Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Poluição do ar é o segundo maior perigo global à saúde humana

Fonte: Getty Images 

A poluição do ar por material particulado reduz em 1,9 ano a expectativa média de vida em todo o mundo. Atualmente, é o segundo maior risco à saúde humana, perdendo apenas para a Covid-19, mas deve voltar a ser o primeiro quando a pandemia for controlada. 

A conclusão é da nova edição do relatório Air Quality Life Index (AQLI), elaborado pelo Energy Policy Institute, da Universidade de Chicago, dos Estados Unidos. O documento mostra que, na média global, as pessoas estão expostas à poluição por material particulado em concentrações de 29 µg/m³, quase três vezes o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 10 µg/m³. 

A má qualidade do ar é mais perigosa para a saúde do que o uso de cigarro (encurta a vida em 1,8 ano), álcool e drogas (11 meses), falta de água limpa e saneamento básico (6 meses), acidente (5 meses), HIV/Aids (4 meses), malária (3 meses) e até guerras e terrorismo (23 dias). 

Segundo o relatório do Energy Policy Institute, 79% da população global vive em áreas onde a concentração de material particulado excede o limite, o que faz com esse problema afete muito mais indivíduos (5,9 bilhões) do que qualquer outra condição. 

Situação no Brasil

No Brasil, de acordo com o AQLI, a concentração de material particulado no ar é de 9 µg/m. 

"Em São Paulo, a média está em torno de 28 µg/m³, quase o triplo dos 10 µg/m³ recomendados pela OMS", afirma a especialista Nathalia Villa dos Santos, professora da Faculdade de Saúde Pública e pesquisadora do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental, ambos da Universidade de Paulo (USP). "Com exceção da região Sudeste, sobretudo São Paulo, que conta com uma rede ampla da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), e algumas capitais da Sul, o país não tem um monitoramento adequado de emissão de poluentes, o que dificulta saber a real situação", acrescenta. 

Ainda de acordo com a pesquisadora, a má qualidade do ar em São Paulo reduz a expectativa de vida em cerca de um ano e meio. Na capital paulista, a estimativa é que ocorrem mais mortes em decorrência dessa condição do que por acidentes de trânsito, cânceres de mama e próstata e AIDS.

São vários os agentes poluentes que fazem mal para a saúde, e cada um deles atinge o organismo de uma forma e com diferentes efeitos deletérios, como dor e ardência nos olhos, nariz e garganta, tosse seca, cansaço, dor de cabeça, rouquidão, desenvolvimento ou agravamento de problemas respiratórios, alérgicos, cardiovasculares e câncer, diminuição da fertilidade e prejuízos no desenvolvimento fetal.

O mais perigoso é o material particulado. Formado por uma mistura de compostos químicos, ele fica suspenso no ar na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça e fuligem, entre outros, e tem como principais fontes processos de combustão (industrial, veículos automotores) e aerossol secundário (formado na atmosfera) como sulfato e nitrato. Essas partículas, quando inaladas, atingem os alvéolos pulmonares durante as trocas gasosas e chegam até a corrente sanguínea. 

É importante entender que a poluição afeta as pessoas de maneira distinta. No geral, crianças, pela imaturidade de suas defesas, e idosos, por terem um sistema imune menos eficiente e comorbidades próprias da idade avançada, são mais sensíveis. 

Leia mais em: BBC Brasil 

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