Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Rio de Janeiro tem uma das maiores taxas de incidência de tuberculose no país


Texto de: Carla Conceição dos Santos¹

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil é um dos 30 países responsáveis por 87% do total de casos de tuberculose no mundo. No ano de 2017, foram notificados 73 mil novos casos no País. O estado do Rio de Janeiro tem uma das mais altas taxas da doença. A média nacional de casos de tuberculose é de 33,5 a cada 100 mil habitantes. O estado do Rio tem praticamente o dobro, 65,7 casos a cada 100 mil pessoas.

Em 2018, os dois estados com maior casos novos de TB foram Amazonas (72,9 casos/100 mil hab.) e Rio de Janeiro (66,3 casos/100 mil hab.) cujas capitais também apresentaram os maiores números de casos, sendo de 102,6 casos/100 mil hab. em Manaus e 89,9 casos/100 mil hab. no Rio de Janeiro. Morrem no estado do Rio de Janeiro, todo ano, 800 pessoas com tuberculose. É mais que dengue, chikungunya e febre amarela juntas. E as chances de aumento nesse número são fortes, já que a doença além de não estar controlada, está intimamente associada às condições socioeconômicas.

Locais onde há grande concentração de pessoas, como presídios, e áreas mais pobres onde vivem muitas pessoas no mesmo domicílio, em ambientes mal ventilados e com pouca luz solar, são condições que favorecem a transmissão da doença, mas por tratar-se de doença contagiosa, toda a população encontra-se exposta. A infecção ocorre a partir da inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro do doente com tuberculose ativa das vias respiratórias.


Nas comunidades cariocas, o percentual de doentes também é maior que em outras regiões da cidade, podendo chegar a mais de 300 casos por 100 mil habitantes. A Secretaria Municipal de Saúde vem aumentando as equipes para identificar e acompanhar pacientes. No entanto, adverte que a doença se alimenta de problemas sociais, como moradias precárias, falta de saneamento e de informação.

O quadro é ainda mais crítico quando observada a população carcerária que concentra 10% dos casos em todo o estado: 1.200 registros da doença a cada 100 mil habitantes. Para os especialistas ,as condições dos presídios em conjunto com a superlotação e sobretudo a falta de estrutura no atendimento médico, favorecem o desenvolvimento da tuberculose.

A doença tende a se agravar, porque as desigualdades sociais somadas a moradias em piores condições, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e diagnóstico tardio, aumentam as chances a cada segundo de novos casos de tuberculose.

¹ Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

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