Pulmão
domingo, 10 de fevereiro de 2019
Algumas situações podem levar ao insucesso no tratamento da tuberculose
Texto de: Carla Santos¹
A tuberculose, apesar de ser uma doença grave que pode levar à morte, tem na quimioterapia, um instrumento capaz de curá-la na quase totalidade dos casos. Atualmente, podemos contar com a facilidade de acesso ao diagnóstico e aos medicamentos utilizados no tratamento. Entretanto, na prática, existe uma série de condições que podem levar ao insucesso terapêutico.
Quais seriam os principais motivos que levam ao insucesso no tratamento de uma doença que tem cura se for tratada corretamente?
Consideramos como “insucesso”, quando o paciente não completa o tratamento seja por, abandono ou por irregularidade do tratamento disponibilizado pelo serviço de saúde. A descontinuidade/abandono ao tratamento é uma das principais preocupações apontada pela Organização Mundial de Saúde porque pode levar à resistência bacteriana, que é o maior obstáculo para o controle e eliminação da doença.
Alguns fatores estão relacionados à doença (questões de natureza biológica, clínica, social) e outros aos serviços de saúde. As limitações geradas pela doença como a restrição ao trabalho, questão cultural, familiar e percepção de saúde e doença, levam o doente algumas vezes a buscar conforto no profissional de saúde. O acolhimento ao paciente é um dos pontos chaves para identificar previamente algumas características próprias daquele doente com “risco” de não completar o tratamento.
Outro ponto é a questão social. Faz-se necessário considerar todas as condições quando se trata de algo que mudará a qualidade de vida do doente, como se afastar de ambientes onde, até então, ele se sentia confortável, a dificuldade para conciliar a doença com sua rotina de trabalho, os possíveis efeitos colaterais dos remédios e a longa duração do tratamento. Sabe-se que muitos indivíduos escondem o diagnóstico de familiares e de colegas de trabalho por medo de sofrer rejeição.
Outra situação frequente está relacionado aos usuários de drogas. Esses indivíduos são considerados de grande risco para interromper o tratamento, em virtude da dificuldade de captar as informações, a hiperatividade gerada pelas drogas e por, em muitos casos, apresentarem dificuldade no relacionamento familiar e não possuírem um suporte motivador para seguir o tratamento.
Deficiências nos serviços de saúde também são apontadas como causas de insucesso terapêutico na tuberculose. A adesão ao tratamento tende a ser menor se a comunicação e a interação entre o paciente e o profissional de saúde é deficiente. A humanização da relação dos profissionais de saúde com o usuário pode contribuir como fator de adesão.
Assim, a abordagem ao paciente não deve se restringir apenas a orientação medicamentosa, mas incluir também a compreensão do modo de vida e carências apresentadas pelo paciente no momento do acolhimento.
É de grande importância observar os aspectos que levam ao insucesso do tratamento na sua totalidade, estabelecendo uma relação mais estreita entre o doente e os serviços de saúde.
¹Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.
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