Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Proteja seu coração: fique longe do cigarro!




Texto: Sonia Catarina de Abreu Figueiredo (médica pneumologista, professora da Faculdade de medicina UFRJ)

O tabaco é o principal fator de risco evitável para a doença arterial coronariana

Doenças cardiovasculares (DCV) são aquelas que acometem o coração, a circulação pulmonar, as artérias, as veias e os vasos linfáticos, bem como as doenças cerebrovasculares. Dentre as DCV, a doença arterial coronariana (ou doença isquêmica do coração) é uma das principais causas de morte no mundo.

No Brasil, a partir da década de 1970, as DCV passaram a representar, para o país como um todo, o principal grupo de causas de morte em todos os Estados. O tabagismo predispõe o indivíduo a diferentes apresentações da doença aterosclerótica coronária, incluindo angina estável, coronariopatia aguda e morte súbita, sendo complexa e multifatorial a fisiopatologia da interação entre tabagismo e doença coronariana.

Fumar causa uma em cada três mortes por doença isquêmica do coração. Mesmo pessoas que fumam menos do que cinco cigarros por dia podem apresentar sintomas como pressão alta e angina do peito, mas o risco de adoecimento aumenta com o número de cigarros fumados e o tempo de tabagismo.

Tabagismo passivo (ou tabagismo de segunda mão) também causa doença cardiovascular em indivíduos não fumantes. Mais de 33.000 não fumantes morrem por ano nos Estados Unidos da América por doença coronariana atribuída a tabagismo passivo (https://www.cdc.gov/tobacco/data_statistics/sgr/50th-anniversary/pdfs/fs_smoking_CVD_50 8.pdf).

Coração e tabaco

Fumar ou utilizar tabaco, sob qualquer forma de apresentação, é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doença cardíaca. A nicotina presente no cigarro produz no organismo aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca e reduz o aporte de oxigênio para o músculo cardíaco.

Estudos epidemiológicos indicam que homens que fumam 20 cigarros por dia apresentam mais que o dobro de probabilidade de desenvolver hipertensão arterial ao longo de 11 anos. Experimentos em indivíduos fumantes normotensos demonstraram que ocorre elevação aguda de pressão arterial sistólica dois a quatro minutos após o ato de fumar e a pressão arterial permaneceu elevada pelos 15 minutos subsequentes.

As substâncias químicas que compõem o cigarro provocam inflamação na parede dos vasos sanguíneos que levam à formação de coágulos e a estreitamento das artérias e contribuem para a ocorrência de angina e infarto. A nicotina, o monóxido de carbono e os radicais oxidantes componentes do fumo, produzem adicionalmente hipóxia tecidual, ativação plaquetária e hipercoagulabilidade sanguínea.

Mulheres que fumam e usam pílulas anticoncepcionais têm risco maior de desenvolver doença arterial coronariana do que aquelas que não fumam porque a associação de tabaco e anticoncepcionais aumenta o risco de formação de coágulos nas artérias coronarianas.

Nenhuma exposição ao tabaco é isenta de risco

Diminuir o número de cigarros fumados, usar cigarros com baixos teores de nicotina, o chamado “tabagismo social”, que consiste em fumar apenas eventualmente com os amigos, ou mesmo o tabagismo passivo são nocivos à saúde e aumentam o risco de doença cardíaca.

O risco de doença arterial coronariana causada pelo tabagismo reduz pela metade após um ano de cessação. Após 15 anos de abstinência, o risco é similar ao de não fumantes.

A suspensão do tabagismo melhora o prognóstico em longo prazo, tanto na prevenção primária quanto na secundária, inclusive após síndromes isquêmicas miocárdicas instáveis ou revascularização do miocárdio.

Deixe em paz seu coração. Pare de fumar!

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