Pulmão
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
Influência do tabagismo na doença periodontal
Autora: Profª Anna Thereza Thomé Leão¹
A fumaça do cigarro é composta de nicotina e alcatrão, além de outros compostos químicos cancerígenos que apresentam efeitos deletérios na mucosa da boca. Somado a isto, ocorre uma agressão térmica à mucosa gerada pelo calor da fumaça.
A placa bacteriana junto a um hospedeiro susceptível leva à doença periodontal. Como o tabagista tem a saúde afetada pelos componentes do cigarro, torna-se um hospedeiro susceptível.
Estudos mostram que fumantes apresentam doença periodontal mais grave, além de serem 6 vezes mais propensos a desenvolverem a periodontite que o não fumante. Eles apresentam bolsas periodontais mais profundas, mais recessão gengival causando a exposição das raízes dos dentes e mais perda de osso alveolar. Com todas estas alterações eles têm uma maior prevalência de perdas de dentárias.
Concentrações mais elevadas dos produtos da fumaça do tabaco podem levar a alterações do sistema imune. Causando a diminuição na quimiotaxia e função dos neutrófilos, diminuição na produção de citocinas pró-inflamatórias e dos níveis séricos das imunoglobulinas. Além disso, o tabaco estimula a liberação pelos neutrófilos de substâncias com potencial para destruição tecidual, como por exemplo, enzimas proteolíticas. As bactérias patogênicas que estão associadas à doença periodontal são encontradas em níveis mais elevados nos fumantes, mesmo em um quadro de saúde gengival, deixando-os mais predispostos à periodontite.
A periodontite está muito associada ao hábito de fumar. O tabagista, quando comparado ao não fumante, perde mais dentes durante a doença periodontal do que os não fumantes porque normalmente apresentam a doença em nível mais grave e têm mais recessão gengival.
Além disso, os fumantes respondem pior a diversos tratamentos. Dentre estes podemos citar a terapia de raspagem periodontal , a cirurgia periodontal, procedimentos regenerativos e maior prevalência de insucessos nas terapias de implantes neste grupo. O fumo compromete as funções protetoras de resposta do hospedeiro, prejudicando a função dos neutrófilos e macrófagos e afeta a resposta de algumas imunoglobulinas a bactérias periodontopatogências.
As substâncias do cigarro levam a uma vaso-constricção dos tecidos, reduzindo o fluxo sanguíneo de forma crônica, afetando os tecidos bucais e causando efeitos citotóxicos, alterando a função dos fibroblastos, que atuam na cicatrização dos tecidos.
Os benefícios da cessação do tabagismo têm sido convincentes. Foi demonstrado que o ex-fumante, quando comparado ao fumante, apresenta menor destruição periodontal, menos dentes perdidos e melhor resposta à terapia.
¹Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981) e doutorado em Odontologia Social pelo UniversityCollege London (1993). Atualmente e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Odontologia, com ênfase em periodontia, atuando principalmente nos seguintes temas: determinantes comportamentais, sociais e psicológicos relacionados à periodontia, questionários sobre saúde percebida e qualidade de vida; e medicina periodontal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário