Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sábado, 11 de abril de 2020

O que precisamos saber sobre máscaras de proteção?


A máscara de proteção se transformou em um item bastante procurado nos últimos meses e chegou a esgotar nos pontos de venda. Essa grande procura despertou a criatividade de muitas pessoas para desenvolver suas próprias versões do objeto – algumas válidas, outras até perigosas. É preciso entender esse objeto, a que se aplica e como funciona a fim de que seja feito bom uso. Por isso, queremos responder algumas das principais perguntas que envolvem o uso de máscaras de proteção.

1) O que é uma máscara de proteção?
Trata-se de um equipamento de proteção individual (EPI) indicado para evitar a contaminação e outros danos à saúde que ocorrem através do aparelho respiratório. As máscaras são criadas com o objetivo de filtrar partículas, principalmente aquelas que são invisíveis a olho nu – poeiras, vapores de produtos químicos e orgânicos, gases nocivos, ar contaminado com agentes biológicos etc.

2) Quais são os tipos de máscaras de proteção que existem?

São diversos tipos de máscaras que existem e as características estão associadas ao tipo de uso, material que se deseja filtrar, tempo de exposição, entre outros fatores. As máscaras se dividem basicamente em semifaciais e inteiras e alguns tipos principais são:
a) Máscara semifacial descartável – cobre a boca e o nariz e é usada para filtragem de resíduos de baixa concentração, reduzindo a exposição a microorganismos, fluidos corporais e partículas grandes no ar. As mais comuns são a máscara cirúrgica descartável e o respirador N95 que possui maior durabilidade que a anterior.
b) Máscara semifacial reutilizável – cobre boca e nariz e é usada para proteção contra gases e vapores, possuindo um filtro químico.
c) Máscara facial inteira – cobre todo o rosto, incluindo os olhos, e possui filtro (descartável) para filtragem de partículas.
d) Máscara de ar comprimido – possui cilindros de ar comprimido, podendo ser utilizada em ambientes com baixo nível de oxigênio ou com altas concentrações de gases nocivos ou outros contaminantes.

3) Quando o uso de máscara é obrigatório?
Algumas situações podem tornar necessário o uso de máscaras de proteção, como quando se identifica que o ar em uma determinado ambiente apresenta condições potencialmente nocivas (baixos níveis de oxigênio e/ou altas concentrações de poluentes, presença de certos agentes biológicos) à saúde respiratória – isso se dá principalmente em casos de poluição extrema, catástrofes naturais e em certos ambientes laborais. Este último se refere às profissões que exigem o uso de EPIs, como: profissionais de saúde (auxilia na proteção contra microorganismos e intoxicação por materiais presentes na prática profissional diária), mineradores (proteção contra o pó de minério e auxílio em ambientes subterrâneos) e bombeiros (proteção contra fumaça que pode ser tóxica), entre outros.

4) O que é necessário para que o uso de máscaras seja realmente efetivo na prevenção de agravos respiratórios?
Para que o uso seja efetivo na prevenção de contaminação, por exemplo, é necessário avaliar corretamente o risco, a fim de que se escolha o tipo de máscara mais adequado e, principalmente que se faça o uso correto desse recurso – é fato que o uso incorreto pode significar mais um risco de contaminação em vez de servir para proteção. Para o uso adequado é necessário seguir alguns passos importantes, principalmente quando consideramos o risco de contaminação por agente biológico:
- É importante higienizar as mãos antes de colocar a máscara;
- Ao colocar o item, deve-se ajustar ao nariz e ao rosto para que não fique frouxa;
- É fundamental não manipular a máscara durante o período que permanecer com ela;
- Enquanto estiver em uso, a máscara não deve ser pendurada em uma das orelhas ou no queixo, por exemplo – é importante manter a posição correta;
- Ao retirar deve-se tomar o cuidado de não tocar a máscara, retirando-a pelos elásticos ou tiras;
- Após a remoção da máscara, é essencial que seja realizada a higienização das mãos;
- É importante respeitar o tempo de uso e as instruções de descarte recomendados pelo fabricante.

5) Em casos como a pandemia de coronavírus, usar máscara pode realmente reduzir a contaminação? Quanto?
Observe o desenho abaixo, ele pode nos dar uma noção de como as máscaras, utilizadas corretamente, podem auxiliar na redução do risco de contaminação por agente biológico. O risco pode ser observado em todos os casos, considerando que há uma proximidade entre as duas pessoas – nesse sentido, entendemos por que o distanciamento se torna fundamental na redução do risco mas, basicamente, observamos que:
- Quando as duas pessoas estão sem máscara o risco de contaminação é muito alto.
- Se a pessoa doente não usa máscara, mesmo que a pessoa não contaminada use máscara, ela corre riscos porque há outras partes do corpo expostas, incluindo os olhos – o risco de contaminação ainda é alto.
- Se a pessoa doente usa máscara, mas mantem aproximação com uma pessoa saudável ainda há um risco médio de contaminação porque a máscara não retém 100% das partículas contaminadas.
- Quando as duas pessoas usam máscaras o risco de contaminação se torna baixo, mas ainda existe.

Observamos que o uso de máscaras não elimina o risco de contaminação e é por isso que há uma recomendação para a combinação de outras medidas consideradas efetivas: higiene das mãos, etiqueta respiratória ao tossir ou espirrar, distanciamento e isolamento social, quarentena para os doentes, entre outras.

Pode parecer bobagem falar de uso correto de máscaras de proteção quando falamos de profissionais de saúde, mas segundo dados da OIT (Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho) ocorreram mais de 8.600 acidentes de trabalho relacionados a segurança respiratória desde 2012 por falta de uso de EPIs e/ou por seu uso incorreto. Por isso mesmo, é necessário reforçar a importância do uso adequado do equipamento considerando ambiente, tipo de risco, tipo de equipamento e público envolvido.

Assista o vídeo: Máscaras. O manual de instrução feito pela OMS para evitar erros

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