Pulmão

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"Uma resenha sobre saúde e doença respiratória para divulgar os principais temas da pneumologia ao público em geral."

sexta-feira, 15 de março de 2019

Lesões bucais relacionadas ao tabagismo


Entrevista: Prof. Anna Thereza Thomé Leão¹

O cigarro ocasiona uma inflamação crônica na mucosa da cavidade oral, podendo levar ao aparecimento de lesões. Na boca, uma das doenças mais associadas ao cigarro é o câncer. Considerado a principal causa de morte evitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é responsável pelo desenvolvimento de aproximadamente 50 doenças, incluindo o câncer. A OMS estima que 4,9 milhões pessoas (mais de 10 mil por dia) morrem todos os anos em decorrência do cigarro, que contém cerca de 4.720 substâncias tóxicas, das quais pelo menos 70 são cancerígenas.

É importante que o fumante seja examinado para avaliar a existência de lesões pré-malignas, ou seja leucoplasias, eritroplasias e eritroleucoplasias. São placas brancas, acinzentadas ou vermelhas, que podem sangrar ou não. Podem surgir na língua, na mucosa da bochecha, no soalho da boca ou no lábio. Devem ser avaliadas/acompanhadas por um dentista.

A periodontite está muito associada ao hábito de fumar. O tabagista tem 6 vezes mais chance de apresentar a periodontite. Além disso, quando comparado ao não fumante, ele perde mais dentes durante a doença periodontal do que os não fumantes porque normalmente apresentam a doença em nível mais grave e têm mais recessão gengival.


Além do câncer, da doença periodontal e de maior propensão à perda de dentes, podemos citar também a halitose, pois o produto da combustão das substâncias do tabaco pode gerar um odor desagradável. O tabagista também apresenta dentes escurecidos pela nicotina e gengivas com manchas acastanhadas por uma maior produção de melanina estimulada pelo fumo.

Outra queixa frequente é a xerostomia, que ocorre pela diminuição do fluxo salivar, levando ao desconforto da boca seca e uma maior chance de apresentar cáries, já que a saliva protege nossos dentes. Uma maior tendência a candidíase também pode ocorrer. A alteração do paladar também acontece, principalmente em relação aos alimentos salgados, devido a mudanças funcionais e morfológicas nas papilas gustativas.

O tabagista apresenta menor sangramento gengival no quadro de inflamação da gengiva do que o não tabagista. Este não sangramento muitas vezes pode dificultar o fumante a perceber a doença da gengiva, que normalmente sangra quando está inflamada.

Quando há cessação do tabagismo, o ex-fumante passa a sentir melhor o sabor dos alimentos, além da coloração da gengiva voltar gradativamente ao normal. O fumo leva a uma capacidade diminuída para reparar o tecido. Um maior consumo de cigarros também está associado a uma maior intensidade na manifestação da doença.

Os fumantes devem realizar um autoexame na boca, observando manchas ou feridas que não cicatrizam e dentes amolecidos. Devem controlar a placa bacteriana com uma ótima escovação de dentes e uso de fio dental, pois são mais susceptíveis à doença periodontal. A língua deve ser escovada para remover a saburra e reduzir a halitose.

Fazer visitas periódicas ao dentista para que ele possa avaliar sua saúde bucal e condição periodontal.

¹ Graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981) e doutorado em Odontologia Social pelo University College London (1993). Atualmente e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Odontologia, com ênfase em periodontia, atuando principalmente nos seguintes temas: determinantes comportamentais, sociais e psicológicos relacionados à periodontia, questionários sobre saúde percebida e qualidade de vida; e medicina periodontal.

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