapidamente ao cérebro. De acordo com a pessoa que usa e o tipo de maconha e sua concentração de THC (tetrahidrocanabinol – responsável pelos efeitos no sistema nervoso central), as consequências podem ser mais ou menos intensas, como: euforia, sonolência, perda da coordenação motora e da noção de tempo e espaço, taquicardia, entre outras.


A maconha se constitui num importante tema social e de saúde pública. Mas no debate a polêmica sempre bate ponto. Basta uma pesquisa rápida na internet para observar como o dilema é amplo, atingindo diversas esferas da vida social. Por um lado, é defendida por grande parte de seus usuários e, atualmente, por muitas pessoas que se beneficiam ou podem se beneficiar por seus recursos terapêuticos, ou simplesmente por aqueles que defendem a liberdade de escolha, seja para o bem ou para o mal. Por outro lado, é combatida ou questionada por aqueles que veem nela os riscos da dependência química, do uso abusivo, dos riscos à saúde. Fato é que não há, nem de longe, algum consenso e, no que diz respeito a saúde respiratória, a história não é muito diferente.

Pesquisando sobre o assunto na internet você vai encontrar textos que fazem afirmações bem opostas, do tipo: “Uso moderado de maconha pode fazer bem para os pulmões - Novo estudo mostra que cigarro de tabaco causa mais danos para função pulmonar” (fonte: https://oglobo.globo.com/) ou “Cigarro de maconha 'causa os mesmos danos de 5 de tabaco' - Um único cigarro de maconha pode causar aos pulmões os mesmos danos de cinco cigarros de tabaco, revelou uma pesquisa realizada na Nova Zelândia” (fonte: https://www.bbc.com) ou ainda “Fumar maconha não prejudica o pulmão, afirmam cientistas” (fonte: https://super.abril.com.br). Encontramos estudos científicos que apontam graves danos e outros que relativizam seus efeitos. Então como saber o que de fato é verdade? A resposta é: através de estudos de revisão. Os estudos de revisão mapeiam todos os estudos científicos sobre o tema e analisam seus resultados a partir de uma comparação das metodologias a fim de identificar o que é confiável e os achados mais significativos. Assim, os estudos de revisão são uma ótima estratégia para identificar o que é válido sobre um determinado tema e, nesse sentido, apontamos abaixo dois deles.

O primeiro estudo, de 2014, publicado na Revista de Ciências Médicas e Biológicas, intitulado “Efeitos do consumo de cannabis na função respiratória” foi realizado em Portugal. Nele, as pesquisadoras Raquel Barros e Liliana Raposo realizaram uma pesquisa de evidência científica analisando 102 estudos sobre o tema e relataram que todas as formas de maconha apresentam mais de “400 constituintes químicos (monóxido de carbono e carcinogêneos)” e que os estudos demonstraram a presença de alterações nas vias aéreas “em indivíduos fumadores de cannabis similares às presentes em indivíduos fumadores de tabaco”. Além disso, em suas conclusões, as autoras apontam que: “as ideias pré-concebidas que o consumo de cannabis é inofensivo não são verdadeiras, e que esta substância apesar de ser consumida de forma menos frequente do que o tabaco, também promove alterações funcionais respiratórias nocivas”.

O segundo estudo, bem mais amplo, de 2017, foi realizado nos Estados Unidos, analisando mais de 10.000 estudos científicos. A pesquisa liderada pela Dra. Marie McCormick, foi intitulada “The health effects of cannabis and cannabinoids” e seu relatório publicado na The National Academies of Sciences Engineering Medicine. Foram mais de cem conclusões extraídas a partir das análises e que podem ser consultadas diretamente no relatório, mas no que diz respeito a saúde respiratória, as evidências mostraram que fumar maconha regularmente pode aumentar a incidência de bronquite crônica, suas crises, além piorar outros sintomas respiratórios, como tosse.

A principal diferença entre os dois estudos é que o primeiro possui um enfoque restrito na função respiratória e, por isso, o número de pesquisas analisadas tende a ser menor, enquanto o segundo aborda os efeitos sobre a saúde como um todo, ampliando o universo de pesquisas. De qualquer modo, ambos apontam danos a saúde respiratória que devem ser considerados.

