Pulmão
sábado, 7 de dezembro de 2019
Uma em cada seis mulheres desenvolve câncer de pulmão
Texto originalmente publicado em: G1 (clique para ler mais)
Uma em cada seis mulheres desenvolve câncer de pulmão no mundo. A doença é a principal causa de morte em 28 países, afetando também pessoas do sexo masculino. Os dados são alarmantes e os números não param de crescer. Acredita-se que cada vez mais mulheres serão afetadas pela doença em algum momento da vida. De acordo com dados da Agência Internacional para a Pesquisa sobre câncer (IARC - é a agência especializada em câncer da Organização Mundial da Saúde), publicados em 2019, uma em cada seis desenvolve o mal.
A agência salienta a importância de conscientizar a população sobre o risco do tabagismo e a exposição passiva ao cigarro. De acordo com o epidemiologista Gautier Defossez, coordenador de uma pesquisa publicada em julho pelo Instituto Nacional do Câncer e de Saúde Pública na França, o estudo francês traz dados preocupantes. Segundo ele, "A situação para as mulheres mostra uma evolução do número de casos de cânceres do pulmão. O aumento da incidência é 5,3% por ano, um sinal alarmante que tem uma ligação direta com a exposição ao tabaco”.
Na França, respectivamente, o câncer de mama, o de pulmão e o colorretal são os mais comuns entre as mulheres, destaca o estudo, que levou em conta os últimos trinta anos. Cerca de 400 mil casos são diagnosticados por ano, a incidência da doença de um modo geral entre as mulheres registrou um forte aumento desde 1990. Aumento que também resulta do próprio envelhecimento da população. A alta é de 93%, mesmo que o número de mortes tenha diminuído, por conta dos progressos envolvendo tratamento e prevenção.
O câncer de mama também voltou a crescer no país em 2010 depois de uma estabilização dos casos durante o ano 2000. Diversos fatores explicam essa tendência, ressalta o relatório: alimentação inadequada e obesidade, trabalho noturno e a exposição aos chamados disruptores endócrinos, presentes, por exemplo nos inseticidas usados na indústria da alimentação. Mudanças no modo de vida têm consequências diretas na saúde das mulheres, não só na França, mas em todo o mundo. Os autores do relatório ressaltam a importância de prevenir os cânceres que podem ser evitados. Entre eles o de pulmão, na maioria das vezes, causado pelo tabagismo, o câncer do colo de útero, que pode ser curado em fase inicial, e contra o qual existe uma vacina, além do melanoma, tumor da pele desencadeado pela forte exposição aos raios ultravioletas.
No Brasil, os números também são crescentes
Por aqui também há um aumento do número de casos do câncer de pulmão feminino, explica o oncologista Rodrigo Munhoz, do hospital Sírio Libanês, mesmo não estando no topo das estatísticas. Ele afirma que: "No sexo feminino, o câncer do pulmão vem crescendo em importância, e isso está relacionado ao hábito do tabaco. Quase 90% dos casos dos cânceres de pulmão são atribuídos ao tabagismo”, diz, “mesmo que haja diferenças de hábitos entre a França e o Brasil.”
Os dados da IARC ressaltam que diferenças socioeconômicas influenciam as estatísticas em relação à doença nos países. De acordo com Rodrigo Munhoz, por aqui, infelizmente o câncer de colo uterino ainda tem um destaque muito grande. Ele fica entre segundo e terceiro lugar na maior parte do país, mas na região norte, por exemplo, se excluir o câncer de pele não-melanoma, que não entra muito nas estatísticas, o câncer de colo uterino é o principal. Justamente porque, diferentemente da França, aqui há uma dificuldade maior de acesso para realização do exame Papanicolau ou para a vacinação contra o HPV (vírus causador da doença).
O oncologista também lembra que o acesso das pacientes aos tratamentos que destroem as lesões malignas é mais restrito, o que faz com que esse câncer, seja um dos maiores em incidência e mortalidade. Ele explica que a falta de adesão populacional e a limitação de políticas bem-estruturadas dificultam a diminuição dos casos. Além disso, há um aumento do câncer entre as mulheres no país, relacionado, entre outros fatores, ao envelhecimento da população. Nesse sentido, adesão e ampliação do acesso aos tratamentos se tornam um grande desafio para a saúde no Brasil
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