Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 5 de junho de 2020

As Emoções e a Saúde


“A doença do médico não é a ‘doença do doente’” (cirurgião da dor, René Leriche)

A discussão sobre a relação entre saúde física e estado emocional é antiga. Hipócrates já discutia o assunto no século IV a.C. e o tema permanece até os dias de hoje. Diversos artigos científicos buscam desvendar as relações existentes entre doenças respiratórias e a saúde mental. A grande maioria enfoca como a asma pode ser afetada por ansiedade e depressão, mas há estudos que abordam a inter-relação de fatores psicológicos com outras doenças crônicas como a DPOC, por exemplo. Os achados revelam como o estado emocional pode servir como gatilho desencadeador de crise nos portadores de doenças respiratórias. Também como esse mesmo estado emocional pode afetar o sistema imunológico, podendo abrir portas para infecções e outros problemas de saúde. Há ainda o caráter psicossomático de algumas patologias, quando uma pessoa tem dificuldade de expressar com ações e palavras seus sentimentos e acaba gerando somatizações – doenças de fundo emocional.

Diariamente somos expostos a variados estímulos que desencadeiam sentimentos variados: medo, euforia, raiva, alegria, satisfação, irritação, entre outros. Situações extremas promovem a liberação de níveis mais altos de adrenalina, noradrenalina e do hormônio da tireoide – isso significa um alerta para o sistema imunológico que deve se preparar para a defesa. A partir daí segue-se uma batalha. Ser submetido continuamente a situações extremas gera um estresse que afeta negativamente o sistema imunológico tornando-o vulnerável em relação a infecções.

Diante de tudo isso, ao observarmos o panorama atual em que o isolamento social, a suspensão das atividades laborativas para grande parte da população, o medo natural provocado pela pandemia e aquele exacerbado por publicações alarmistas e “fake news”, e o fato de que, pelo menos 18,6 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade e 15,5% é acometido por depressão em algum momento da vida (Fonte Conexa Saúde), devemos refletir sobre como as pessoas estão reagindo a tudo e o que pode ser feito para se proteger, além do uso de máscaras e álcool gel. Não é sem motivo que, frente ao isolamento, relatos viralizam nas redes sociais, que ao menor sintoma de gripe pessoas corram para os serviços de saúde, que alguns se tornem obsessivos com cuidados de proteção enquanto outros acabem por desrespeitar orientações básicas – as emoções estão intensas como numa viagem de montanha-russa. Então o que fazer para se proteger / se cuidar?

Além dos cuidados básicos já tão repetidos (sociais e de proteção individual), é importante cuidar do corpo e da mente. Fortalecer o sistema imunológico é fundamental: alimentação balanceada, ingestão de líquidos, tomar sol em horários recomendados, dormir bem, manter a mente saudável. Sobre este último, podemos dizer que é fundamental se afastar de situações nocivas – repetição de notícias ruins ou conversas e passatempos que tragam sofrimento psíquico desnecessário – e concentrar-se em atividades que proporcionem bem-estar. Lembre-se de que, em caso de sofrimento psíquico contínuo, sem condições de reversão por meios próprios, há a necessidade de suporte especializado.

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