Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

segunda-feira, 29 de maio de 2017



TABAGISMO, DO HÁBITO À DEPENDÊNCIA
(O presente texto é resultado das atividades desenvolvidas no setor de Telemedicina do IDT para Introdução às Tecnologias Aplicadas à Saúde e à Educação)

Autoras: Renata Michelim Collareda dos Santos¹ E Daniela Mayumi Yamamoto² (Alunas do 6º período de medicina /UFRJ).
Supervisão e Edição: Profª Sonia Catarina de Abreu Figueiredo³

O uso de tabaco envolve fatores psicológicos e sociais e seus efeitos podem destruir a saúde de um indivíduo. O tabaco contém nicotina e, de forma bem simples, a fisiopatologia dessa droga está relacionada a uma substância do cérebro chamada dopamina, que é um potencial mediador para sensações de prazer e de compulsão que levam o individuo à dependência dessa sensação induzida por ela. Em algum momento, seu uso proporciona prazer, mas com o passar do tempo seus efeitos são catastróficos no organismo e a maneira pela qual essa dependência se instala, é devastador.
Vamos relatar duas histórias que retratam como a dependência à nicotina pode afetar o organismo humano.

A.J iniciou uso do tabaco aos 17 anos de idade. Fumar, um hábito inicialmente sem importância, com o decorrer do tempo tornou-se um vício e instrumento de alívio para trazer calma nas horas de angústia e ansiedade. Aos 74 anos, apresentava sintomas persistentes como tosse e falta de ar e fazia uso contínuo de oxigenioterapia domiciliar. Quando recebeu o diagnóstico de DPOC e foi orientado a parar de fumar, se viu diante de um rompimento desesperador com aquilo que trazia prazer, mas que causou uma doença grave e incapacitante. A abstinência do cigarro produzia sintomas tão incômodos que ele voltou a fumar. Nos últimos 3 meses, A.J teve duas exacerbações do quadro respiratório e veio a falecer.

D.A, hoje aos 55 anos, sofre de hipertensão arterial resistente e diabetes mellitus tipo 2, doenças relacionadas a maus hábitos alimentares e comportamentais. Fuma desde os 15 anos. Admite que começou a consumir cigarros de forma esporádica, apenas para chamar a atenção e para se entrosar com seu grupo de amigos, mas logo estava fumando 2 maços de cigarro por dia e usava o cigarro como alívio para os problemas de sua rotina. Ao perceber que se tornara dependente e ser informado sobre os malefícios do tabaco, decidiu parar de fumar. O principal fator motivador para essa atitude foi o nascimento de sua neta.
D.A fez várias tentativas de parar de fumar e teve várias recaídas. Voltava a fumar porque a ausência da nicotina produzia estados negativos de humor, irritabilidade e ansiedade. Após 2 anos de luta contra o tabagismo, seu marido faleceu por problemas de dependência alcoólica. Esse fator e o nascimento de sua neta lhe fizeram refletir sobre a influência negativa de um vicio em seu convívio familiar e sobre os efeitos que o tabagismo poderia produzir nela e nas pessoas que ela amava. D. A procurou ajuda psicológica e conseguiu parar de fumar.

Essas duas histórias, com diferentes desfechos, mostram a evolução do tabagismo do hábito à dependência e como fatores motivacionais são importantes para ajudar o indivíduo a parar de fumar. O uso de tabaco, como qualquer dependência química, traz sofrimento físico e psicológico, ao indivíduo e sua família. Vale a pena a reflexão, a orientação e o combate a qualquer tipo de dependência química.

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³ Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982), Residência Médica em Pneumologia no Instituto de Tisiologia e Pneumologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1985, Mestrado em Pneumologia e Tisiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e Doutorado em Ciências Biológicas (Genética) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Possui experiência em Genética Molecular e de Microorganismos. É professor do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1995. Na área de Pneumologia, tem interesse principalmente nos temas Tuberculose, Asma, Pneumopatias Intersticiais e Ensino Médico. Coordenadora de Residência Médica do Instituto de Doenças do Tórax de 1994 a 2001. Coordenadora de Ensino e Extensão do Instituto de Doenças do Tórax de 2006 a 2009. Diretora Executiva do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro de 2009 a 2013. Coordenadora de Telemedicina do Instituto de Doenças do Tórax desde 2008.

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