Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Pneumonia tem como sintomas febre, tosse e dificuldade para respirar


Pneumonia é o termo que se refere a toda inflamação aguda nos pulmões. Na maioria das vezes é causada por infecções provocadas por vírus ou bactérias, mas fungos, outros organismos e substâncias também podem ser os responsáveis por essa condição, que pode levar à morte se não tratada a tempo, especialmente pacientes mais vulneráveis, como crianças pequenas e idosos.

É a doença que mais mata crianças com até cinco anos no mundo e, no Brasil, afeta cerca de 900 mil pessoas por ano, e constitui a doença infecciosa que mais mata.

A maioria das pessoas associa a pneumonia à infecção causada por bactérias conhecidas como pneumococos. Mas há outros micro-organismos capazes de causar a doença, e em certos casos eles fazem parte da flora normal das vias respiratórias, porém se multiplicam por alguma condição que comprometa a imunidade do indivíduo.

O ambiente em que a pessoa contraiu a doença também determina sua classificação. Por isso, é comum ouvir os médicos falarem em pneumonia adquirida na comunidade (PAC), quando se referem a infecções adquiridas fora do ambiente hospitalar ou de instituições de saúde. Já entre pacientes internados (pneumonia adquirida em hospitais), pode ocorrer não somente porque o local concentra maior número de pessoas doentes, mas principalmente pelo uso de aparelhos para auxiliar a respiração (ventiladores) --esse tipo tende a ser grave porque afeta pacientes que já estão debilitados e há maior risco de se contaminar com micro-organismos resistentes a medicamentos.

Existe ainda a pneumonia por aspiração, causada por partículas provenientes do estômago ou vômito que, sem querer, vão parar nas vias aéreas, causando inflamação ou infecção. O problema é mais frequente em pacientes com dificuldades para engolir ou que usam sonda para alimentação. Por último, a inalação de substâncias tóxicas, como certos gases, subprodutos do petróleo e armas biológicas, também pode levar à doença.

Sintomas

Os sintomas principais são febre, tosse (seca ou produtiva), mal estar geral, dor torácica que surge ou piora com a tosse ou ao respirar e falta de ar ou dificuldade para respirar (dispneia) mas também podem surgir: respiração rápida (mais comum em crianças pequenas), dor de cabeça, calafrios, perda de apetite, fadiga e confusão mental (mais comum em idosos).

Diagnóstico

O diagnóstico, muitas vezes, pode ser feito apenas com exame clínico, análise dos sintomas e história do paciente. A radiografia de tórax, ou, em alguns casos, a tomografia de tórax, que tem mais acurácia, ajudam a determinar se o paciente tem pneumonia. Testes para avaliação do estado geral do paciente, como a oximetria (para avaliar o nível de oxigenação no sangue) e hemograma, ou para identificar o causador da doença, como cultura de sangue, testes de escarro, swab nasal e de urina também podem ser solicitados. Em casos graves, os testes moleculares, como o PCR (reação em cadeia da polimerase), podem ser de grande ajuda para identificar a causa da pneumonia com rapidamente.

Tratamento

A escolha da terapia para inibir a proliferação depende do tipo de micro-organismo com maior probabilidade de estar por trás da infecção, o que nem sempre é possível determinar na hora. A duração do tratamento depende da gravidade, mas a maioria dos pacientes se restabelece em cerca de duas semanas. Nos casos graves, os pacientes podem apresentar sintomas como fadiga por mais tempo.

Leia mais em: Viva Bem

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Sob o princípio do prazer

(extraída de https://tiagosilvacartoons.wordpress.com/2012/02/25/sigmund-freud/)


Prazer é definido como “sensação agradável de contentamento ou de alegria, normalmente relacionada à satisfação de um desejo, vontade ou necessidade”. O prazer faz parte da nossa vida e é perfeitamente saudável, desde que não funcione como uma fuga dos problemas, dos medos e das angústias diárias.

Na psicanálise de Sigmund Freud, o Princípio de prazer é “a busca instintiva de prazer de forma a satisfazer as necessidades, desejos e impulsos”. Quando estas necessidades não são satisfeitas, o resultado é um estado de ansiedade ou tensão. O Princípio de realidade é “a força de oposição aos impulsos instintivos do princípio do prazer, representa o adiamento da gratificação e nos leva a procurar maneiras mais realistas e aceitáveis para satisfazer essas necessidades”.

