Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

domingo, 5 de maio de 2019

Fumar causa danos à pele


Texto de: Carla Santos¹

Não são apenas os pulmões e o coração que sofrem a cada tragada de um fumante. Fumar é um vício que traz repercussões para diversos órgãos do corpo humano, inclusive para a pele. Um dos efeitos mais incômodos do cigarro para a pele são as rugas no rosto e ao redor dos olhos. A nicotina destrói e atrapalha a produção natural de colágeno e elastina, e assim surgem os sinais de flacidez e as rugas mais profundas, que dão ao rosto uma aparência envelhecida mais rapidamente.

Fumar é um hábito que causa dano oxidativo ao organismo e liberação de radicais livres, moléculas produzidas pelo corpo que reagem com outros componentes e causam envelhecimento da pele, flacidez e manchas. Um único cigarro diminui a oxigenação da pele por cerca de uma hora. O efeito da nicotina sobre a pele é semelhante à exposição solar sem proteção. O cigarro priva a pele de oxigênio e de vários nutrientes, por isso existem algumas partes do corpo que apresentam coloração irregular. E, ainda, os fumantes têm quase cinco vezes o risco de apresentarem rugas em comparação a quem não fuma.

A nicotina deixa os vasos sanguíneos mais contraídos, fazendo com que o sangue com o oxigênio tenha dificuldade de passar por eles. A maior produção de radicais livres inibe a produção de colágeno, proteína importante para hidratar e dar elasticidade à pele. Os efeitos produzidos são o aparecimento de manchas e o ressecamento da pele. A diminuição da capacidade de regeneração da pele é outra consequência da vasoconstrição e do aumento de radicais livres provocados pelo cigarro.

Condição mais comum entre as mulheres, a celulite é um depósito de gordura sob a pele. Suas causas são das mais variadas e incluem fatores hereditários, mas o cigarro aumenta a possibilidade de ela aparecer. Provocada pelo fumo, a piora da circulação sanguínea é a vilã. Quando o sangue não flui da melhor forma possível, prejudica-se a drenagem das toxinas, o que deixa mais viscoso o líquido que fica entre as células, facilitando a formação dos depósitos de gordura.

Tabagismo & cirurgia


O cigarro prejudica também a cicatrização da pele após atos cirúrgicos. O paciente fumante tem o diâmetro dos pequenos vasos reduzido, o que acarreta baixa oxigenação e má distribuição de nutrientes para as células. A pele perde vitalidade e a epitelização fica comprometida, podendo causar até cicatrizes irreversíveis.

Pessoas que fumam até um maço de cigarro por dia têm três vezes mais chances de apresentar necrose da pele. Há ainda risco aumentado de gangrena porque as substâncias tóxicas do cigarro provocam vasoconstrição (diminuição do calibre dos vasos sangüíneos). Durante uma cirurgia, ocorre o descolamento do tecido cutâneo, e consequentemente uma natural diminuição da vascularização. A associação desses dois fatores (cigarro e cirurgia) potencializa os efeitos negativos sobre a pele.

Pacientes que fumam mais de um maço de cigarros por dia, além do risco de necrose e gangrena, também podem apresentar abertura da sutura, quando a pele voltar a enrugar em razão da menor sustentação dos tecidos. Em geral, as feridas cirúrgicas em fumantes possuem uma demora na regeneração tecidual e acabam necessitando de curativos especiais que ajudam na cicatrização.

Há mais de 4 mil substâncias tóxicas no cigarro que influenciam na saúde do seu corpo e da sua pele. Interromper o tabagismo previne o agravamento de novas mudanças na pele.

¹
Enfermeira, mestre em Ciências pela UFRJ, atuando no Laboratório de Pesquisa em Tuberculose/Instituto de Doenças do Tórax desde 2003, Parecerista do Comitê de Ética em Pesquisa/ Hospital Universitário Clementino Fraga Filho desde 2015, desenvolvendo ações de capacitação na Unidade de Telemedicina nas áreas de Telessaúde e EAD desde 2016.

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