Leia mais: Primeiro estudo
Segundo estudo

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

TUBERCULOSE e o Brasil na liderança global de combate à doença


A tuberculose é umas das principais causas de morte em todo o mundo. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, foram 4,5 mil mortes em 2017 – no mundo foram 1,3 milhão. Chama a atenção o crescimento do número de casos de crianças que passou para 7,2 casos para cada 100 mil crianças (menores de quatro anos) em 2018, contra 5,6/100 mil em 2015. O coeficiente de incidência mostra 36,6 casos para cada 100 mil habitantes em 2018. Embora tenha havido uma queda média anual entre 2009 e 2018, de cerca de 0,3%, os números ainda causam preocupação.

No entanto, o governo brasileiro comemora o fato de que o país atingiu as Metas dos objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) que objetivava a redução das mortes pela doença em 50% em relação aos dados da década de 1990. Outro motivo de comemoração é o fato de que o atual ministro da saúde, Luiz Henrique Mandeta, assumiu a presidência do conselho da organização internacional de combate à tuberculose, a Stop TB Partnership que é vinculada ao Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS/ONU). A Stop TB tem reconhecimento internacional por sua capacidade unir forças de todo o mundo em um só propósito – há representantes em mais de 100 países, sendo governos, organizações internacionais, agências de pesquisa e financiamento, além de ONGs e outros organismos da sociedade civil.

Além disso, o Brasil também assumiu a presidência da Rede de Pesquisa em Tuberculose, no âmbito do BRICS (organização que alia cinco países emergentes, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que concentram cerca de 40% dos óbitos por tuberculose), consequência do mandato pro tempore do próprio BRICS. Trata-se de uma conjunção de fatores que colocam o Brasil em uma condição privilegiada e na liderança da luta global contra a tuberculose e pela sua erradicação. Mas quais as consequências ou iniciativas a partir de tudo isso? Podemos citar duas principais:

1) Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem buscado estimular iniciativas inovadoras através dos demais países e do fortalecimento de seus pesquisadores. A promessa é de um investimento de R$ 16 milhões para desenvolvimento de novas intervenções, esquemas terapêuticos e medicamentos, além de novos métodos de diagnóstico e ampliação do acesso aos tratamentos.

2) Outra iniciativa é a de simplificação do tratamento. Os três medicamentos do tratamento básico (rifampicina 75 mg + isoniazida 50 mg + pirazinamida 150 mg) serão ofertados combinados em uma dose única (em um único comprimido solúvel em água), facilitando a aceitação, principalmente por crianças. O mesmo procedimento está previsto para os dois medicamentos da etapa de manutenção do tratamento. A mudança foi aprovada pela CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS), no ano passado.

A tuberculose ainda é um grande desafio para o Brasil e o mundo. Iniciativas para redução da incidência da doença, do percentual de óbitos e para melhora da adesão ao tratamento, são de grande valia.

Leia mais em: Ministério da Saúde

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Tabaco mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano

Mais de 40% das mortes relacionadas ao tabaco são causadas por doenças pulmonares como câncer, doenças respiratórias crônicas e tuberculose.


A agência das Nações Unidas apelou aos países e parceiros que aumentem a ação para proteger as pessoas da exposição ao fumo do tabaco.

O tabaco mata pelo menos 8 milhões de pessoas por ano. Vários milhões de pessoas vivem com câncer de pulmão, tuberculose, asma ou doença pulmonar crônica causada pelo tabaco. 1,5 milhão perderam a vida devido a doenças respiratórias crônicas e 1,2 milhão por cânceres da traqueia, brônquios e do pulmão. A agência destaca ainda que 600 mil mortes acontecem devido a infecções respiratórias e tuberculose.

Cerca de 3,3 milhões de consumidores e pessoas expostas ao fumo passivo morreram de doenças relacionadas ao pulmão em 2017, segundo estatísticas da agência. O fumo passivo mata mais de 60 mil crianças com menos de cinco anos. Aquelas que vivem até a idade adulta são mais propensas a desenvolver doença pulmonar obstrutiva crônica em períodos posteriores do seu desenvolvimento.

O apelo da OMS é que os países combatam a epidemia do tabaco implementando medidas eficazes para controlar o tabagismo. A agência recomenda ainda medidas conhecidas como “MPower”, que prevêem reduzir a demanda pelo produto criando locais livres de fumo e apoiando o fim do uso.

Fonte: ONU News