Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Reabilitação pulmonar melhora a qualidade de vida

Créditos da imagem: Criador Christopher Arnold / Fonte IPTC - Photo Metadata

Pessoas com doenças respiratórias crônicas costumam apresentar relatos de dificuldades com atividades físicas diárias, como subir escadas, por exemplo. Com o tempo, a limitação piora e chega a afetar coisas mais simples, como caminhar ou mesmo o ato de se vestir ou comer. No entanto, a limitação progressiva pode e deve ser combatida com a atividade e não com o repouso, como se poderia pensar. Nesse sentido, a reabilitação pulmonar é fundamental.

Os benefícios da reabilitação pulmonar são reconhecidos mundialmente. Embora ainda não haja um consenso sobre a forma exata como deva ser desenvolvida, profissionais da área estão se empenhando na busca de um protocolo eficaz de atuação e não há dúvidas sobre sua indicação para pacientes com doenças respiratórias crônicas. Entende-se que quanto mais precocemente um paciente com doença respiratória crônica é submetido ao programa de reabilitação, mais ele se beneficia dos resultados. No entanto, atualmente poucos pacientes têm acesso a esse recurso tão benéfico. Na lógica atual, vemos que pacientes menos graves raramente são encaminhados a programas desse tipo. Em contrapartida, pacientes mais graves são encaminhados com mais frequência - nesses casos a recuperação é mais lenta e a prevenção já é quase nula.

A reabilitação pulmonar é um programa multidisciplinar que auxilia o paciente a obter melhora de seu quadro de saúde e melhora da qualidade de vida. Trata-se de um conjunto de ações que envolve principalmente a fisioterapia, mas também a educação física, a psicologia, o serviço social, entre outros. Desse modo, o programa envolve: exercícios respiratórios que ajudam a fortalecer os pulmões e técnicas que colaboram para o controle da falta de ar; exercícios físicos que melhoram a postura e a resistência física; educação para saúde, onde o paciente aprende sobre seu próprio corpo e sua doença, mecanismos que desencadeiam crise e formas de evitá-la; orientações sobre os medicamentos e equipamentos de resgate (como usá-los).


A reabilitação respiratória traz benefícios como: a redução dos sintomas de dispneia (falta de ar) e fadiga; a melhoria da capacidade física, para melhor realizar as tarefas do dia a dia; a redução do número de exacerbações e/ou da sua gravidade; a redução das idas ao serviço de urgência, bem como de hospitalizações e até duração das mesmas; a melhoria da função emocional; e uma maior capacitação para gerir com maior eficácia a sua doença crónica.

Podemos concluir que a reabilitação pulmonar traz benefícios que ultrapassam o universo da saúde respiratória, pois afeta positivamente as condições gerais do indivíduo - a resistência física, a autoconfiança, o estado emocional, as relações interpessoais.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no Brasil


O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma). É o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão. No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que 14% das mortes causadas por câncer em homens e 11% nas mulheres no Brasil são devidas ao câncer no pulmão. Ele é o mais letal no universo masculino, a frente até mesmo do câncer de próstata. Ainda segundo o INCA, para este ano é estimado o surgimento de mais de 31 mil novos casos no país.

O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. O consumo de derivados do tabaco é uma prática presente na rotina de 85% dos pacientes diagnosticados. Pessoas que já abandonaram o vício ou estão expostas ao cigarro passivamente, também correm riscos. Para prevenir o câncer de pulmão, é necessário, primeiramente, não fumar, mas também evitar se expor ao tabagismo passivo e agentes químicos.

“Fumante passivo é aquele indivíduo que convive em ambientes fechados com fumantes, ficando exposto aos componentes tóxicos e cancerígenos da fumaça do tabaco que contém a mesma composição da fumaça tragada pelo fumante”

Fumantes passivos têm 30% mais chances de desenvolver câncer de pulmão. Há mais de 14 milhões de brasileiros que são fumantes passivos e que correm risco de apresentar algum tipo de tumor maligno, ou seja, 7% da população nacional (Fonte: Ministério da Saúde).

Ambientes expostos à fumaça de cigarro estão impregnados por partículas cancerígenas, as quais podem permanecer no local por até dois meses. Não há como evitar os efeitos deletérios da fumaça ambiental se houver fumantes ativos no mesmo local. A exposição ao tabaco na infância e adolescência aumenta o risco de desenvolver doenças ligadas ao fumo na idade adulta.

A detecção precoce é a estratégia principal para aumentar as possibilidades de cura. A realização de exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos ao apresentar qualquer sintoma sugestivo da doença, é essencial para o diagnóstico. Os sintomas geralmente não ocorrem até que a doença esteja avançada, mas algumas pessoas com câncer de pulmão em estágio inicial apresentam sintomas como: tosse persistente, escarro com sangue, rouquidão, falta de ar, perda de peso, pneumonia ou bronquite.

