Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Cortina de fumaça

Imagem de: @JohnRossMD publicada em: https://www.health.harvard.edu

Os cigarros eletrônicos continuam gerando muita discussão. Recentemente, o Dr. Drauzio Varella publicou um texto que demonstra bem os motivos da polêmica. Ele mostra como o produto, criado sob a bandeira de auxiliar fumantes a superar a dependência química, se transformou em alvo de investimentos por parte da indústria do tabaco - assim, se antes já havia muita desconfiança em relação ao uso do cigarro eletrônico, agora há muito mais.

Em seu texto, o Dr. Drauzio mostra que a fabricante dos cigarros Marlboro e Parliament, a gigante Altria, investiu 12,8 bilhões de dólares na compra de 35% da empresa Juul Labs, responsável por 1/3 do mercado de cigarros eletrônicos nos Estados Unidos. Mas afinal, o que empresas que comercializam produtos com finalidades tão antagônicas poderiam ter em comum?

O autor nos traz informações valiosas no sentido de entendermos melhor o que se passa nesse processo: A Juul Labs permanecerá com sua independência administrativa, mas ganhará toda infraestrutura de propaganda e marketing da Altria e sua subsidiária, Philip Morris; os cigarros eletrônicos permanecem com atrativos ao público infanto-juvenil (com formatos e sabores que agradam a esse público); o percentual de alunos do ensino médio que fumaram cigarros eletrônicos passou de 28% em 2017 para 37% em 2018, segundo inquérito do National Institute on Drug Abuse; e, por último, no mesmo inquérito foi observado que o número de alunos que usaram cigarros comuns caiu de 22% para 3,6% em vinte anos.

A estratégia não é complexa: estudos mostram que usuários de cigarros eletrônicos se tornam fumantes convencionais com mais frequência - então, ao incentivar o consumo de cigarro eletrônico (defendido como algo inofensivo), a indústria do tabaco cria um mercado em potencial. É uma estratégia "sinistra" nas palavras do Dr. Drauzio.

Além de tudo, pesquisas estão demonstrando que o cigarro eletrônico não é tão inofensivo, quanto se pensava, e nem é tão eficaz no auxílio a fumantes que desejam parar de fumar, como se defendia. Há evidências de que seu uso está associado ao aumento do risco de infarto e enfisema, entre outras doenças.

De acordo com o médico, anos de efetivo combate ao tabagismo no Brasil ajudaram o país a reduzir significativamente a massa de fumantes e, por isso, é importante adotar medidas preventivas em relação ao cigarro eletrônico. Em suas palavras: "Sem controle, os cigarros eletrônicos tornarão dependentes de nicotina milhões de crianças brasileiras."

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