
TABAGISMO, DO HÁBITO À DEPENDÊNCIA
(O presente texto é resultado das atividades desenvolvidas no setor de Telemedicina do IDT para Introdução às Tecnologias Aplicadas à Saúde e à Educação)
Autoras: Renata Michelim Collareda dos Santos¹ E Daniela Mayumi Yamamoto² (Alunas do 6º período de medicina /UFRJ).
Supervisão e Edição: Profª Sonia Catarina de Abreu Figueiredo³
O uso de tabaco envolve fatores psicológicos e sociais e seus efeitos podem destruir a saúde de um indivíduo. O tabaco contém nicotina e, de forma bem simples, a fisiopatologia dessa droga está relacionada a uma substância do cérebro chamada dopamina, que é um potencial mediador para sensações de prazer e de compulsão que levam o individuo à dependência dessa sensação induzida por ela. Em algum momento, seu uso proporciona prazer, mas com o passar do tempo seus efeitos são catastróficos no organismo e a maneira pela qual essa dependência se instala, é devastador.
Vamos relatar duas histórias que retratam como a dependência à nicotina pode afetar o organismo humano.
A.J iniciou uso do tabaco aos 17 anos de idade. Fumar, um hábito inicialmente sem importância, com o decorrer do tempo tornou-se um vício e instrumento de alívio para trazer calma nas horas de angústia e ansiedade. Aos 74 anos, apresentava sintomas persistentes como tosse e falta de ar e fazia uso contínuo de oxigenioterapia domiciliar. Quando recebeu o diagnóstico de DPOC e foi orientado a parar de fumar, se viu diante de um rompimento desesperador com aquilo que trazia prazer, mas que causou uma doença grave e incapacitante. A abstinência do cigarro produzia sintomas tão incômodos que ele voltou a fumar. Nos últimos 3 meses, A.J teve duas exacerbações do quadro respiratório e veio a falecer.
D.A, hoje aos 55 anos, sofre de hipertensão arterial resistente e diabetes mellitus tipo 2, doenças relacionadas a maus hábitos alimentares e comportamentais. Fuma desde os 15 anos. Admite que começou a consumir cigarros de forma esporádica, apenas para chamar a atenção e para se entrosar com seu grupo de amigos, mas logo estava fumando 2 maços de cigarro por dia e usava o cigarro como alívio para os problemas de sua rotina. Ao perceber que se tornara dependente e ser informado sobre os malefícios do tabaco, decidiu parar de fumar. O principal fator motivador para essa atitude foi o nascimento de sua neta.
D.A fez várias tentativas de parar de fumar e teve várias recaídas. Voltava a fumar porque a ausência da nicotina produzia estados negativos de humor, irritabilidade e ansiedade. Após 2 anos de luta contra o tabagismo, seu marido faleceu por problemas de dependência alcoólica. Esse fator e o nascimento de sua neta lhe fizeram refletir sobre a influência negativa de um vicio em seu convívio familiar e sobre os efeitos que o tabagismo poderia produzir nela e nas pessoas que ela amava. D. A procurou ajuda psicológica e conseguiu parar de fumar.
Essas duas histórias, com diferentes desfechos, mostram a evolução do tabagismo do hábito à dependência e como fatores motivacionais são importantes para ajudar o indivíduo a parar de fumar. O uso de tabaco, como qualquer dependência química, traz sofrimento físico e psicológico, ao indivíduo e sua família. Vale a pena a reflexão, a orientação e o combate a qualquer tipo de dependência química.
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