O tratamento para câncer de pulmão varia muito de acordo com o tipo histológico e o estágio da doença, podendo ser tratado com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, ou uma combinação dessas modalidades terapêuticas.

A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Casos de tuberculose resistente à medicação aumentam


Texto de: Carla Conceição dos Santos¹

A tuberculose resistente a medicamentos é uma grande ameaça para a saúde global. Dos 10 milhões de pessoas que adoeceram por tuberculose (TB) em 2016, estima-se que mais de meio milhão tenham resistência aos medicamentos mais eficazes para tratar TB: rifampicina e isoniazida. Para aqueles com tipos de tuberculose altamente resistentes, existem poucas opções de tratamento. Doença transmitida por via aérea que matou 1,7 milhão de pessoas em 2017, de acordo com a OMS, a tuberculose é a doença transmissível que mais mata do mundo.

Somente em 2017, 73.200 pessoas foram infectadas pela doença no Brasil, das quais 1.1 mil apresentaram a forma multirresistente da tuberculose, o triplo do registrado em 2009, quando 339 tiveram infecção resistente. O índice de mortalidade por tuberculose permanece estável no país, mas a doença, embora curável e com tratamento gratuito na rede pública, ainda mata cerca de 4,5 mil brasileiros por ano. "É uma resposta à deterioração dos serviços de saúde. Há muita rotatividade dos profissionais, eles não recebem o treinamento adequado, não há identificação com a comunidade e o diagnóstico é tardio".

A tuberculose é uma doença diretamente relacionada às condições socioeconômicas da população, que registrou aumento, segundo especialistas, principalmente por causa da crise econômica que atingiu o país nos últimos anos, o que teria diminuído os investimentos no sistema de saúde e piorado a vida da população em aspectos que contribuem para a infecção, como por exemplo moradias inadequadas e sem circulação de ar.

A ocorrência de casos multirresistentes é favorecida também pelas situações dos doentes ditos crônicos, que ficam rodando na rede sem ter diagnóstico ou acompanhamento no tratamento. Se a doença não é tratada adequadamente, ela pode voltar mais resistente.

A resistência aos medicamentos contra a tuberculose é um grande obstáculo para combater uma enfermidade. A OMS trabalha junto a esses setores para implementar um plano de ação global de combate à resistência antimicrobiana, aumentando a conscientização e o conhecimento sobre o tema, reduzindo as infecções e incentivando o uso adequado de antimicrobianos.

¹ Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

Leia mais sobre o assunto acessando o link: TERRA

sábado, 6 de abril de 2019

Na contramão das políticas de controle e combate do tabagismo

Extraída de: A droga cigarro

Nas últimas semanas esteve muito presente na pauta de discussão sobre o tabagismo a notícia de que o Ministro Sérgio Moro criou um grupo de discussão para redução dos impostos sobre cigarros a partir da Portaria nº 263/2019. Diversas entidades começaram a discutir o assunto que ganhou as manchetes dos meios de comunicação. Isso porque a redução de impostos estaria na contramão das políticas de controle e combate ao tabagismo no Brasil. Seria um retrocesso no processo que auxiliou na redução do número de fumantes no país.

Posteriormente ao anúncio, o ministro declarou que se a medida elevasse o aumento do consumo de fumígeros, a ação seria descartada. O próprio ministro da saúde afirmou que a medida seria um grande problema. Mas é necessário entender em que posição se encontra o Brasil e como essa medida poderia afetar o quadro do tabagismo a nível nacional.

Informações da Organização Mundial da Saúde, de 2016, revelam que os impostos que incidiam sobre os cigarros em 2016 chegavam 67,95% do valor final, ou seja, um percentual inferior ao de países como o Chile (90%) e Argentina (80%), por exemplo. A lógica da alta taxação é baseada no desestímulo da indústria e não o contrário. Isso porque as consequências do tabagismo levam o país a gastar cerca de 56,9 bilhões em saúde por ano (dados de pesquisa desenvolvida pelo INCA em 2015) contra 12,9 bilhões de arrecadação com a venda dos produtos – já havia então, então um saldo negativo de cerca 44 bilhões por ano.

A redução dos impostos é defendida há algum tempo pela indústria – que inclusive produziu e veiculou comerciais para uma campanha recente - como estratégia de incentivo a produção local e combate ao contrabando de cigarros que seriam de má qualidade. Mas é consenso que o combate ao contrabando deve ser realizado por outros caminhos, como aponta a Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde (CQCT/OMS), da qual o Brasil é signatário.

É necessário permanecer alerta para que as estratégias da indústria não promovam um retrocesso nas suadas conquistas do movimento de controle e combate ao tabagismo e que elevaram o Brasil a condição de modelo nas últimas décadas.