Todos os seres humanos buscam o prazer, em suas diversas formas, mas é tênue a linha que separa o prazer do vício. Quando a busca por esse prazer se torna constante em nossas vidas, transforma-se em vício. Vício é “uma propensão irresistível, um hábito repetitivo de praticar certos atos, geralmente prejudiciais ou moralmente censuráveis”. Vício vem sempre acompanhado de culpa.

O vício está associado a mudanças duradouras nas funções elétricas, morfológicas e bioquímicas dos neurônios e das conexões sinápticas.

O consumo de cigarros, álcool, drogas ilícitas, alimentos calóricos, sexo, jogos de azar, dança e até jogos online produz sinais neurais que convergem para um pequeno grupo de áreas cerebrais interconectadas chamadas de circuito do sistema de recompensa cerebral, ou o circuito do prazer. São essas ligações e movimentações cerebrais do circuito do prazer que desencadeiam muitos dos aspectos aterrorizantes do vício, incluindo a tolerância (necessidade de doses sucessivamente maiores para obter satisfação), o desejo, os sintomas de abstinência (febre, tremores, depressão, insônia, ansiedade) e as recaídas.

(extraída de https://www.otempo.com.br/charges/charge-o-tempo-23-04-2018-1.1603152)

Drogas que implicam um risco de vício, como a cocaína, a nicotina, a heroína ou o álcool, são viciantes porque atingem os nossos circuitos do prazer. Atuam como indutores da dopamina, que é um mediador cerebral para as sensações de prazer e de compulsão que levam à dependência. No início, seu uso proporciona prazer, mas com o passar do tempo, seus efeitos são catastróficos no organismo.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Algumas situações podem levar ao insucesso no tratamento da tuberculose


Texto de: Carla Santos¹

A tuberculose, apesar de ser uma doença grave que pode levar à morte, tem na quimioterapia, um instrumento capaz de curá-la na quase totalidade dos casos. Atualmente, podemos contar com a facilidade de acesso ao diagnóstico e aos medicamentos utilizados no tratamento. Entretanto, na prática, existe uma série de condições que podem levar ao insucesso terapêutico.

Quais seriam os principais motivos que levam ao insucesso no tratamento de uma doença que tem cura se for tratada corretamente?

Consideramos como “insucesso”, quando o paciente não completa o tratamento seja por, abandono ou por irregularidade do tratamento disponibilizado pelo serviço de saúde. A descontinuidade/abandono ao tratamento é uma das principais preocupações apontada pela Organização Mundial de Saúde porque pode levar à resistência bacteriana, que é o maior obstáculo para o controle e eliminação da doença.

Alguns fatores estão relacionados à doença (questões de natureza biológica, clínica, social) e outros aos serviços de saúde. As limitações geradas pela doença como a restrição ao trabalho, questão cultural, familiar e percepção de saúde e doença, levam o doente algumas vezes a buscar conforto no profissional de saúde. O acolhimento ao paciente é um dos pontos chaves para identificar previamente algumas características próprias daquele doente com “risco” de não completar o tratamento.

Outro ponto é a questão social. Faz-se necessário considerar todas as condições quando se trata de algo que mudará a qualidade de vida do doente, como se afastar de ambientes onde, até então, ele se sentia confortável, a dificuldade para conciliar a doença com sua rotina de trabalho, os possíveis efeitos colaterais dos remédios e a longa duração do tratamento. Sabe-se que muitos indivíduos escondem o diagnóstico de familiares e de colegas de trabalho por medo de sofrer rejeição.

Outra situação frequente está relacionado aos usuários de drogas. Esses indivíduos são considerados de grande risco para interromper o tratamento, em virtude da dificuldade de captar as informações, a hiperatividade gerada pelas drogas e por, em muitos casos, apresentarem dificuldade no relacionamento familiar e não possuírem um suporte motivador para seguir o tratamento.

Deficiências nos serviços de saúde também são apontadas como causas de insucesso terapêutico na tuberculose. A adesão ao tratamento tende a ser menor se a comunicação e a interação entre o paciente e o profissional de saúde é deficiente. A humanização da relação dos profissionais de saúde com o usuário pode contribuir como fator de adesão.

Assim, a abordagem ao paciente não deve se restringir apenas a orientação medicamentosa, mas incluir também a compreensão do modo de vida e carências apresentadas pelo paciente no momento do acolhimento.

É de grande importância observar os aspectos que levam ao insucesso do tratamento na sua totalidade, estabelecendo uma relação mais estreita entre o doente e os serviços de saúde.

¹
Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.